Ilusão e utopia

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Quinta-feira última, 27\01\2022, recebemos uma pérola no Clube Clássicos da Literatura, a Professora Glaucia Pereira Brito, que nos ofereceu uma palestra sobre Maria Firmina dos Reis (1822-1917), maranhense, primeira romancista brasileira,  esquecida durante décadas, cuja obra possui valor literário, histórico, cultural e social relevante.

Diante de uma apresentação impecável, suave e rica em detalhes a respeito da vida e da obra da escritora negra, viajamos na trajetória de uma inteligente mulher do século XIX, com uma escrita límpida, poética e reveladora da realidade brasileira da época, quando os negros, escravizados, eram prisioneiros das mais cruéis condições de sobrevivência. O Brasil está superando suas limitações para reconhecer e enaltecer a importância das contribuições que os negros trouxeram ao nosso país através do seu trabalho, suor e dor. É triste a discriminação que existe no Brasil, tradição cultural que ainda permeia a vida sobre seu solo.

Durante a exposição, falou-se rapidamente sobre a diferença nos modos com que autores constroem suas obras. Logo me reportei às primeiras aulas que assisti na universidade, quando estudei a obra do filósofo e pedagogo suíço, Pierre Furter, especialmente “Educação e Reflexão”, que tanto enriqueceu minha formação.

Depois da palestra, senti necessidade de pesquisar as diferenças entre ilusão e utopia, até porque fazem parte das nossas atividades mentais e emergem do contexto em que vivemos. As diferenças entre ambas são sutis e faz-se necessária a observação aguda dos modos de imaginar para distinguir uma da outra.

Tanto a utopia quanto a ilusão são processos criativos, porém a utopia possui a intenção de transformar a realidade concreta ao vislumbrar contextos perfeitos. Já a ilusão caminha em direção à fantasia e as representações mentais são configuradas de acordo com a realidade psíquica do sujeito. 

 As utopias tendem à permanência e são construídas como um projeto ou aspiração, enquanto a ilusão é transitória e fundamenta-se no pensamento mágico. A utopia é compromissada; a ilusão é livre. Ambas são inexistentes em sua concreticidade real e criadas através de narrativas, porém. 

A abordagem destes conceitos me aponta para estudos mais detalhados e amplos; por enquanto minhas reflexões são superficiais. Entretanto, eu me arrisco apontar para as obras de Márcia Medeiros, que nos oferece modos de ver e sentir a vida. Para o “O Pequeno Príncipe”, de Saint-Exupéry, uma obra que desvela a beleza da humanidade. Para as histórias do “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, de Monteiro Lobato, um retrato de época do Brasil. 

Enfim, as pessoas deste planeta azulado, a safira do sistema solar, precisam da literatura através das múltiplas ilusões e utopias, criadas pelos sonhadores que desejam uma vida melhor.

 

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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