Empresários alertam: restrições podem afetar economia e não reduzir contágio

Frente faz reunião online com Johnny Maycon para pedir ajustes e rigor na fiscalização de máscaras, aglomerações e outros setores
quinta-feira, 21 de janeiro de 2021
por Jornal A Voz da Serra
A reunião virtual entre  a Frente Empresarial e de Classe de Nova Friburgo (FEC-NF) e o prefeito (reprodução da web)
A reunião virtual entre a Frente Empresarial e de Classe de Nova Friburgo (FEC-NF) e o prefeito (reprodução da web)

Em reunião online com o prefeito Johnny Maycon na tarde desta quarta-feira, a Frente Empresarial e de Classe de Nova Friburgo (FEC-NF) expôs a preocupação com o recente decreto municipal endurecendo as regras de flexibilização na cidade. Os empresários, que se consideram injustiçados,  alertaram o prefeito de que as novas regras podem prejudicar ainda mais a economia e, na prática, não reduzir a curva de contágio.

Segundo os empresários, a  reunião teve o intuito de promover o diálogo entre o meio empresarial e o poder público municipal e encontrar medidas que possam ser tomadas em conjunto para o desenvolvimento do município e a atenuação dos impactos causados pela pandemia.

Participaram do encontro virtual Júlio Cordeiro, presidente da Acianf;  Bráulio Rezende, presidente da CDL e do Sincomércio; Flávio Stern, vice-presidente de Finanças da Acianf  e representante do Pólo Gastronômico de Friburgo; Lianna Bucsky, vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e similares de Nova Friburgo; Edson de Almeida, presidente do Nova Friburgo Convention & Visitors Bureau; Fany Zissu, presidente da Associação dos Lojistas do Cadima Shopping (Alcas); Márcia Carestiato, presidente do Conselho Empresarial da Firjan; Alexandre Valença, presidente da 9ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ); Rafael Spinelli Parrilla, consultor da FEC-NF e da Acianf;   Renata Medeiros, coordenadora Firjan Centro Norte Fluminense; Rodrigo Melo, presidente da Associação do Comércio e da Indústria de São Pedro da Serra (Acisps); Roosevelt Concy, diretor-executivo da Acianf, Francisco Matela, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Estado do Rio de Janeiro (Sinepe-RJ); Bruno Mayer, representante do Conselho Empresarial da Firjan; e o prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon.

Bráulio Rezende e Júlio Cordeiro iniciaram a reunião expondo as ações que vêm sendo realizadas pela FEC-NF durante a pandemia da Covid-19 em Nova Friburgo, bem como a preocupação com as novas regras para o bandeiramento na cidade, o que pode não trazer a diminuição da curva de contágio, e ainda trazer reflexos negativos à economia local.

A classe empresarial enfatizou todo o aprendizado de algo desconhecido no decorrer do ano de 2020, com adaptações severas na rotina e adoção de protocolos de biossegurança.

“Fomos aprendendo e construindo esse regramento junto à prefeitura, junto às lideranças de cidades vizinhas e junto às autoridades de saúde. Defendemos a vida em primeiro lugar. Isso não está em discussão. O comércio está seguindo todas as medidas de prevenção sanitárias, os shoppings da cidade são exemplo de adequação”, disse Bráulio Rezende.

Indústrias não são responsáveis pelo aumento do contágio

As indústrias do município, que já foram penalizadas com a paralisação de suas atividades por mais de 90 dias no ano de 2020, foram representadas pela Firjan Centro-Norte Fluminense. A entidade reforçou que não há correlação entre a atividade industrial e a proliferação da contaminação pela Covid-19, tendo em vista a divulgação pela Firjan Sesi que, no período de abril de 2020 a janeiro de 2021, foram testados 4.901 colaboradores da indústria, apresentando 148 testes positivos para o Covid–19, o que representa 3% da mão de obra industrial. Também foi ressaltado que as indústrias são orientadas e capacitadas para a prevenção e gestão do risco de contágio pelo Coronavírus no ambiente do trabalho conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde e dos Ministérios da Saúde, a fim de resguardar a saúde da população e permitir que as empresas atravessem o momento de crise através da geração de emprego e renda no município.

O manual de boas práticas para o enfrentamento da Covid-19 que vem sendo seguido pelos meios de hospedagem e alimentação  também foi citado na reunião. As orientações do documento, elaborado pelo Conselho Municipal de Turismo, em parceria com secretarias municipais e organizações de saúde, têm por finalidade contribuir para tomada de consciência e adoção de atitudes sanitárias no combate à Covid-19 pelo setor do turismo.

“O setor já vem tendo muitas dificuldades. No período inicial da pandemia, nos adaptamos. E agora fomos pegos de surpresa. Com estoque acumulado, contas a pagar e submetidos a fechar mais uma vez. Somente o delivery não sustenta a empresa. Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance”, defendeu Flávio Stern.

Lianna Bucsky, representando também o segmento turístico, falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor:. “Somente com o auxílio do governo federal, com redução da carga horária e salários, conseguimos manter os estabelecimentos abertos. Já perdemos muito. Não temos mais como perder. Pedimos atenção à classe”.

Momento atual reflete as festas de fim de ano

A classe empresarial defendeu, com base no que vem sendo observado pelas autoridades de saúde, que o momento atual é um reflexo de festividades de fim de ano e relembrou que a reabertura do comércio não resultou no aumento de casos.

“A vida econômica, baseada cientificamente, não trouxe aumento de casos. Nossa proposta é trazer uma solução de forma abrangente. Viemos ao encontro de uma interlocução para que possamos estabelecer o diálogo”, pontuou Alexandre Valença, da OAB.

Na oportunidade, Alexandre Valença citou alguns pleitos dos empresários ao governo municipal, que será entregue em documento oficial ainda na quinta-feira, 21,  sendo os principais a ampliação de números de leitos destinados ao tratamento da Covid-19 e requisição de leitos em hospitais privados.

Enquanto a economia de Nova Friburgo sofre com medidas de restrição que golpeiam fortemente a economia e empregos, o Hospital Municipal Raul Sertã, através da regulação do sistema de saúde pública, recebe pacientes de diversas cidades vizinhas sem restrições severas à atividade econômica, observaram.

Outros pontos importantes citados na reunião foram a importância da abertura do comércio aos sábados, quando trabalhadores conseguem realizar suas compras e assim fortalecer a economia local; a perda na arrecadação de impostos, já que  a rede hoteleira, de restaurantes e o comércio são responsáveis pelo maior recolhimento de ISS do município; o fato de que muitas empresas estão vivas devido a empréstimos realizados no ano anterior e que os prazos para início do pagamento se inicia agora, no início de 2021.

Prefeito aberto ao diálogo e admite fazer ajustes

O prefeito Johnny Maycon ouviu atentamente as requisições e se mostrou aberto ao diálogo. Agradeceu a dedicação e empenho das classes que se mobilizam em benefício da cidade e comentou  que a tomada de decisões não está sendo um processo fácil. Afirmou que o decreto não é algo permanente e que a intenção é que o cenário seja avaliado para que, se necessário, possa realizar as devidas alterações para os próximos dias ou semanas.

O prefeito disse também que o processo de ampliação de leitos já está bem avançado para a aquisição de dez leitos de CTI, assim como a reconfiguração da equipe técnica e a ampliação de leitos de enfermaria, e que já está pensando em alternativas para os segmentos mais afetados.

O que se espera, segundo ele, é maior fiscalização das regras, pois entende-se que a tendência, principalmente no alto verão, é que a população busque meios de lazer e assim, maior aglomeração e contaminação.

Os representantes da FEC-NF se disseram  satisfeitos com o diálogo e se colocaram à disposição da prefeitura para ajudar no que for necessário. Os empresários sinalizaram ser  fundamental, porém, que as ações propostas, como a requisição de leitos privados, rigor na fiscalização das medidas restritivas do decreto e principalmente a cobrança no uso de máscaras, sejam tomadas imediatamente, a fim de sanar o iminente risco de demissões em massa e até mesmo o encerramento das atividades por muitas empresas da cidade.

 

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