Laço branco

Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

sábado, 07 de março de 2020

Laços. Criar laços para além do cadarço ou do nó da gravata. Desamarrar para desarmar o espírito, o peito e a atitude cruel. Fechar o laço do vestido ou o laço que segura o cabelo. Laços invisíveis - brancos da paz que confronta a tal paz dos cemitérios. Paz vívida e festeira que celebra a existência com alegria e abundância. Pacto. Pela paz que liberta – liberdade. Pela paz que permanece – igualdade.

Homem! Põe a mão na consciência e olha para trás. A história não te ensinou? Suas convicções machistas são tão démodé. Ela não é sua propriedade. A sabedoria dela não merece a fogueira. Ela pode tudo o que ela quiser, no lugar que ela quiser, no tempo dela. Você não tem autoridade sobre ela. Foi do ventre de uma delas que você veio. Como ousa desrespeitar alguém semelhante à sua mãe? Percebe que ela tem os mesmos direitos que você. Aceita a força que ela tem e deixa a sensibilidade delas se dedicar a esse caos que você criou. Faz laço branco na sua consciência e dá a mão há quem já despertou para esse novo mundo mais igual que quer e precisa se estabelecer.

Mulher! Aceita sua força e seu destino de amazona. Impede o assédio moral e físico e denuncia sem dó ou piedade. Você merece o mundo e nada menos do que isso. Plenitude e felicidade. Mergulha na intenção da igualdade e lute cotidianamente por esse lugar seu. Se ame mais do que supõe amá-lo e não aceite desaforo, piada fingida de branda ou brincadeira. Não! Ele não pode tudo. Ele não pode nada! Nada contra a sua vontade. Seja quem é, faça o que quer fazer. As regras para o seu corpo são suas. A forma de se vestir, se maquiar ou não, tem a ver com seu bem estar e de mais ninguém. Sinta-se. Permita-se. Empodere-se.

Chega de preconceito. De machismo. De violência. De feminicídio. De oposição ao feminismo. Basta de ignorância! De morte em vida. De tortura. De assédio. De mulher defendendo machismo. De machistas já temos muitos brutos burros aos montes que precisam aprender o respeito.

Laço branco. Em fita de papel, pano, couro para aniquilar a invisibilidade que grita para ser vista. Laço desmaterializado para mobilizar essa paz que há de ser alcançada antes dos sonhos desarticulados do paraíso longínquo. Não estamos no inferno, rechacemos o purgatório para fazer daqui um lugar sem penitências e assim mais humano e feliz. 

Laço branco pelos homens para as mulheres. Pelas mulheres para as mulheres. De todos para o feminino.

 

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