Um projeto de parceria entre universidades públicas, que tem objetivo de produzir Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e odonto-médico-hospitalares para o enfrentamento à Covid-19, teve proposta aprovada em edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Com a liberação dos recursos, a iniciativa prevê a construção de um centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação voltado à indústria têxtil de Nova Friburgo.
De acordo com os responsáveis, a rede de parceiros envolvidos no projeto deve expandir a produção de face shields, instalar um laboratório para qualificação de EPIs, aprimorar respiradores e ainda desenvolver ferramenta computacional de análise bigdata de dados imunológicos no tratamento de pacientes com coronavírus, para conhecer melhor como o vírus interage com a célula hospedeira.
Orçamento de R$ 1,3 milhão
O projeto é fruto de parceria entre o Instituto de Saúde Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense (ISNF/UFF) e o Instituto Politécnico do Rio de Janeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IPRJ/Uerj), com a participação de pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal do Rio Grande (UFRG). Ao todo, são 23 profissionais das mais diversas áreas do conhecimento.
Segundo Ivan Bastos, professor do IPRJ e coordenador do comitê gestor, o projeto deve contribuir para sanar carências do Estado do Rio durante a pandemia. “O orçamento é de R$ 1.362.046,76 e tem prazo de execução de 24 meses. Depois que a Faperj liberar os recursos, essa rede poderá oferecer à indústria têxtil do município a qualificação tecnológica para a produção de EPIs, como máscaras, toucas, capotes e macacões, além da expansão de produção de face shield, a instalação de laboratórios, a criação de respiradores e de ferramentas computacionais para enfrentar a Covid-19”, observou.
Cerca de 40 mil EPIs distribuídos
Ivan esclarece ainda que todos os face shields produzidos serão destinados aos profissionais ligados diretamente ao enfrentamento da Covid-19, de maneira inteiramente gratuita. “A produção de EPIs - em articulação com a indústria de moda e metal-mecânica e parceria com o Senai, Stam, Hak, Suspiro Íntimo e Persona 3D - tem o objetivo de expandir o projeto Face Shield NF, que já produziu quase 40 mil unidades que foram distribuídas gratuitamente a profissionais de saúde”, garante o professor.
Respiradores mais baratos
Já com relação aos respiradores, Bastos ressalta que o projeto deve baratear o custo de produção. “Os ventiladores disponíveis no mercado, em geral, são muito caros e necessitam de um ambiente hospitalar para a sua operação. Nosso projeto prevê o desenvolvimento de equipamentos de baixo custo, de fácil operação e de grande confiabilidade, para o atendimento de pacientes com dificuldades respiratórias acometidos pela Covid-19”, conclui.
Novas oportunidades
Cláudio Fernandes, professor do ISNF/UFF e vice-coordenador do comitê gestor, explica “que, em função da crise global de produção de EPIs, os laboratórios de qualificação de EPIs do projeto possuem características estratégicas, porque aumentam a capacidade de desenvolvimento de produtos nacionais. Os testes previstos servirão ainda para avaliação da qualidade, bem como cooperação tecnológica com a indústria têxtil de Nova Friburgo”.
Cláudio esclarece ainda que “o projeto oferece aos gestores públicos mais oportunidade de avaliação independente de qualidade, ao mesmo tempo que facilita acesso de empresas menores, que não possuem o próprio centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), a alcançar produtos de nível internacional de qualidade”.
Ferramentas de pesquisa
A rede de laboratórios aprovada no projeto Faperj também contempla o desenvolvimento de uma ferramenta computacional de análise de bigdata para a pesquisa em imunologia, com o objetivo de apoiar a evolução de questões importantes para o tratamento como, por exemplo, o modo de interação do vírus com a célula hospedeira e qual é a resposta da célula à infecção.
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