Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
O que a economia global tem a lhe dizer
Gabriel Alves
Educação Financeira
Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.
Analisar a dinâmica e a correlação de economias globais é fundamental para compreender os movimentos e ciclos de mercado responsáveis por ditar o ritmo da criação de novos negócios e desenvolvimento de qualidade de vida, abrindo espaço para tirarmos os melhores proveitos do conhecimento financeiro. Mas entender todo o contexto de acontecimentos globais e domésticos não é uma tarefa simples. Contudo, ainda assim, é possível desmistificar o que parece indecifrável.
Portanto, para tornar o exercício mais tragável vamos aos assuntos da semana. Nada melhor do que exemplificar com acontecimentos reais – e atuais – para desenvolver conhecimento.
Iniciamos a última segunda-feira, 5, com notícias positivas para o payroll dos Estados Unidos. Com resultado acima do esperado, durante o mês de novembro foram criados 263 mil vagas de trabalho ao cidadão urbano (vagas de trabalho fora do setor agrícola). Por lá, política monetária também tem recebido bastante atenção e a inversão de juros (título de longo prazo pagando menor prêmio em comparação com títulos de curto prazo) provoca expectativas de juros elevados até 2023/24 para controlar a inflação desse período e, por fim, iniciar os cortes para estimular o crescimento econômico e superar o momento de recessão.
Na China, a reabertura econômica decorrente da maior flexibilização de suas políticas restritivas de Covid Zero incentivou investidores a buscarem alocações mais confiantes. Estamos falando do maior país exportador do mundo e sua relevância no comércio global é inquestionável.
Consequência?
O Brasil tem a China como principal parceiro comercial. Esta, por sua vez, é a grande “fábrica do mundo” e tem os Estados Unidos como principal importador (ou encomendador de produção, se preferir).
Considerando todo esse processo entre países responsáveis pela dinâmica de economia global, o mundo discute como a possível recessão afeta o relacionamento globalizado de produção e consumo. Em resumo, a preocupação está na instabilidade das relações comerciais entre grandes economias.
Partindo para acontecimentos domésticos, no Brasil a taxa Selic se mantém em 13,75% ao ano. Refletindo a conjuntura econômica global de contenção à inflação que sucede incertezas de crises e precede expansão econômica.
O payroll nos EUA mostra que a inflação por lá se mantém relevante: novos empregos, mais gente com renda e, logo, maior consumo. Dada as leis de oferta e demanda, quanto maior for a demanda, maior o preço de equilíbrio de determinado produto ou serviço (pronto, encontramos mais inflação).
Por outro lado, juros altos aumentam os riscos de investimentos em setores produtivos e não incentivam a expansão de oferta. Quando este cenário encontra incertezas políticas e restrições como a política chinesa de Covid Zero o momento torna-se ainda menos favorável.
Portanto, o momento é de dinheiro caro e podemos fazer uma leitura de estratégia individual para este cenário. Recorra a baixo consumo, pouco crédito, leve investimento em setores produtivos e maiores alocações indexadas a juros e inflação. Interpretar o contexto do que te cerca pode te fazer evitar riscos desnecessários e proporcionar melhores decisões para o seu dinheiro. Pode parecer pouco relevante, mas tomar decisões em conjunto com grandes participantes da economia global pode te botar numa posição vantajosa.
Gabriel Alves
Educação Financeira
Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário