O que podem ter em comum uma estudante de direito, uma professora de inglês, uma cuidadora de idosos, uma jornalista e uma cantora? Se você pensou “todas são mulheres”, acertou. Se você arriscou “vozes femininas, em sua maioria anônimas, desafiadas a cantar suas canções favoritas, em qualquer idioma, de um jeito diferente”, pode buscar seu prêmio na lotérica.
O fato é que todas, apesar das diferentes profissões, e mesmo sendo tímidas em algum grau, têm uma queda irresistível pela música. E suas vozes, mesmo destreinadas para o canto, estão sendo garimpadas pelo músico peruano radicado em Nova Friburgo, Alberto Elias Espino.
Em tempos de pandemia e shows proibidos, o violonista lançou o projeto “Delight”. A ideia é convidar donas de vozes comuns, e também cantoras profissionais, a fazer uma releitura improvisada das músicas que mais gostam.
Até o momento já foram produzidos cinco Delights, dentro das mais de 20 participantes inscritas. As músicas são escolhidas pelas próprias convidadas, misturando desde clássicos conhecidos da MPB até sons mais cults, como Depeche Mode.
De Pearl Jam a Nelson Cavaquinho
Os próximos Delights, já em gestação, ficarão por conta de versões singulares de “Black”, da banda de rock Pearl Jam”; “Linda Rosa”, de Maria Gadu”; “Eres mi religion”, de Maná; “Gotas de Luar”, de Nelson Cavaquinho; “Corazón Partío”, de Alejandro Sanz; “Anunciação/ Que saudade d’ocê”, de Alceu Valença; “Hallelujah”, de Leonard Cohen; e a francesa “La demeure d’un ciel”, de Camille.
El Espino explica que o projeto deriva de outro mais antigo, o “Mujeres”, que consistia em convidar cantoras para duetos dentro de seus shows, e que acabou não saindo do papel. Com a pandemia, surgiu a ideia de retomar os duetos com vozes femininas, mas em roupagem diferente.
“A necessidade de nós, músicos, nos reinventarmos neste período crítico que estamos vivendo foi a ignição necessária para o projeto. O Delight é esse deleite de trabalhar com o universo feminino. E traz um pouco de leveza para os dias de hoje”, define.
Liberdade de interpretação
A releitura, segundo ele, tira o peso de fazer um cover e foca na liberdade de interpretação. “O objetivo é capturar o feeling do momento. Com isso, o leque de possibilidades é enorme, tendo em vista que a maioria das participantes não são profissionais da música, ou até mesmo nunca cantaram em público. E o bacana é essa mistura de vontades e sonhos que o Delight, humildemente, tenta realizar de uma forma simples e leve”, diz El Espino.
Dentro do projeto, que é gratuito, vozes maduras como as das cantoras Bianca Dias, Caru de Souza, Serena Wild e Heloísa Otz brilham junto com vozes desconhecidas, procedentes das mais diversas áreas de atuação, que superam a timidez, o medo e apostam na liberdade de expressão, num ato de entrega e até mesmo de amor próprio.
“Delight é como tudo o que acontece de bom na vida, inesperado. Em mulheres sempre encontrei grandes amizades, mas este projeto me fez encarar a diversidade existente e latente da mente feminina, essa humanidade ímpar encontrada somente nelas. A cada gravação sou jogado num mar de emoções e contradições, dualidades, choques de forças incomuns que tendem para uma suavidade explosiva”, poetiza El Espino, que também é compositor e mora desde 1997 em Friburgo, onde criou filha e ganhou netos.
O projeto teve início em meados de junho e percorre bairros e distritos de Friburgo, como Lumiar, Mury e Cônego, e até municípios vizinhos, como Bom Jardim. Já participaram a estudante de Direito Maria Clara Espino, com “Desculpe o auê”; a cantora Serena Wild com “Ilusión”; a professora de inglês Lívia Quaresma com “Oceano”; a cuidadora Verônica Macedo com a música portuguesa “A Valsa do Cupido, esse sacana”; e a jornalista Adriana Oliveira com “Enjoy the silence”.
Os vídeos podem ser assistidos no instagram @albertoelias68 (veja todos os vídeos do projeto aqui) ou no Facebook do músico (aqui). Para participar, basta entrar em contato também pelo (22) 99213-1663.
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