Pirenópolis, primeira viagem longa, depois de dois anos

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 02 de novembro de 2021

Segunda feira, 25 de outubro, iniciamos nossa viagem a Brasília, com direito a uma pausa de quatro dias em Pirenópolis-GO. Acostumado a viajar, hábito que cultivo desde novo, esse confinamento de dois anos por causa da pandemia teve consequências, pois me obrigou a ficar em casa por longos períodos e a saúde mental foi afetada. E tome de Cloridrato de Citalopram para combater a Síndrome do Pânico. No entanto, essa primeira etapa de nossa viagem mostrou que eu já estava curado, em função dos contratempos que enfrentamos.

De Nova Friburgo a Pirenópolis são cerca de 1.200 quilômetros, o que nos obrigou a parar na metade do caminho. Dormimos em Bom Despacho-MG, após dez horas de estrada e seguimos na manhã seguinte. Já no estado de Goiás tivemos o primeiro problema, pois um caminhão tombou na pista, derramou óleo e despencou ribanceira abaixo. Ficamos parados por duas horas, para que a estrada fosse liberada. Continuamos após o almoço e pouco depois de Aparecida de Goiás, 74 quilômetros antes do nosso destino, uma árvore tombou na BR-153. Quando chegamos nesse ponto, a interrupção do tráfego já durava quatro horas e ficamos retidos por mais duas. Conclusão, só chegamos a Pirenópolis às 22h, depois de 15 horas de estrada.

Mas, esses contratempos foram compensados pela beleza da cidade. Fundada em 7 de outubro de 1727 por portugueses, que vieram para o garimpo de ouro, com o nome de Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte e, mais tarde, Cidade de Meia Ponte. O metal amarelo era encontrado no terreno aluvionário do Rio das Almas, portanto, o tipo de garimpo aqui empreendido era o de aluvião, que consistia em revirar e lavar o cascalho das margens do rio até poder apurá-lo com a batéia. Aliás, a presença de ouro no local, foi descoberta pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, em 1682.

O nome “Meia Ponte” surgiu em virtude de uma grande enchente do Rio das Almas ter carregado a ponte que ligava as duas margens, só restando a metade dela. A partir de 1890, passou a chamar-se Pirenópolis, a cidade dos Pireneus, serra cujo nome lembrava para alguns os Montes Pireneus da Europa, divisa da Espanha com França.

A cidade foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1989, como conjunto paisagístico e em 1997 iniciou-se um projeto de revitalização do Centro Histórico, quando a Igreja Matriz, o Cine-Pireneus, o Teatro de Pirenópolis e outros monumentos foram restaurados, reformados e reconstruídos criteriosamente. Uma das primeiras cidades do estado de Goiás, sua arquitetura lembra em muito a de Ouro Preto, em Minas Gerais. A diferença marcante entre as duas é que enquanto a mineira se caracteriza por seus sobrados centenários, a goiana tem a maioria de seu casario com um andar apenas.

Poderia ser conhecida, também, como a cidade das águas, pois próxima dos rios Tocantins e Araguaia e cortada pelo Rio das Almas, Pirenópolis tem catalogadas, cerca de 80 cachoeiras, sendo a mais famosa, pela beleza, a do Abade. Apesar do clima quente e seco, as águas das quedas d´água são bem frias, geladas até. Mas, um banho nesses lugares é muito reconfortante.

Hoje, uma das indústrias mais fortes de Pirenópolis é a do turismo e várias são as pousadas preparadas para receber os visitantes. Os restaurantes são para todos os gostos e, a maior concentração deles está na Rua do Lazer, uma passagem estreita, sem acesso aos carros, onde se serve desde a culinária local até pratos internacionais. Outra característica é a presença de várias lojas que vendem o artesanato local, muito influenciado pelas diversas tribos indígenas que aqui habitaram, entre os séculos 16 e 17.

Vale a pena uma visita a Pirenópolis, um colírio para os olhos e um bálsamo para a alma.

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