Hábitos típicos do inverno friburguense são um perigo para o coração

Frio, alta ingestão de álcool e choques térmicos agravam doenças cardiovasculares e aumentam incidência de infartos e AVC, alerta médico
sexta-feira, 15 de julho de 2022
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Gelo pela manhã em piscina no Caledônia (Foto: Paulo Braga Junior)
Gelo pela manhã em piscina no Caledônia (Foto: Paulo Braga Junior)

Aquelas várias garrafas de vinho, harmonizadas com comidas calóricas, o calor de uma fogueira e muito, muito sereno - a ponto de gelar o nariz. Uma cena comum no inverno friburguense pode representar um grande perigo para o coração, sobretudo em pessoas predispostas a doenças coronarianas. 

O inverno é conhecido como uma estação que agrava as doenças respiratórias. Mas doenças cardiovasculares também aumentam na época do frio. Segundo o Ministério da Saúde, dados do Instituto Nacional de Cardiologia indicam que as chances de infarto podem crescer até 30% quando os termômetros baixam de 14 graus - temperatura média dos últimos dias em Nova Friburgo. Ainda segundo o ministério, pacientes idosos e cardiopatas são os mais vulneráveis. Ocorrências de AVC também aumentam até 20%. Em 2021, houve aumento no registro de casos de doenças do coração entre os meses de junho e setembro, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS).

Para aprofundar o assunto, entrevistamos o cardiologista Gustavo Borges Barbirato, especialista também em medicina nuclear e imagem molecular. Niteroiense de 46 anos, filho de friburguenses e pai de dois filhos, ele voltou há três anos a morar na cidade, onde coordena hoje os serviços de cardiologia clínica dos hospitais  São Lucas e da Unimed, além do serviço de Medicina Nuclear da Exâmina. 

AVS: É verdade que o clima frio do inverno piora doenças cardiovasculares como infarto e AVC? Por que isso ocorre? 

Gustavo Barbirato: Sim, o frio causa vasoconstrição da circulação periférica, aumentando a pressão através da contratilidade do coração, sendo possível, dessa forma, levar o indíviduo a sofrer um evento cardiovascular ou mesmo um AVC. Em baixas temperaturas também ocorre mais facilmente a coagulação sanguínea. A temperatura e as síndromes coronarianas de forma geral têm uma relação gráfica de uma curva em U, onde os extremos de temperatura são desfavoráveis.

Tem um caso, ou exemplo, para citar?

Na Finlândia por exemplo, durante o inverno, a mortalidade por infarto agudo do miocárdio é de aproximadamente 6% de todas as causas de mortes. 

Quais condições torna uma pessoa mais predisposta  a desenvolver esse tipo de doença com o frio?

Pessoas que possuem doença coronariana sabidamente, história de infarto, angioplastias, cirurgia de revascularização miocárdica, presença de múltiplos fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, elevação de colesterol/triglicerídeos, tabagistas etc. Além da ingestão excessiva de álcool.

Você tocou em um ponto importante. O álcool, culturalmente, faz parte de hábitos típicos do nosso inverno, como maior consumo de vinho, destilados  e comidas calóricas, mudanças súbitas de temperaturas como exposição ao calor de lareiras, fogueiras e ao sereno…. 

É importante que as pessoas estejam atentas ao comportamento para não sofrer com condições de tamanha gravidade. O choque térmico, por exemplo, pode desencadear ou agravar um quadro de síndrome coronariana aguda. 

Então fazer sauna é contra-indicado?

A sauna não é por si só um problema e não é proibida. Pelo contrário, as evidências sugerem que o hábito de fazer sauna tem um papel protetor, reduzindo a pressão arterial. O problema é o excesso, o choque térmico e a sauna em conjunto com outros hábitos como alimentos calóricos e álcool em excesso. Nesse contexto, não podemos culpar a sauna. Alguns pacientes utilizam vários medicamentos de ação hipertensiva e vasodilatadora, devendo ser mais cautelosos em relação à sauna.

Em resumo, quais cuidados devem ser tomados no inverno para proteger o coração?

Basicamente, evitar a exposição prolongada ao frio. Quando necessário, agasalhar-se adequadamente, evitar a realização de esforços extenuantes em baixas temperaturas, reduzir a ingestão de álcool, tomar as vacinas contra gripe etc.  Isso porque as infecções respiratórias são comuns nesta época do ano e também podem contribuir para a descompensação de doenças cardiovasculares. Controlar os fatores de risco, mantendo contato com o cardiologista para possíveis ajustes nos medicamentos.

 

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TAGS: saúde