Bolsas sangrentas

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Se você é investidor e tem acompanhado sua carteira nas últimas semanas, provavelmente está vendo seus ativos “derreterem”. O mercado de renda variável é assim, não tem jeito, é preciso ter estômago para aguentar tanta volatilidade – ainda mais em tempos de crise global.

E não é só o Brasil que está passando por isso, as bolsas mundo a fora têm sofrido demais os impactos de grandes acontecimentos que 2020 reservou para a economia global. Mas antes de analisá-los e entender o porquê de tata volatilidade, vamos a alguns dados:                            

Reino Unido: Índice de referência – FTSE 100 (UKX): atingiu a máxima de 2020 em 17 de janeiro com 7.674,56 pontos, caindo para 5.490,25. Resultado: - 28,46%.

Rússia: Índice de referência – RTS (RTSI): atingiu a máxima de 2020 em 20 de janeiro com 1.646,60 pontos, caindo para 973,80. Resultado: - 40,86%.

Brasil: Índice de referência – Bovespa (Ibov): atingiu a máxima de 2020 em 23 de janeiro com 119.527,63 pontos, caindo para 75.247,25. Resultado: - 37,05%.

Estados Unidos: Índice de referência - Dow 30 (DJI): atingiu a máxima de 2020 em 12 de fevereiro com 29.551,42 pontos, caindo para 23.553,22. Resultado: - 20,30%.

Itália: Índice de referência – FTSE MIB (FTSEMIB): atingiu a máxima de 2020 em 19 de fevereiro com 25.477,55 pontos, caindo para 16.698,50. Resultado: - 34,46%.

Alemanha: Índice de referência – DAX 30 (DAX): atingiu a máxima de 2020 em 19 de fevereiro com 13.789,00 pontos, caindo para 9.634,70. Resultado: - 30,13%.

Todos esses valores foram consultados na manhã desta quinta-feira, 12. A propósito, esperei a bolsa de São Paulo abrir e acionar o terceiro Circuit Breaker da semana antes de analisar os dados brasileiros. Vamos entender esses números?

Antes de mais nada, dentre todos os destaques, Brasil e Rússia foram os países que mais sofreram, o que é esperado por sermos – ainda – países emergentes; os reflexos de uma crise global são ainda mais influentes sobre nós.

A economia global entra em 2020 já em clima de muita tensão; é ano de eleição nos Estados Unidos, e eleições estadunidenses geram impactos, mundiais, diretos. Já sabia-se que seria um ano de volatilidade acima da média devido às incertezas político-econômicas.

Contudo, as grandes surpresas começam com o surto de uma nova doença (até então, desconhecida pelos cientistas) na China, o Covid-19 – Coronavírus. Classificado pela ONU como pandemia, os impactos econômicos são diretos: com um surto global, portos e aeroportos passam a ter funcionamento restrito, produtos deixam de ser importados/exportados e, até mesmo, produzidos – já que grandes indústrias passam a ser fechadas temporariamente diante da eminência de contaminação.

Ademais, passadas algumas semanas do reconhecimento desta nova doença, Rússia e Arábia Saudita entram em guerra de preços para a exportação de petróleo. Os grandes produtores da commodity tem noção do momento econômico e ambiental da sociedade global: os próximos 20, talvez 30 anos são a chance de ainda gerar renda a partir do petróleo. As fontes de energia e matéria-prima já estão sendo revolucionadas. Lembra-se da influência do carvão mineral na Primeira Revolução Industrial? Era a maior fonte de energia da época, mas os tempos mudam.

A crise vai passar! Já passaram outras. Ainda não há previsão para a criação de vacinas para o coronavírus dentro de um ano, mas alguns tratamentos já se mostram eficazes e a luta agora é contra a proliferação; Rússia e Arábia Saudita já estão buscando novos acordos para a comercialização do petróleo; e pouco se fala das eleições nos Estados Unidos.

Agora, vamos voltar para a sua carteira de ações caindo? Talvez seja o momento de encontrar boas empresas com um preço por ação abaixo do valor de mercado. Pode ser uma ótima oportunidade de fazer bons lucros, mas lembre-se: analise com cautela e fundamento. Outro ponto importante, é ter bem organizados os investimentos em ações para, justamente em tempos de baixa, não precisar se desfazer das posições e acabar saindo com prejuízo.

O tema é importante e já até excedi meu espaço para esta coluna, mas, para finalizarmos mais um encontro semanal, sabe o que mais me chama a atenção nesse contexto?

China: Índice de referência – Shanghai Composite (SSE Composite): atingiu a máxima de 2020 em 13 de janeiro com 3.115,57 pontos, caindo para 2.923,49. Resultado: - 6,16%.

O governo chinês estava mais preparado para o Covid-19 do que o mundo imagina?

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