Educação Financeira como formação cidadã

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 03 de dezembro de 2021

Não é raro encontrar pessoas sem o mínimo de conhecimento acerca de suas finanças pessoais. Pelo contrário, é muito comum se deparar com situações onde cidadãos, já adultos, encontram-se em circunstâncias cada vez mais delicadas justamente pela ausência (total ou parcial) de educação financeira. Esta, por sua vez – e como o título da coluna de hoje sugere –, é fundamental e indispensável para a formação cidadã. Um trabalhador não pode se colocar numa situação de risco pela falta de conhecimento financeiro. Ademais, num cenário ainda mais extremo – porém não irreal – um trabalhador não pode ser colocado (repare como agora o indivíduo, ou o sujeito no português culto, torna-se agente passivo do meio) nessas circunstâncias pela falta de conhecimento financeiro.

O que hoje pode parecer forçado com os inúmeros canais de comunicação financeira nas mais diversas redes de comunicação, eu vejo como uma enorme força de democratização do acesso ao conhecimento. É claro, há muito conteúdo irrelevante, desconexo e fraudulento que mais atrapalham do que ajudam, mas não deixa de ser uma forma de aprendizado: afinal, o desenvolvimento de senso crítico é imprescindível (e um dos grandes objetivos) para o processo.

Educação financeira tem se tornado um projeto. Particularmente, eu a tenho como projeto de vida. Precisamos falar sobre dinheiro e encará-lo de acordo com o que ele é: uma ferramenta de transação. E ferramentas, como sempre faço questão de lembrar, precisam bem utilizadas. Aqui entra a necessidade do ensino bem programado e com conteúdo pragmático definido; finanças é assunto a ser ensinado nas escolas. O trabalhador precisa ter, no mínimo, conhecimento básico sobre o juros, custo efetivo total, produtos de crédito e investimentos, tributação e alguns outros pontos específicos para encarar a realidade da autonomia financeira. Isso é segurança; segurança financeira. Não era para o Estado prover segurança e educação? Só aqui podemos destacar duas de suas grandes obrigações com a sociedade num único nicho. Contudo, vemos alguns avanços importantes.

Em Nova Friburgo, por exemplo, educação financeira já é conteúdo obrigatório (ainda que como conteúdo transversal) nas escolas municipais de ensino fundamental de acordo com a Lei Orgânica de 2018. É cumprido? Não sei, mas fica registrada aqui minha explanação e a disponibilidade para auxiliar na estruturação da implementação deste conteúdo (e do cumprimento da lei vigente) para o desenvolvimento positivo da população friburguense.

Educação financeira tem relevância ainda pouco difundida e é um forte instrumento de política social pouco explorada, mas com enorme potencial de redução da desigualdade. Em 2019, antes de ser criada uma lei estipulando o limite máximo de taxas nesta modalidade de crédito, o Santander (instituição com as maiores taxas da época) cobrava mais de 400% de juros ao ano sobre saldos devedores no cheque especial; a alternativa mais utilizada pela população brasileira. Isso é inadmissível e a população precisa ter conhecimento suficiente para combater estas práticas abusivas.

Educação Financeira como formação cidadã é projeto a ser implementado com urgência. O povo precisa disso para voltar a ter acesso – ainda que soe redundante – à qualidade de vida de qualidade.

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Gabriel Alves

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