O Ministério da Saúde prorrogou a vacinação contra o sarampo, da população de 20 a 49 anos, que terminaria nesta segunda-feira, 31, para até 31 de outubro, em todo o país. Segundo dados das secretarias estaduais de saúde, registrados no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, até o último dia 17, foram vacinadas 5,29 milhões de pessoas nessa faixa-etária.
A meta é chegar a mais de 90 milhões de pessoas vacinadas no país. No entanto, com a pandemia do coronavírus, muita gente tem evitado ir às unidades de saúde e a vacinação está abaixo da meta, situação observada também em Nova Friburgo.
Surto no Brasil
A Organização Pan-Americana de Saúde alertou para um novo surto de sarampo no Brasil, já que o país contabiliza mais de sete mil casos confirmados da doença neste ano. Além destes casos confirmados, ainda existem outros mil em investigação.
Segundo o boletim epidemiológico deste mês, divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil permanece com surto de sarampo nas cinco regiões. A Região Norte apresenta cinco (71,4%) estados com surto, a Região Nordeste seis (66,7%), a Região Sudeste três (75,0%), a Região Sul três (100%), e a Região Centro- -Oeste quatro estados (100%).
No Brasil, entre as semanas epidemiológicas 1 a 30 deste ano (29 de dezembro de 2019 a 25 de julho de 2020), foram notificados 14.804 casos de sarampo, confirmados 7.293 (49,3%), descartados 6.584 (44,5%) e estão em investigação 927 (6,2%).
Os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Pará concentram o maior número de casos confirmados de sarampo, totalizando 7.091 (98,3%) casos. Os óbitos por sarampo ocorreram nos estados do Pará, três mortes (60%), Rio de Janeiro, uma (20%) e São Paulo, uma (20%).
Diante da atual situação, o Ministério da Saúde tem desenvolvido ações em conjunto com os estados com o objetivo de interromper a circulação do vírus do sarampo. Encontra-se em processo de elaboração o “Plano de Ação para Interrupção da Circulação do Vírus do Sarampo no Brasil, 2020”, que tem como objetivo elencar as atividades fundamentais e necessárias aos três entes federativos, envolvendo vigilância, imunização, laboratório e assistência, para que se possa alcançar a eliminação do sarampo no país.
Baixa procura durante a pandemia
Segundo uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), as crianças estão deixando de ser vacinadas durante a pandemia de coronavírus, de acordo com a avaliação de 73% dos pediatras. Ao todo, foram ouvidos por um formulário on-line 1.525 médicos de todos os estados brasileiros.
De acordo com a pesquisa, 70% dos médicos dizem que as famílias têm medo de se contaminar ou infectar as crianças com o coronavírus em consultas presenciais. Nesse sentido, 82% dos médicos relataram um aumento dos atendimentos por telefone, aplicativos de mensagem e outras formas de comunicação à distância.
A infectologista Patrícia Lima Hottz, que também é mestre em doenças infecciosas e parasitárias pela UFRJ, explica que “a vacinação em tempos de pandemia pode ser feita de forma segura. Algumas unidades de saúde estão disponibilizando a vacinação dentro dos carros, no sistema drive thru, com horários agendados para evitar aglomeração ou em ambientes ao ar livre com organização de filas garantindo a distância segura entre as pessoas. Lembrando que todos os responsáveis também devem usar máscaras de proteção facial e levar álcool gel para higiene das mãos”, relata.
Ela ainda complementa que “as vacinas do calendário infantil devem ser mantidas, pois a médio e longo prazo as consequências do atraso vacinal podem ser muito graves. A interrupção da vacinação, especialmente em crianças menores de 5 anos, gestantes e outros grupos de risco pode levar ao aumento dos casos de doenças preveníveis, além do ressurgimento daquelas já eliminadas ou controladas”, observa a médica, de Nova Friburgo.
A doença
A infectologista Patrícia explica ainda que o sarampo é “uma doença viral altamente contagiosa através de gotículas respiratórias. Os principais sintomas iniciais são febre, tosse, coriza, mal estar intenso e irritação nos olhos. Após alguns dias podem surgir manchas no corpo. A persistência da febre é um sinal de alerta da evolução para formas graves da doença. O sarampo pode causar pneumonia, encefalite e até a morte. A única forma eficaz de prevenção é a vacina”, enfatiza.
A vacina
A vacina contra o sarampo é do tipo tríplice viral e também imuniza contra a rubéola e a caxumba. A vacinação contra o sarampo segue o calendário normal e está disponível durante todo o ano na rede pública de saúde. Todas as pessoas entre seis meses e 59 anos devem se vacinar. Para pessoas com até 29 anos, a orientação é que se tenha tomado duas doses comprovadas. Já quem tem entre 30 e 59 anos precisa ter pelo menos uma dose do tríplice viral. Em Nova Friburgo, as doses estão disponíveis nos postos de saúde Sylvio Henrique Braune, no Suspiro; Tunney Kassuga, em Olaria; Waldir Costa, em Conselheiro Paulino, e José Copertino Nogueira, em São Geraldo.
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