Praticar exercícios só faz bem. E, a cada estudo, a comprovação de sua importância alcança novos patamares. Segundo uma estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), até 12% das cerca das 66 mil mulheres que devem, neste ano, receber diagnóstico positivo para o câncer de mama podem sobreviver à doença se forem praticantes de atividades físicas. Os dados são de uma pesquisa publicada pela revista científica interdisciplinar britânica Nature. A pesquisa mostra a importância dos exercícios como aliados na prevenção e combate à enfermidade.
De acordo com o estudo, a razão está na produção de hormônios femininos, como estrogênio, que estimula a produção das células nas mamas. Se uma delas estiver doente e a produção de estrogênio estiver desregulada, o resultado pode ser o desenvolvimento do câncer. Por outro lado, quando a paciente pratica a atividade física, os níveis são controlados, reduzindo os riscos.
No estudo foram utilizadas as bases de dados do Global Burden of Disease Study para o Brasil, estados brasileiros e outras partes do mundo. A inatividade física contribuiu para um número substancial de mortes (1990: 875 e 2015: 2.075) devido ao câncer de mama no Brasil. A inatividade física foi responsável por mais mortes devido ao câncer de mama do que outros fatores de risco modificáveis (5%).
Os estados brasileiros com melhores indicadores socioeconômicos apresentaram maiores taxas padronizadas por idade de mortalidade e morbidade por câncer de mama atribuídas à inatividade física. De 1990 a 2015, a mortalidade por câncer de mama atribuível à inatividade física aumentou no Brasil e diminuiu em todo o mundo.
“O câncer de mama é, infelizmente, uma das doenças que mais mata mulheres atualmente. Apesar dos tratamentos eficazes, é sabido que a taxa de mortalidade ainda é elevada, e, por esta razão, a prática de atividade física se torna ainda mais fundamental”, comenta o personal trainer, educador físico e coach, Tauan Gomes.
O câncer de mama é uma doença mais comum na população feminina e, em 2017, era a principal causa de morte entre mulheres em todo o mundo. A doença também foi responsável por substanciais anos de vida perdidos em todo o mundo, tornando-se um tipo de câncer que, além de alta mortalidade, também é responsável pela morbidade precoce. Essa neoplasia tem etiologia multifatorial que inclui fatores genéticos e modificáveis de estilo de vida.
Dentre os fatores de estilo de vida, sedentarismo, obesidade, alimentação inadequada e uso excessivo de álcool destacam-se como fatores de risco modificáveis que, se evitados, podem auxiliar na prevenção e no manejo do câncer de mama. Não se sabe se os estudos investigaram o ônus da mortalidade por câncer de mama devido a todos esses fatores de risco modificáveis na mesma população.
A atividade física parece reduzir o risco de câncer de mama por meio de uma série de mecanismos, incluindo a redução da gordura corporal, que por sua vez reduz as concentrações de estrogênio e insulina. De fato, esses hormônios têm efeitos mitogênicos nas células mamárias. Da mesma forma, a leptina liberada do tecido adiposo, que tem sido associada ao câncer de mama na pós-menopausa, diminui significativamente após a atividade aeróbia.
Portanto, a atividade física pode ter efeitos positivos na redução da incidência do câncer de mama, modificando a função endócrina e melhorando o sistema imunológico. Um agregado de 35 estudos relatou uma redução de 14% no risco de câncer de mama em indivíduos fisicamente ativos. Existem efeitos adversos curtos e persistentes, até mesmo tóxicos, do tratamento que podem ser prevenidos, atenuados, tratados ou reabilitados por meio da atividade física regular.
Pacientes que se exercitaram durante o tratamento do câncer, não só foram capazes de tolerar as prescrições de exercícios, mas também apresentaram uma tendência mais favorável para o alívio dos decréscimos na capacidade funcional, níveis de fadiga e depressão em comparação com pacientes que não fizeram exercícios. Além disso, nenhum evento adverso foi relatado.
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