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Na história
Aniversário do Esperança celebrado com evento e homenagens
O inesquecível futebol amador de Nova Friburgo vive. A cada homenagem aos personagens desta bela história, que se confunde com a do desenvolvimento do município, o mergulho no passado nos permite recordar. E um desses times que marcaram época no desporto friburguense fez aniversário, celebrado com um evento no último domingo, 3. O Esperança Futebol Clube completou 108 anos nesta terça-feira, 5, e alguns abnegados que contribuíram significativamente com a agremiação verdejante foram homenageados. A atividade foi realizada na sede social do Nova Friburgo F.C., no Centro, e reuniu torcedores, diretores e convidados.
A programação foi aberta com um café da manhã e, em seguida, foram prestadas homenagens de reconhecimento. A mesa diretora do evento foi formada por Carlos Arnaldo Bravo Berbert, o Juca, presidente do Conselho Deliberativo; Luiz Fernando Bachini, presidente do Conselho Diretor; Elberth Heringer, presidente do Friburguense; Eduardo Valentim, 1º secretário; Ivan Gambini, tesoureiro; Suenni Fernandes, vice-presidente, e Joel Duarte (Conselho Diretor).
“É um prazer participarmos deste evento de comemoração dos 108 anos do Esperança F.C. O nosso estatuto determina que nessas datas devemos lembrar de todos que contribuíram para a nossa história. Queremos agradecer a todos que nos ajudaram a construir uma trajetória de glórias”, destacou o presidente do Conselho Diretor, Luiz Fernando Bachini.
A atividade foi apresentada por Landri Schettini e houve também um momento de oração conduzido pelo representante da Igreja Católica, Bento Ferreira. Os hinos Nacional, do Esperança e de Nova Friburgo foram executados pelo saxofonista, Silvio Lamego. O presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Arnaldo Bravo Berbert comentou sobre a trajetória do clube verdejante.
“Ao completar 108 anos queremos agradecer a todos os presentes e aos homenageados. Desejamos manter viva essa tradição do Esperança F.C e do Nova Friburgo F.C.”, destacou Juca.
Um pouco da história
A história começa ainda no início do século 20, quando estudantes de várias partes do país migraram para Nova Friburgo e trouxeram a até então desconhecida bola de futebol. Os moradores do bairro Vilage passaram a frequentar o Colégio Anchieta e as partidas amistosas de futebol foram disputadas no campo da escola.
A brincadeira tomou proporções maiores. As famílias Sertã, Spinelli e Van Erven estreitaram as relações e passaram a organizar os jogos. No dia 26 de abril de 1914, uma reunião no Hotel Salusse fundou oficialmente o Friburgo Futebol Clube. O esquadrão vermelho e branco tornou-se o time a ser batido. Em 1915, o Friburgo goleou o União pelo placar de 11 a 0 e os dirigentes, insatisfeitos, responderam à derrota com a criação do Esperança Futebol Clube.
Junto ao time esperancista nasceu uma grande rivalidade que, mais tarde, curiosamente, desencadearia a fusão. Os operários criaram o seu próprio clube de futebol, o União Foot-Ball Club, em fins de 1914. O clube mudaria de nome por causa de um fato inusitado. Em novembro de 1915, em um jogo amistoso contra o Friburgo F.C., o árbitro Peri Bartojo teria beneficiado o adversário. Ao término da confusão, proferiu uma ofensa ao União, cuja camisa era preta e branca.
O preconceito contra o negro era latente na sociedade da época e refletia no futebol, tido como esporte da elite. Por conta da confusão, em 5 de dezembro de 1915, criou-se o Esperança Foot-Ball Club, com as cores verde e branco. O símbolo do clube, o Dragão Verde, foi escolhido por Sebastião Oliveira na edição de 26 de maio de 1955, no Programa Ondas Verdejantes na Rádio Sociedade de Friburgo AM.
A explicação para as cores deve-se ao referencial verde da palavra esperança. A primeira diretoria foi constituída pela assembleia de fundação, tendo como presidente foi Manoel Gonçalves Neto, o Zinho e o vice-presidente era Dídimo Manoel de Oliveira. Os primeiros anos de vida do Esperança F.C. foram difíceis, uma vez que clube não contava com a simpatia nem a aprovação da burguesia, reunida pelo Friburgo.
Dentre tantas outras paixões, o eterno diretor de A VOZ DA SERRA, Laercio Rangel Ventura, era um apaixonado pelo futebol e reservava um espaço especial para o verde e branco do Esperança. Seu pai, Américo Ventura Filho, foi fundador do Esperança Futebol Clube e Laercio herdou essa paixão, trilhando o mesmo caminho. Em 1945 ingressou na categoria juvenil do Barroso Futebol Clube. Laercio teve a oportunidade de atuar ao lado de craques como Robson, Jandir, Arnoldo e outros. Apesar da distância, jamais se afastou de Nova Friburgo, sua cidade natal, tampouco do clube do coração, o Esperança.
No Verdejante da Vila Mariana foi companheiro de atletas como Paulo Banana, mas a trajetória como jogador foi interrompida devido a uma lesão no joelho. Laercio concluiu os estudos e retornou definitivamente para Nova Friburgo, onde passou a fazer parte da diretoria presidida por Juvenal Marques. Em 1967, assumiu a presidência do alviverde do Estádio Oscar Machado. As obras o levaram a ser reconhecido como um dos maiores presidentes do futebol municipal de todos os tempos.
Os homenageados
- Amâncio Mário de Azevedo: médico, vereador, prefeito, diretor e presidente do Esperança F.C.
- Cléris Freitas: comerciante automobilístico, diretor e presidente do Esperança
- Emílio Bachini Filho: sapateiro; fiscal de barreira e ex-atleta do Esperança
- Guaraci Nunes Botelho: funcionário dos Correios; comerciante e presidente do Esperança
- Geraldo Climério Moura: farmacêutico; diretor e presidente do Esperança
- João Baptista da Silva: vereador; bacharel em Direito; contabilista e gerente da Fábrica de Rendas Arp com várias outras atividades na sociedade friburguense
- José Pereira da Costa Filho: técnico de tinturaria industrial e atleta do Esperança
- Jorge de Carvalho: fundador do Esperança
- José da Cunha: ocupou vários cargos no Esperança, apaixonado do clube da Vila Mariana e industriário da Fábrica de Rendas Arp
- Laercio Rangel Ventura: contabilista, gerente industrial e financeiro das Indústrias Sinimbu; diretor de A Voz da Serra; tesoureiro, diretor e presidente do Esperança
- Manoel Lopes da Silva: funcionário da Rede Ferroviária Leopoldina, um dos grandes apaixonados pelo Esperança
- Onete Faria Daflon: comerciante; diretor e presidente do Esperança
- Jaci Leôncio: torcedor apaixonado do Esperança. Acompanhava o clube em todos os momentos e policial militar.
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