"É a 1ª vez na história que teremos uma pessoa do Executivo dentro do Estado"

Em entrevista, vice-prefeito Serginho explica o cargo que poderá assumir com mudança na Lei Orgânica
sexta-feira, 29 de abril de 2022
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
O vice-prefeito Serginho (Foto: Christiane Coelho)
O vice-prefeito Serginho (Foto: Christiane Coelho)

A polêmica que tomou conta da cidade essa semana foi a modificação da Lei Orgânica Municipal, no artigo em que impede que o prefeito e o vice-prefeito se licenciem para assumir cargos nos governos estadual e federal. Hoje, sem a modificação, ambos teriam que renunciar. Na última  quinta-feira, 28, o pedido de alteração na lei foi votado na Câmara de Vereadores, numa sessão com muitas discussões e discursos calorosos da oposição e situação: os que defendem e os que acham ser um pedido em benefício pessoal do vice-prefeito, Serginho.

A primeira votação teve resultado de 15 a 5, favorável a que o vice- prefeito possa se licenciar para assumir cargos nas esferas estadual e federal. Falta agora a segunda votação na Câmara. A VOZ DA SERRA conversou nesta sexta-feira, 29, com o vice-prefeito Serginho, que já recebeu um convite para assumir um cargo no Governo do Estado do Rio de Janeiro.

AVS: Qual o cargo que o senhor vai assumir no Governo do Estado do Rio de Janeiro, caso a modificação na Lei Orgânica municipal seja aprovada em segunda votação?

SERGINHO: Serei superintendente da Subsecretaria de Projetos Especiais, que cuida de obras do Estado nessa região.

Como vai ser o trabalho?

Vou acompanhar todas as obras do Governo do Estado na região, seja de uma praça ou de um hospital. Monitorar se está sendo cumprido cronograma, número de trabalhadores constantes no contrato, material etc. Fora isso, há ainda o relacionamento dentro da Secretaria de Obras. E, a gente tendo projetos, vai entregar na mão do secretário. Eu não sou técnico, não sou engenheiro ou arquiteto. O que tem que se ver é que eu não estarei lá pra medir muro, vou ser superintendente. Vou tomar conta das obras e passar relatórios para o secretário de obras, mostrando se o contrato está sendo cumprido ou não.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara acrescentou duas emendas ao pedido de modificação da Lei Orgânica. Uma delas é que o vice que ocupar cargo nos governo estadual ou federal tem que morar em Nova Friburgo. O senhor pretende continuar morando aqui?

Sim.  Eu terei um escritório aqui em Nova Friburgo e continuarei a tomar café com o prefeito Johnny Maycon todos os dias. Também levarei demandas de outras secretarias municipais para o Governo do Estado. É a primeira vez na história de Nova Friburgo que teremos uma pessoa do Executivo municipal dentro do Governo do Estado. Isso é de uma importância muito grande. O cargo é para a Região Serrana e Nova Friburgo é protagonista, com volume maior de obras. Também estarei responsável por obras em Teresópolis, Sumidouro, Carmo, Bom Jardim, Cantagalo, Cordeiro, Duas Barras, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto e Trajano de Morais.

O senhor acha que Nova Friburgo terá vantagens com sua ida para o Governo do Estado?

Primeiro, estou abrindo mão do meu salário de vice-prefeito. A Prefeitura de Nova Friburgo não terá ônus. E já dizia o velho ditado: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Eu estou vice-prefeito de Nova Friburgo. Vou me licenciar desse cargo, mas vou continuar com o mandato até 2024, junto com Johnny Maycon. Isso é temporário, vai até 31 de dezembro. Se caso , gostarem do meu trabalho, pode ser que eu fique mais tempo, porém, vou estar sempre direcionado para cá, e nunca esquecendo que toda a região precisa estar forte.

Na sessão da última quinta-feira, alguns vereadores alegaram que é o cargo oferecido ao senhor é de pouca importância no Governo do Estado. O que tem a dizer sobre isso.

Inclusive alguns vereadores chamaram de carguinho e outros de sub do sub. Infelizmente, as pessoas quando não têm e querem ter, desmerecem quem consegue. Tem um ditado que diz: “Quem desdenha quer comprar”. Nós tivemos cinco votos contrários. As pessoas que votaram contrário, geralmente, são pessoas que sempre votam contra nossos projetos, já se tornaram oposição. A gente tem que tirar o chapéu para os outros 15 vereadores que entenderam a importância do cargo oferecido para mim e  votaram a favor. Eles esperam, e muito, que essas obras saiam. Entenderam que a partir do momento em que você fiscaliza, vai acompanhando, é muito mais fácil dar certo do que antigamente, quando começavam as obras e não se dava sequência. Quero dar os parabéns aos 15 vereadores, que pensaram no coletivo, pensaram no bem da cidade. Enquanto aqui, chamam de carguinho, quando chego em outras cidades, as pessoas me saúdam por ter sido convidado a assumir esse cargo. É de relevância imensa tanto que pessoas de outras prefeituras gostariam de estar lá. O salário de superintendente é de R$ 12 mil e o valor líquido é de R$ 9 mil. E aqui na prefeitura eu recebo líquido R$ 7 mil. Alguns vereadores que votaram contra serão candidatos a deputado nas próximas eleições de outubro e terão que se licenciar, caso ganhem. Eles vão se beneficiar da modificação da lei que favoreceu Sérgio Louback.  

Quais obras já licitadas o senhor vai acompanhar?

Nós temos aqui um volume maior, porque fizemos o dever de casa. Cito aqui a drenagem da Rua Farinha Filho, uma obra que é esperada por décadas. Há quantos anos vemos fotos da Farinha Filho alagada? Outra obra importantíssima é a drenagem da Rua Minas Gerais, que vai ser recapeada também, além da construção do muro de contenção no Lazareto. E, a tão sonhada obra do Hospital do Câncer, cuja licitação está marcada para esta segunda-feira, 2.

Qual a verba que o Governo do Estado dispõe para as obras nos municípios?

O Governo do Estado tem R$ 22 bilhões em caixa provenientes da venda da Cedae. Nas conversas que tive com o governador Cláudio Castro, ele prometeu que o recurso da venda da Cedae seria investido em obras de infra estrutura, que fossem impactar de maneira positiva nas 92 cidades fluminenses.

Além dos projetos já licitados e do Hospital do Câncer, que já tem data para a licitação, há outros projetos que podem ser desenvolvidos com o Governo do Estado?

Nós queremos entrar para história de Nova Friburgo. As duas últimas grandes obras feitas foram o viaduto e a Via Expressa, depois disso não tivemos mais nada. Nós queremos deixar o legado que Heródoto e Paulo Azevedo deixaram. Nós queremos chegar no final do nosso ciclo com grandes obras para Nova Friburgo. Temos 12 projetos já na fila, entre eles, o Complexo Terra Nova, com uma unidade básica de saúde, uma escola técnica profissionalizante e uma quadra poliesportiva. Temos o projeto do Terreirão, que é em Varginha, nas ruas Maria de Lourdes Knup, Waldir Ramalhete Lemos e Rua do Condor. O projeto Asfalto Presente, com 90 quilômetros de asfaltamento e estradas vicinais. Temos ainda a reforma da praça de São Geraldo, que será transformada em um parque municipal, além da canalização de águas no local e o projeto do Hospital de Clínicas de Nova Friburgo, que terá atendimento diário deixando o Raul Sertã para cirurgias de alta complexidade. Outro projeto é o do Centro Tecnológico, em Córrego Dantas, uma obra de R$ 20 milhões, construção de muros de contenção na Avenida dos Ferroviários e em Jardinlândia; revitalização da Avenida Alberto Braune, com padronização das calçadas, reforma da pista e fiação subterrânea; recuperação de Olaria, orçada em R$ 2 milhões e a revitalização de Conselheiro Paulino, com a drenagem da área do Tio Dongo, sem contar a construção da Cidade do Samba, com barracões onde poderão ser feitos os carros alegóricos, em um lugar plano e de fácil locomoção para os desfiles, como o do Rio de Janeiro. Pretendemos ainda construir o Parque de Exposições, onde poderão ser feitos eventos e shows.

Por que o senhor acha que se criou toda essa polêmica em relação a uma possível ida sua para o Governo do Estado?

Se eu perguntar a qualquer friburguense os nomes de cinco ex vice-prefeitos, com certeza muito não saberão, outros levarão bastante tempo para responder. Felizmente eu e o Johnny Maycon nos comprometemos em ter dois prefeitos aqui na cidade. No começo, riam. E a partir do momento em que comecei a mostrar o meu trabalho, o meu potencial em estar com o prefeito administrando a cidade, as pessoas começaram a ver que Nova Friburgo realmente tem dois prefeitos. Por eu ter essa relevância, as pessoas estão fazendo essa questão de eu não ir. As pessoas, possivelmente, ficam com medo que eu abandone Nova Friburgo. Mas é exatamente o contrário, vou trabalhar para que a cidade seja cada vez mais forte.

E quando chegar o final do prazo de sua atuação no Estado em 31 de dezembro?

A gente sempre fala que o futuro a Deus pertence. Eu tenho compromisso com o Johnny, aqui em Nova Friburgo, até 2024 e nós temos um compromisso de trabalharmos juntos para uma futura reeleição. Nós somos Nova Friburgo. Vou trabalhar na região, mas sempre visando o melhor para essa cidade. O que vai aumentar para mim são as minhas obrigações, mas respiraremos Nova Friburgo o tempo todo.

 

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TAGS: Governo