A noite de autógrafo do meu livro é hoje

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

O dia 25 de outubro chegou e com ele a noite de autógrafos do meu livro “A mídia falada chega em Nova Friburgo”. O local será a cafeteria Grão Raro, na Rua Monte Líbano, 34, no centro da cidade, no horário das 17h30 até 20h. Lá estarei recebendo os amigos e pessoas interessadas em conhecer um pouco da história da criação da, talvez, primeira mídia de massa, o rádio, da atual Friburgo FM, na década de 1940 do século passado e das emissoras de rádio no mundo e nas cidades do interior do nosso imenso país.

No Brasil, tudo começou em 1922, durante as comemorações do centenário da nossa independência, quando no Rio de Janeiro, capital federal da época, foi transmitido o discurso do então presidente Epitácio Pessoa. Em seguida, escutou-se, também, trechos da ópera O Guarany, de Carlos Gomes, diretamente do Teatro Municipal. Terminada as comemorações os microfones emudeceram e foi, somente, em 23 de abril de 1923, quando entrou no ar a PRA-A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Roquete Pinto e Henry Morize, que começou a história do rádio, no Brasil. Uma curiosidade é o porque do nome Rádio Sociedade.

Naquela época era proibida a veiculação de propaganda paga, daí que os fundadores criaram uma sociedade de pessoas que se cotizavam mensalmente para manter a emissora no ar. Foi somente em 1º de março de 1932, através do decreto-lei  2.111, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, que os veículos radiofônicos puderam cobrar pelos produtos anunciados. Aliás, esse decreto foi fundamental para a popularização das rádios brasileiras e sua multiplicação.

No caso de Friburgo, o nome ZYE-4 Rádio Sociedade de Friburgo Ltda, se deve a uma verdadeira sociedade criada por José Eugênio Muller e Carlos Augusto Shermann. Aloisio de Moura, que posteriormente se tornou o único dono, foi desde o início diretor geral da emissora e tinha carta branca dos proprietários para gerir o negócio. Sim, por que de acordo com Émile Durkheim, sociólogo e antropólogo, a cultura é uma indústria como outra qualquer, cujo fim único é o lucro.

Aliás, esse deve ter sido o pensamento de José Eugênio Muller, um empresário catarinense que acabou se radicando em Nova Friburgo; anteriormente morava em Monnerat, onde abriu uma fábrica de polvilho. Em Friburgo ele fundou o Hotel Sans Souci e criou o loteamento Sans Souci, hoje um bairro importante na terra do Cão Sentado. Com a inauguração da ZYE-4 Rádio Sociedade de Friburgo, ele expandiu seus negócios e deixou um legado importante para a então pujante Nova Friburgo, talvez a quarta cidade do antigo Estado do Rio de Janeiro. Abriu campo de trabalho para locutores, cantores, artistas, sonoplastas, técnicos de som, vendedores que saíam em busca de patrocinadores para a emissora, conjuntos musicais, enfim todos aqueles que estavam envolvidos em colocar e manter uma emissora, no ar.

Se no início a minha ideia para a monografia de conclusão do curso de Comunicação Social, da Universidade Candido Mendes era falar sobre a Rádio Nacional, o professor Jorge Ayer me convenceu a mudar de ideia. Seu argumento era de que sobre a emissora do Rio já existiam inúmeros trabalhos; por que não falar da emissora das montanhas? Não sei se ele sabia disso, mas não existia nenhum relato escrito sobre esse acontecimento que foi tão importante para Friburgo.

Eugênio Muller era um empresário mais interessado nos seus investimentos, Carlos Shermann era um engenheiro que trabalhava na capital federal e Aloisio de Moura, uma pessoa dinâmica que, certamente, não tinha tempo nem vontade de deixar anotações para a posteridade. Daí, ser esse meu trabalho o primeiro legado escrito de um momento que foi marcante na vida da cidade. Assim, doarei um exemplar da minha obra para a Biblioteca Municipal, para que fique apta para consultas tanto para estudantes de História, de Comunicação Social e daqueles que, como eu, adoram o veículo rádio e a história dos momentos marcantes da cidade em que vivem.

Para terminar, um agradecimento póstumo a Dilva de Moraes, Paulo Cordeiro e Rodolfo Abbud, pois sem a colaboração deles, não teria condições de chegar onde cheguei. Não posso esquecer também do saudoso Laercio Ventura, que além de me abrir as portas do jornal A VOZ DA SERRA, como estagiário de Jornalismo, nos idos de 2005, me orientou indicando as pessoas a serem entrevistadas para escrever minha monografia e que resultou no livro a ser lançado hoje. A essas quatro pessoas o meu muito obrigado.

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