Friburgo pode direcionar produção têxtil para fabricação de máscaras domésticas

Ideia partiu de empresário do ramo de tecidos e já conta com o apoio de inúmeras confecções do município
quinta-feira, 26 de março de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
André Montechiari  já está desenvolvendo um meio de confeccionar máscaras a partir de bojos (Arquivo pessoal)
André Montechiari já está desenvolvendo um meio de confeccionar máscaras a partir de bojos (Arquivo pessoal)

Reconhecida nacionalmente por seu polo de moda íntima, Nova Friburgo pode encontrar uma saída para a crise decorrente das ações de prevenção ao novo coronavírus, justamente nas confecções. A iniciativa partiu de uma empresa do ramo de tecidos e já conta com o apoio de inúmeras confecções do município. A ideia é transformar a cidade, mesmo que momentaneamente, num polo econômico com a fabricação de equipamentos de proteção individual (EPI) hospitalares e para uso doméstico.

A VOZ DA SERRA conversou o empresário Andre Montechiari, proprietário de uma fábrica de tecidos que revende para centenas de confecções de Nova Friburgo - e um dos idealizadores do projeto -, que explicou a proposta:

“Toda crise gera oportunidades. Então, se a gente já fabrica lingerie, porque não transformar Nova Friburgo num polo econômico deste tipo de produtos (EPIs hospitalares)? No início, as pessoas confundiram com as máscaras cirúrgicas, mas não é isso. O próprio Ministério da Saúde já defende a utilização das máscaras domésticas como um bloqueio físico eficaz. Porque ela não impede de pegarmos o vírus, mas sim de passarmos ele adiante”, esclareceu o empresário, que completou: “O que estou propondo é que a gente monte um grupo para pensar soluções. Quando voltarmos a trabalhar, não teremos pedidos para entregar porque todo mundo paralisou suas atividades. Por isso sugeri que a Firjan, ao Sebrae e a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia que a gente se torne fabricantes de EPIs hospitalares. Nova Friburgo está preparada para produzir milhões de máscaras por mês. Seria uma oportunidade em meio a essa crise para o polo se reinventar, mesmo que provisoriamente, com a confecção de máscaras”, projetou Montechiari.

O empresário disse ainda que irá se reunir (remotamente, devido ao isolamento social) com representantes das secretarias municipais de Saúde e Ciência e Tecnologia, além do Centro de Formação paraa Indústria do Vestuário (Cevest), Sindicato das Indústrias do Vestuário (Sindvest) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) para discutir a viabilidade do projeto, que pretende capacitar as principais confecções da cidade para a fabricação de EPI hospitalar (máscara, avental, lençol, touca) e as de menor porte para a confecção das máscaras domésticas.

Além disso, Andre Montechiari conta que já está desenvolvendo um meio de confeccionar máscaras a partir de bojos. Profissionais da Uerj e da PUC-Rio já estão fazendo os estudos necessários para atestar a viabilidade do projeto.

Projeto surgiu através de outra ideia

No entanto, a ideia inicial era um pouco diferente. O empresário fez uma campanha nas redes sociais oferecendo a doação de tecidos e elásticos, de modo a dar o pontapé inicial ao projeto de confeccionar cerca de 200 mil máscaras para doação na cidade, já que o item se encontra em falta em todo o país. Em troca, as confecções ofereceriam a mão de obra.

“De um projeto que tinha o cunho social de doar máscaras domésticas, surgiu essa ideia de remodelarmos o polo de moda íntima de Nova Friburgo, partindo para uma solução nesse momento de crise, que é botar todo mundo para trabalhar”, disse Andre.

O que já foi produzido será doado inicialmente às instituições de caridade do município, como o Laje e a Casa dos Pobres São Vicente de Paula, por exemplo, além dos profissionais que continuam trabalhando e estão mais expostos nesse momento a um possível contágio do novo coronavírus.

Ministério da Saúde já recomenda uso de máscaras domésticas

A fala de Andre vai ao encontro do que disse o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, em entrevista coletiva concedida recentemente: “Médicos, enfermeiros e pessoas que trabalham em hospitais devem continuar utilizando as máscaras que são registradas na Anvisa e que tem um padrão de fabricação que lhes garante a qualidade. Mas estamos falando de uma barreira física. As pessoas que estão sintomáticas, se forem usar o transporte coletivo ou ir ao supermercado, por exemplo, para evitar que as gotículas se transmitam com mais facilidade, podem usar uma barreira física. Essa barreira física muitas vezes fazemos com o braço, então pode ser feita também com máscaras feitas com tecido. Já há várias alternativas que estão sendo sugeridas e todas elas funcionam como barreiras físicas. Como consequência, essas máscaras podem ser utilizadas nessas condições. E podem ser lavadas também. Não serão esterilizadas, mas uma barreira física pode reduzir a possibilidade da transmissão do vírus”, afirmou João Gabbardo.

Prefeitura não recomenda uso de máscaras domésticas

Diferente do que já orienta o Ministério da Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde não recomenda a fabricação e o uso das máscaras domésticas. Uma nota oficial emitida pela Prefeitura de Nova Friburgo na noite da última terça-feira, 24, diz que “baseado nas orientações das Resoluções da Diretoria Colegiada da Anvisa - RCA 356 - a fabricação de máscaras de saúde, assim como outros equipamentos de proteção, devem seguir diversas normas técnicas. Ressalta ainda que o fabricante ou importador é responsável por garantir a qualidade, a segurança e a eficácia dos produtos fabricados em conformidade com o regulamento, podendo, inclusive, sofrer medidas judiciais posteriormente pelos órgãos competentes”, observou. 

 

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