A onça parda, claramente um macho, passa caminhando tranquilamente pela trilha, até sumir na mata fechada do Caledônia. Coça o traseiro nas folhagens para deixar seu cheiro, sua marca, enquanto fareja os odores deixados por outros bichos.
A cena abre o emocionante vídeo (assista aqui) produzido pelo montanhista e fotógrafo Juran Santos, com o resultado de anos de gravações de imagens de animais silvestres e raros se movimentando pelas matas fechadas da região de Nova Friburgo.
Os registros foram feitos por câmeras “trap” (armadilhas, em inglês), que captam imagens discretamente, sem incomodar os bichos em seu habitat natural.
Batizado de “Aventura Animal”, o projeto inclui dez câmeras, estrategicamente instaladas em trilhas de lugares de mata como Caledônia, Três Picos, Bom Jardim e Guapiaçu (Cachoeiras de Macacu), e drone.
Além de aventureiro, o projeto é um exercício diário de dedicação e paciência. Cada câmera tem que ser rigorosamente calibrada para não armar à toa, ao movimento qualquer de uma folha balançada pelo vento ou até mesmo à trepidação de uma chuva mais forte.
Uma vez acertada a calibragem, a passagem de um animal é instantaneamente gravada, mesmo à noite. Resta trocar as baterias quase diariamente e descartar horas de imagens não aproveitáveis.
Para a empreitada de manter as câmeras 100% operantes, Juran conta com a ajuda preciosa de amigos e também montanhistas como Valmir Tavares, Alex Correia e Wagner Moraes, que montou no seu Camping do Ararate, na base da montanha, uma base de apoio ao projeto. Eles também dão depoimentos no vídeo sobre as suas aventuras.
Graças ao projeto de Juran, pode-se afirmar que a região tem hoje cerca de 14 onças pardas já conhecidas dos nossos montanhistas: nos últimos três anos, foi filmado um casal nos Três Picos, outro casal em Bom Jardim, oito exemplares na Reserva do Guapiaçu (Régua), um macho no Caledônia e um outro exemplar, de sexo ainda não identificado, nas torres do SBT.
Além de onças, passaram pelas lentes discretas de Juran uma irara que urinou bem diante da câmera (foto acima), jaguatiricas, quatis, aves raríssimas como a tovaca e sinais da vida selvagem, como o casco de um tatu destroçado e lambido pelo felino predador.
O projeto busca agora patrocinadores para ser ampliado. O próximo vídeo, ainda sem data para ser lançado, mostrará os muriquis em liberdade na Reserva do Guapiaçu.
Como mensagem, Juran, que ganhou sua primeira câmera de presente aos 14 anos e hoje tem 46, diz que as pessoas deveriam observar a natureza com mais calma e cuidado. “Não basta subir a montanha, é preciso curti-la”.
ASSISTA AO VÍDEO NA PÁGINA DE JURAN NO FACEBOOK OU CLICANDO AQUI.
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