Aconteceu de novo: santa é resgatada intacta em meio a cenário de destruição

Imagem de Nossa Senhora das Graças tinha só respingos de lama, enquanto em volta só havia escombros
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
A santa intacta na moldura azul (Reprodução da web/ G1)
A santa intacta na moldura azul (Reprodução da web/ G1)

Assim como aconteceu em Nova Friburgo na tragédia climática de janeiro de 2011, a imagem de uma santa permaneceu intacta em meio aos escombros, na enxurrada que devastou Petrópolis há exatamente uma semana. A imagem de Nossa Senhora das Graças foi encontrada em um condomínio no bairro Alto da Serra, um dos mais atingidos pelos deslizamentos de terça-feira passada, 15, deixando, até o fechamento desta edição, mais de 170 mortos e mais de 160 desaparecidos. A santa estava dentro de um quadro azul, que ficou apenas com respingos de lama por cima, enquanto em volta o cenário é de destruição.

Em Friburgo, na época da tragédia, um homem também conseguiu resgatar uma imagem intacta de Nossa Senhora Aparecida, que pertencia à Capela de Santo Antônio, em meio aos destroços e lama da Praça do Suspiro.

 O professor carioca Renato Varges, de 41 anos,  tinha vindo morar em Friburgo, para dar aulas na UFF, no ano anterior. Em entrevista para A VOZ DA SERRA, no ano passado, ele contou que passou um dia inteiro procurando a imagem de Nossa Senhora na lama. A santa foi encontrada por sua mulher, bem distante da capela, onde hoje fica o Memorial 12 de Janeiro.

“Minha esposa começou a chorar porque a imagem retratava o que cidade e os moradores viviam naquela tragédia: estava coberta de lama, mas sua estrutura intacta. Era Deus dizendo que sofria conosco e que sairíamos renovados daquele caos”, relembrou. A santa foi restaurada e colocada novamente na reconstruída Capela Santo Antônio. Segundo dados oficiais, em 2011, foram 442 vidas perdidas somente em Nova Friburgo, totalizando mais de 900 em toda a Região Serrana. 

Chovia muito na cidade desde o dia 10 de janeiro. A chuva ficou ainda mais intensa na noite do dia 11. O Rio Bengalas já dava sinais de que o transbordamento era iminente. Em diversos pontos da cidade, como na altura do Nova Friburgo Country Clube e no Paissandu, as ruas estavam alagadas. As fortes trepidações causadas por inúmeros raios que invadiram a madrugada deram início a uma série de deslizamentos, em praticamente todos os bairros da cidade. A tensão, o medo, o desespero estavam estampados no rosto de cada friburguense à medida que os eventos catastróficos iam acontecendo.

Pela manhã, aqueles que moravam em bairros mais afastados – os poucos que não sofreram as consequências das chuvas – não tinham noção do ocorrido. A cidade amanheceu sem luz, sem sinal de telefonia móvel, sem internet. Ainda assim, moradores dessas regiões seguiram sua rotina matinal e só foram tomar conhecimento da gravidade dos acontecimentos quando se aproximaram do Centro.

No caminho - tal como acontece agora, 11 anos depois, em Petrópolis - encontraram lama, árvores caídas, carros soterrados, postes caídos, residências e até um prédio residencial no Centro destruídos, a Praça do Suspiro coberta por uma avalanche de lama e entulhos.  

RELEMBRE: uma cidade em reconstrução a cada dia (com vídeo)

RELEMBRE: feridas ainda abertas

 

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