“Ó linda trova perfeita
que nos dá tanto prazer!
Tão fácil depois de feita,
tão difícil de fazer!”
Essa composição de Adelmar Tavares caracteriza muito bem o desafio que, muitas vezes, a trova nos impõe. Enquanto buscamos a inspiração ou trabalhamos uma ideia, pode parecer difícil a conclusão do nosso intento poético. Mas, quando conseguimos organizar os versos de forma justa e adequada, nos vem uma sensação de que não era tão difícil.
Isso acontece porque a trova requer cuidados especiais. Ela tem que ter sentido completo, ou seja, começar e concluir a ideia em apenas quatro versos. É preciso rimar o primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto verso. Além do mais, cada verso tem que ter sete sílabas poéticas, sendo que a sétima sílaba precisa estar na silaba tônica da última palavra do verso. Se não for assim, dizemos que a trova está com o pé quebrado.
O desafio é este: matutar uma ideia até encaixar numa trova. Depois que se pega o jeito, a gente se acostuma tanto com a cadência dos versos, que o próprio pensamento já sai em sete sílabas. Vale ressaltar ainda, que a contagem da sílaba poética é feita por sons, de forma bem diferente da sílaba gramatical. Quando acostumamos nossos ouvidos com essa divisão, a contagem acontece naturalmente, sem que seja necessário escrever o verso e fazer barrinhas para dividi-lo e, muito menos, contar nos dedos.
Dominando essas regras, é só usar e abusar dos recursos literários, buscando o sonhado “achado”. As figuras de linguagem e os jogos de palavras são sempre os melhores aliados, principalmente quando se trata de um concurso. Dizer o que todo mundo já disse, mas de forma inusitada, é troféu de vencedor na certa. Nova Friburgo, a Meca, o sonho de todos os trovadores, é a musa inspiradora das mais belas composições, como na trova do saudoso trovador João Costa, de Saquarema:
Dos anos de espera expurgo
toda angústia, toda dor:
- Classifiquei-me em Friburgo,
agora sou trovador!
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