Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza nacionalmente o movimento Setembro Amarelo. Nesta sexta-feira, 10, é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, criado para conscientizar a população sobre a necessidade de prevenção, mas as ações acontecem durante todo o ano.
Todos os anos são registrados no Brasil mais de 13 mil suicídios e mais de um milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, com cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. Com o objetivo de prevenir e reduzir estes números, a campanha Setembro Amarelo cresceu e hoje conquistou o Brasil inteiro. Para isso, o apoio de toda a sociedade é fundamental.
As razões podem ser bem diferentes, porém muito mais gente do que se imagina já pensou em suicídio. Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em muitos casos, é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade.
A primeira medida preventiva é a educação. Durante muito tempo, falar sobre suicídio foi um tabu, havia medo de se falar sobre o assunto. De uns tempos para cá, especialmente com o sucesso da campanha Setembro Amarelo, esta barreira foi derrubada e informações ligadas ao tema passaram a ser compartilhadas, possibilitando que as pessoas possam ter acesso a recursos de prevenção. Saber quais as principais causas e as formas de ajudar pode ser o primeiro passo para reduzir as taxas de suicídio no Brasil, onde atualmente 32 pessoas por dia tiram a própria vida. Surge então um outro desafio: falar com responsabilidade, de forma adequada e alinhada ao que recomendam as autoridades de saúde, para que o objetivo de prevenção seja realmente eficaz..
Mas como buscar ajuda se muitas vezes a pessoa sequer sabe que pode receber apoio e que o que ela sente naquele momento é mais comum do que se divulga? Ao mesmo tempo, como é possível oferecer ajuda a um amigo ou familiar se também não sabemos identificar os sinais e muito menos temos familiaridade com a abordagem mais adequada? Todos podemos fazer esta pergunta: tem algo que eu posso fazer para te ajudar?
Podemos ficar atentos ao isolamento, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse por atividades de que gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono e no apetite, frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer” podem indicar necessidade de ajuda.
A ajuda pode vir de um amigo, parente, colega de trabalho ou escola, professores, ou alguém que está próximo a quem precisa e também dos voluntários que são treinados para conversar com pessoas que estejam passando por alguma dificuldade e que possam pensar em tirar sua vida.
Como vai você?
O Como Vai Você (CVV) é uma das ONGs mais antigas do país. Fundado em São Paulo em 1962, atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio por meio do telefone 188, e também por chat, e-mail e pessoalmente. É membro fundador do Befrienders Worldwide e ativo junto ao Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (Iasp), Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps) e outros órgãos internacionais que atuam pela causa.
Hoje, cerca de quatro mil voluntários, em mais de 120 postos, prestam serviço voluntário e gratuito 24 horas por dia aos que querem e precisam conversar sobre seus sentimentos, dores e descobertas, dificuldades e alegrias. De forma sigilosa e sem julgamentos, o voluntário do CVV busca ouvir aquele que liga com profundo respeito, aceitação, confiança e compreensão, valorizando a vida e, consequentemente, prevenindo o suicídio
Após a implantação do telefone 188, por meio de acordo com o Ministério da Saúde que garantiu gratuidade da tarifação telefônica, são registrados cerca de três milhões de atendimentos por ano. Todas as formas de acesso podem ser conferidas no site www.cvv.org.br, onde também é possível se informar sobre o Posto CVV mais próximo e como se tornar voluntário.
Programação em Nova Friburgo
Em todas as sextas-feiras de setembro, dias 10, 17 e 24, as equipes dos Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) farão abordagens de conscientização, orientação e acolhimento sobre saúde mental nas praças Dermeval Barbosa Moreira (Centro), Lafayete Bravo Filho (Conselheiro Paulino) e Monsenhor Miele (Olaria), das 10h às 12h.
Numa parceria com a rede Cine Show, serão oferecidas também sessões gratuitas de cinema com projeção do filme nacional “O Vendedor de Sonhos”, baseado no livro de Augusto Cury. As exibições acontecerão sempre às quartas-feiras, dias 15, 22 e 29, e serão voltadas para os profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à Covid-19 em Nova Friburgo como forma de retribuição e de cuidado com esses servidores que vivenciam um período de grande estresse emocional por conta da sobrecarga de trabalho.
No próximo dia 18, está previsto um mutirão de atendimento psiquiátrico nos postos de saúde de Olaria, Conselheiro Paulino e do Suspiro. A ação será destinada para pacientes regulados pelo Sistema de Regulação (Sisreg) e que foram selecionados pelos profissionais de saúde mental. A iniciativa terá apoio de estagiários dos cursos de Psicologia e Enfermagem da universidade Estácio de Sá, campus Nova Friburgo.
Encerrando a programação, no próximo dia 27, será realizado um bate-papo em formato de podcast, com profissionais da área de saúde mental. A transmissão será ao vivo, às 20h30, pelo canal oficial da Prefeitura de Nova Friburgo pelo YouTube, com apresentação do gerente de Saúde Mental do Município, Felippe Schenquel.
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