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A tarefa e o prazer, o sonho e a realização
Wanderson Nogueira
Palavreando
Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.
Somos escravos de nossos hábitos. Por isso, tão importante é preservar bons hábitos. Quem fala uma coisa e faz outra é tão desonesto quanto aquele que rouba.
Discurso que não é prática, é charlatanismo com a fé alheia. Discurso de ódio, discurso que mata é tão condenável quanto a prática do preconceito, da indiferença. O sangue que escorre na mão que faz, também está na boca de quem profere.
Os valores morais e éticos devem ser hábitos praticados cotidianamente. Não confunda, no entanto, moral com esses moralismos às avessas tão em moda. Se caça a liberdade do outro, se fere o próximo, se não há empatia, logo não é moral, é maldade mesmo. E ética está mais para amor e consciência coletiva, do que para o que se prega por aí por gente que se autointitula de bem. Há muita crueldade nessa gente de bem com Bíblia debaixo do mesmo braço que faz arminha com a mão.
Assim, o sonho de um mundo melhor também deve ser cultivado a todo instante e este deve ser também um hábito. Quando perdemos a capacidade de sonhar, também perdemos o desejo de realizar. Perder o desejo de realizar é também negar o direito de viver.
Viver é sofrer de vez em quando, mas sorrir em boa parte das vezes, inclusive com os erros. Viver é se sentir esgotado de vez em quando, mas ter energia para enfrentar mais um leão. Viver é ter prazos de validade, mas acima de tudo fazer bom uso do tempo que se tem.
Quando se finda? Não sabemos ao certo, mas temos a certeza de que tudo tem começo, meio e fim. Onde está o prazer? No meio, pois é na jornada que se vive de fato e é na intensidade que se descobre o que garante a felicidade.
O melhor de tudo, portanto, se dá quando o prazer é tarefa e a tarefa prazer. Prazer de escrever. Prazer de fazer. Prazer de se dar. Prazer de estar aqui e não lá. Prazer em se manter firme em seus propósitos. Prazer de sonhar. Prazer de realizar. Afinal, o que vem antes das realizações?
Walt Disney, esse gênio da fantasia, dizia: “prefiro divertir as pessoas, na esperança de que elas aprendam, ao invés de ensinar as pessoas, na esperança de que elas se divirtam”.
Assim, ele criou a sua forma fantástica de sonhar e realizar. É a chamada estratégia da criatividade que, mesmo décadas depois, segue atual e pode ser aplicada a todas as profissões, a todas as decisões que tomamos, à vida como um todo.
No seu método de criação, Walt Disney se separava em três: o sonhador, o realista e o desmancha-prazeres. Walt Disney usava e coordenava sua imaginação (o sonhador), traduzia metodicamente suas fantasias em formas tangíveis (o realista) e aplicava seu julgamento crítico (o crítico).
No primeiro, sugere: sonhe alto, dê asas à imaginação, sem medo, inibições e censura. Tudo é possível, o céu é o limite.
No segundo, o realista, faça as coisas acontecerem. Pense de maneira construtiva e saiba como planejar, estabelecer prazos e metas, definir responsabilidades e dimensionar recursos.
Por fim, o crítico em que se deve concentrar no que pode dar errado, busca por furos nas idéias e nos planos. Sabendo localizar as falhas, há a possibilidade de tomada de ações preventivas para eliminar as causas de problemas potenciais.
Não é fácil mantê-los sem conflito, mas é possível integrá-los e interagi-los de modo bastante eficiente na finalidade de ter prazer nas tarefas — sonhar e realizar.
Há que se sonhar, mas sonhos sem ação são só sonhos! Tão importante quanto sonhar é realizar! Mas sem prazer, nada se concretiza de maneira feliz. Porque fazer por fazer, o mundo está cheio. Repleto de gente no automático. Carimbadores que sequer enxergam o que carimbam.
Acreditar que o mundo pode ser mais pacífico de paz festiva para todos deve ser sonho e realização de cada um de nós. Um mundo mais prazeroso de viver, com felicidade de si para todos e por todos se retroalimentando.
Wanderson Nogueira
Palavreando
Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.
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