Home office x presencial: debate acirrado entre empresas e trabalhadores

Trabalho presencial na Petrobras: crítica viraliza, debate sobre retorno se populariza nas redes.
sexta-feira, 28 de março de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Nos últimos anos, o debate sobre trabalho remoto e presencial tem se intensificado, especialmente com a retomada das atividades presenciais em diversas empresas. A Petrobras tornou-se um dos focos dessa discussão após anunciar a ampliação do trabalho presencial para três dias semanais, com exceção de pessoas com deficiência (PCDs) e pais de PCDs. A medida gerou críticas de funcionários e sindicatos, que alegam a falta de negociação prévia e impactos negativos na saúde e produtividade dos trabalhadores.

Luciana Frontin, funcionária da Petrobras, viralizou nas redes sociais ao expressar sua preocupação com a obrigatoriedade do aumento dos dias presenciais. Em um vídeo divulgado pelo Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro), ela compartilhou seu relato sobre como a antecipação da obrigatoriedade dos três dias presenciais já estava gerando ansiedade e sintomas físicos, algo que nunca havia sentido em 17 anos de empresa.

“Eu preciso de um ambiente de trabalho que seja compatível com as minhas necessidades para continuar produzindo de maneira saudável. Para isso, preciso manter um pouco de autonomia para gerenciar meu tempo e conseguir priorizar os cuidados com minha saúde e minha família”, afirmou Frontin no vídeo.

A mensagem foi direcionada à Diretoria Executiva da Petrobras, solicitando que qualquer alteração no modelo de trabalho seja discutida previamente com os trabalhadores. “É doloroso para mim me sentir numa posição antagônica com a empresa. Por isso, me coloco à disposição para participar de discussões de forma construtiva. Quero trabalhar de forma conciliatória para encontrarmos soluções que atendam às necessidades tanto da empresa quanto dos funcionários”, declarou.

A repercussão do vídeo aumentou a pressão sobre a Petrobras, levando o departamento de Recursos Humanos a convidar a Federação Única dos Petroleiros (FUP) para uma reunião sobre as mudanças. No entanto, a federação recusou o convite, argumentando que a iniciativa servia apenas para “desmobilizar” os trabalhadores, sem a real intenção de negociar.

A insatisfação com as decisões da Petrobras resultou em uma greve de 24 horas, organizada pelos trabalhadores, em protesto contra a redução de bônus e o aumento do trabalho presencial. Apesar de a adesão ter sido parcial, com manifestações ocorrendo na sede da empresa no Rio de Janeiro, a produção não foi afetada. O movimento tinha como principal objetivo reforçar a luta pela manutenção do modelo híbrido e pela continuidade da remuneração variável.

“O erro está na comunicação”

A polêmica não se restringe à Petrobras. Grandes empresas como Amazon e Dell também enfrentaram resistência ao impor o retorno ao escritório. Algumas adotaram medidas mais drásticas, como a restrição de promoções para quem trabalha remotamente. Segundo Angélica Madalosso, especialista em employer branding e CEO da ILoveMyJob, o problema não está no modelo de trabalho em si, mas na forma como as mudanças são implementadas.

“Voltar ao presencial não é um erro. O que desgasta a relação com os times é quando a mudança acontece sem escuta, sem explicação e sem coerência com os valores que a empresa afirma defender”, explica Madalosso. Ela destaca que, em tempos de redes sociais e sites como Glassdoor, a reputação das empresas é diretamente afetada pela maneira como tratam seus funcionários. 

Evitar conflitos na transição 

Para garantir que a transição para o modelo presencial ocorra sem desgastes, Madalosso sugere quatro caminhos:

  1. Escute antes de agir: promova uma escuta ativa com os funcionários antes de tomar decisões. Compreender diferentes perspectivas reduz resistências.

  2. Explique com clareza o motivo da decisão: transparência é essencial para manter a confiança da equipe.

  3. Mantenha coerência entre discurso e prática: se a empresa prega flexibilidade, precisa entregar essa promessa.

  4. Cuide da narrativa interna e externa: o que acontece dentro da empresa impacta sua reputação no mercado.

A tendência de retorno ao presencial deve continuar em diversas organizações, mas a forma como essa transição será conduzida determinará o impacto na satisfação dos funcionários e na imagem das empresas. A Petrobras e outras corporações que enfrentam resistência precisam encontrar um equilíbrio entre suas necessidades operacionais e as expectativas de seus trabalhadores. Caso contrário, podem perder não só talentos, mas também sua credibilidade no mercado de trabalho.

 

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