Anvisa alerta sobre risco de botulismo após aplicação inadequada de botox

Conheça os cuidados que devem ser adotados e o que fazer caso apresente algum sintoma da doença.
quinta-feira, 20 de março de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil)
(Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta importante para profissionais de saúde e pacientes que utilizam a toxina botulínica, amplamente conhecida como botox. O alerta surge após notificações de casos de botulismo, uma doença rara e grave, associada à administração inadequada da substância, seja para fins estéticos ou terapêuticos. A Anvisa reforça a necessidade de que todos os procedimentos com toxina botulínica sejam realizados por profissionais devidamente habilitados e em locais autorizados pela vigilância sanitária, além de destacar os cuidados essenciais que devem ser tomados durante o processo.

A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum e, quando aplicada corretamente, tem uso terapêutico e estético. No campo estético, é muito conhecida pela sua aplicação em tratamentos de rejuvenescimento, especialmente para suavizar rugas e linhas de expressão. Para fins terapêuticos, a toxina botulínica é usada para tratar uma série de condições médicas.

Apesar de ser eficaz quando administrada de maneira controlada, o uso inadequado ou a administração de doses excessivas de toxina botulínica pode resultar em complicações graves, incluindo o botulismo. O alerta da Anvisa é especialmente relevante diante da possibilidade de efeitos adversos graves, como paralisia muscular e insuficiência respiratória.

Botulismo: o que é e como acontece

O botulismo é uma doença neuroparalítica rara, causada pela ação da toxina botulínica no sistema nervoso. A toxina pode ser fatal se não tratada de maneira rápida e eficaz. Quando administrada em excesso ou de forma inadequada, a toxina pode se espalhar para áreas distantes do local de aplicação, provocando sintomas que podem evoluir para a paralisia muscular, incluindo a paralisia respiratória.

Embora a doença seja mais comumente associada ao consumo de alimentos contaminados, casos de botulismo também podem ser relacionados à aplicação terapêutica de toxina botulínica. A Anvisa recebeu recentemente notificações de casos em que pacientes apresentaram sintomas graves de botulismo após a administração da toxina. Esses sintomas podem surgir horas ou até semanas após o procedimento, o que torna a identificação e o tratamento imediatos ainda mais urgentes.

Sintomas de botulismo e a importância da intervenção médica

Os sintomas do botulismo podem variar dependendo da gravidade da intoxicação, mas, em geral, incluem:

  • dores de cabeça;

  • vertigem;

  • tontura;

  • sonolência;

  • visão turva;

  • visão dupla;

  • diarréia;

  • náuseas;

  • vômitos;

  • dificuldade para respirar;

  • paralisia descendente da musculatura respiratória, braços e pernas;

  • comprometimento de nervos cranianos;

  • prisão de ventre;

  • infecções respiratórias.

Cuidados essenciais ao utilizar toxina botulínica

A Anvisa alerta sobre a importância de adotar cuidados rigorosos ao realizar procedimentos com toxina botulínica. Para minimizar os riscos, a agência recomenda as seguintes precauções:

  1. Escolha um profissional qualificado: a aplicação de toxina botulínica deve ser realizada por um profissional de saúde devidamente capacitado e habilitado, com experiência no procedimento e conhecimento dos possíveis riscos e complicações.

  2. Produtos registrados na Anvisa: certifique-se de que a toxina botulínica utilizada seja registrada na Anvisa. A consulta à regularidade do produto pode ser feita por meio do sistema de consultas da agência, que permite verificar se o produto e o fabricante estão autorizados.

  3. Verificação da validade do produto: os produtos devem ser armazenados corretamente e dentro do prazo de validade indicado na embalagem. O uso de toxinas vencidas ou mal armazenadas pode aumentar o risco de efeitos adversos. Ao fazer o procedimento, o paciente tem o direito a ser integralmente informado e deve checar informações como marca do produto, lote e validade.

  4. Cuidados pós-aplicação: após a aplicação, os pacientes devem seguir as orientações do profissional de saúde e manter um acompanhamento regular, para monitorar quaisquer sinais de complicações.

  5. Notificação de efeitos adversos: Qualquer evento adverso relacionado ao uso de toxina botulínica deve ser imediatamente notificado à Anvisa, através do sistema VigiMed, que permite o monitoramento e a investigação dos riscos associados ao uso da substância.

Diferença entre toxina botulínica e botulismo

Embora a toxina botulínica e o botulismo estejam relacionados à mesma substância, é importante entender as diferenças entre eles. O botulismo é uma doença infecciosa grave causada pela ingestão ou exposição à toxina botulínica produzida pela bactéria Clostridium botulinum.

Já a toxina botulínica utilizada para tratamentos estéticos e terapêuticos é uma forma purificada e diluída da toxina, e seu uso é seguro quando administrado corretamente, com o devido acompanhamento médico.

A Anvisa reforça que, embora o risco de botulismo relacionado ao uso estético ou terapêutico da toxina botulínica seja raro, ele não pode ser ignorado. Por isso, a regulamentação rigorosa e o cumprimento das boas práticas de aplicação são essenciais para garantir a segurança dos pacientes.

 

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