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Vício em amor e dependência emocional
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Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
O artigo “Estudo associa o ‘vício em amor’ com a dependência emocional” do escritor sobre assuntos de ciência, Giulio Nigro, foi publicado em 24 de fevereiro de 2025 no site de informações médicas, o Medscape. Vamos pensar sobre isso.
Normalmente se elogia um viciado em trabalho com adjetivos positivos para ele, como “produtivo”, “empreendedor”, “trabalhador”, enquanto que ele ou ela pode estar canalizando para o trabalho tensões emocionais que aliviam ou são “esquecidas” enquanto se envolve nas tarefas profissionais. De forma paralela, pessoas afetivas em excesso, sempre ligadas em assuntos de “amor”, “romance”, “paixão”, podem ser tidas como “amáveis”, podendo ser viciadas em “amor”.
Claro que um bom relacionamento conjugal precisa de certa dose de romance, paixão, amor, aliás, diferentes categorias de afeto. E essa dose pode se tornar exagerada, quando se configura uma alteração por se tornar um comportamento vicioso, chamado de “dependência emocional do parceiro” ou “vício em amor”.
Como qualquer vício, a dependência emocional é um comportamento alterado que prejudica não só o relacionamento do casal, mas a própria saúde física, mental, social e até espiritual do dependente. Para saber se uma pessoa está dependente de uma substância, de um relacionamento ou outros fatores, ela deve apresentar três principais características: (1)fissura pelo assunto, vive pensando na coisa de forma obsessiva, gasta tempo e energia avaliando como obter o objeto de seu vício; (2)desenvolve tolerância, que é a necessidade de usar mais tempo ou mais quantidade do objeto viciante para ter os mesmos resultados de satisfação, e (3)surgem crises de abstinência ao não poder lançar mão do que ela é dependente, com muita ansiedade, tremores, irritação, insônia, entre outros sintomas.
Já que a dependência emocional afeta pessoas do mundo todo, pesquisadores da Libera Universitá Maria Santíssima Assunta, de Roma, e da Universitá di Firenze, também na Itália, fizeram um estudo para identificar possíveis ligações entre alguns fatores psicológicos de risco de dependência emocional entre estudantes universitários, e se concentraram em avaliar o apego adulto, a ansiedade de separação e mecanismos de defesa. Participaram do estudo 332 estudantes universitários com idade média de 23 anos que preencheram questionários sobre dependência emocional, vício, questionário de defesa de quarentena, de casais.
Os resultados mostraram que a dependência afetiva ou “vício em amor” estão ligados ao apego temeroso, que é ter ideia negativa tanto de si como dos outros, junto com ansiedade excessiva e alta evitação, que significa fugir de situações ou pensamentos que podem causar desconforto emocional.
Os cientistas da pesquisa pensaram que esses achados indicam que a dependência emocional seria uma estratégia para tentar regular externamente estados emocionais internos, e que pessoas com um estilo de apego temeroso costumam ter baixa autoestima e medo do abandono, o que reforça a dependência de fontes externas de regulação emocional. O dependente emocional pode usar formas imaturas de lidar com sentimentos dolorosos, porque não aprendeu a lidar com esses sentimentos de forma positiva. Mas pode aprender.
Como 80% dos participantes da pesquisa eram mulheres, isso limitou os dados para analisar a dependência emocional no sexo masculino. O que se observou traz dados científicos sobre “vício em amor”, necessitando mais estudos sobre esse tema.
Quem sofre desse tipo de dependência pode ser ajudado por profissionais em saúde mental para aprender a corrigir o apego excessivo, diminuir a ansiedade de separação e saber usar melhores defesas psicológicas sem ser a fuga do problema.
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Cesar Vasconcellos de Souza
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Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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