A revolução do open banking

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 06 de agosto de 2021

Estamos presenciando o início de uma mudança na formação do sistema financeiro capaz de revolucionar a relação entre instituições financeiras e seus clientes. O nome da ferramenta responsável pela mudança? Open banking!

Em desenvolvimento pelo Banco Central, a plataforma pretende democratizar o acesso a serviços financeiros e promover maior competitividade entre instituições financeiras. Com a possibilidade de interconexão entre as informações do cliente, diferentes instituições (e novos modelos de negócio que surjam com o advento desta tecnologia) podem oferecer serviços mais personalizados e o consumidor terá a autonomia de – em uma única tela – optar pela opção com maior “custo x benefício” de acordo com a sua concepção para a melhor solução de um determinado problema.

Contudo, quando falamos em compartilhamento de dados e demais informações de clientes o assunto torna-se bastante delicado. De acordo com a definição do próprio Banco Central, o open banking “é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo BC.” Reforçando a definição, repare como é o cliente o responsável pela autorização do compartilhamento desse conteúdo; é ele quem decide quais e por quanto tempo as informações serão disponibilizadas a determinadas instituições – também definidas pelo consumidor, que passa a ser o dono dos próprios dados.

É uma concepção completamente diferente do que já vemos hoje com o sistema financeiro, mas precisamos nos antecipar à novidade e compreender o que virá a ser, de fato, a plataforma de open banking. Portanto, darmos um breve “passo atrás” pode ser importante para o pleno conhecimento. Hoje, não há comunicação acerca do relacionamento do cliente entre diferentes instituições financeiras e, com isso, maior dificuldade no processo competitivo por este consumidor. Essa é uma dor que a nova tecnologia em desenvolvimento pelo Banco Central do Brasil (num movimento global de evolução tecnológica do setor financeiro) pretende solucionar: a criação de um ecossistema financeiro interconectado e com o cliente – e seus dados – no centro dessa relação.

Dentre as soluções propostas merecem destaque os comparadores de serviços e tarifas, com a possibilidade de (novamente, em uma única tela) transparência na relação entre custo e benefício para o cliente; os softwares de aconselhamento financeiro e planejamento familiar, promovendo maior eficiência da gestão de orçamento doméstico; serviços de iniciação de pagamento, como é o caso das transações bancárias através do WhatsApp (sim, já é uma conquista do open banking); e, também, a criação de um marketplace de crédito, fomentando a competição entre instituições por juros mais baixos.

Essas novas funcionalidades só puderam surgir por conta da evolução das tecnologias de comunicação e isso proporcionou um grande avanço desta plataforma: a portabilidade de relacionamento, assim as instituições autorizadas por você e pelo BC podem trocar essas informações e facilitar a contratação de diferentes produtos emitidos por diferentes companhias.

O projeto é ambicioso e tem tudo para mudar a forma de organização do sistema financeiro. Elaborado para ser implementado em quatro etapas; a primeira já foi concluída e outras duas estão planejadas para serem entregues ainda em agosto, mas o objetivo é finalizar o projeto até 15 de dezembro deste ano de 2021. É a partir desta data (se nada for adiado) que consumidores de serviços e produtos financeiros poderão ter acesso pleno a todas as atividades que compõem o sistema. Esteja atendo, pois as novidades não param. Precisamos estudar muito. Sempre!

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