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Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

            O Caderno Z é mestre em apresentar roteiros que nos colocam em estado de atenção para que possamos entender melhor os meandros da existência. O tema adoção  tem sido muito difundido, basta dizer que o Brasil tem mais de cinco mil crianças e adolescentes à espera de adoção. Decidir aumentar a família pelo processo natural, quando se programa uma gravidez, tem o seu valor. Contudo, esse valor é muito mais potencializado quando um casal resolve expandir a família por intermédio de adoção.

            É uma troca: o casal ganha o novo integrante e esse, a nova família. A disposição do casal é o ato louvável, de desprendimento, um passo marcante para as mudanças entre as partes envolvidas. Tornar-se pai e mãe é um aprendizado para a vida inteira, pois, nunca se estará totalmente pronto, já que as experiências vão surgindo, cada uma em seu tempo e no seu modo. É uma construção diária, principalmente se o novo integrante for uma criança “mais velha”, que já tenha uma história, uma espécie de arquivo com dados de outros convívios. Nada que o respeito e a compreensão não harmonizem.

            A matéria, entre os depoimentos, mostra um quadro a ser apreciado, pois “não é por serem mais velhas que as crianças chegam prontas para a adoção, achando sensacional ser filho de alguém que ela não conhece. Isso pode e deve ser construído”. Embora haja uma preferência por adoção de bebês, as crianças que estão no sistema de adoção têm mais de três nos de idade. Outra tendência é para a “adoção de meninas, sem doenças graves e irmãos”, o que difere da realidade do sistema, em que a maioria gira em torno de meninos, com mais de cinco anos e pelo menos um irmão”.

            O desafio da adoção está mais para quem vai adotar, porque se o casal não tem filhos e ainda não viveu tal experiência, há de ser uma novidade: mais alguém no ambiente doméstico, mais alguém para ocupar espaços, sejam eles físicos ou emocionais. Debates sobre educação e responsabilidades com o novo ser entram na dinâmica da vida a dois e assim os laços vão se firmando no dia a dia. Conheço casos interessantes de adotados que, com o tempo, passaram a ter características da família, muitas vezes, semelhantes aos temperamentos da mãe ou do pai.

            Deixando o Caderno Z com boas reflexões pelas possiblidades de vida nova para muitas crianças e adolescentes, seguimos com Vinicius Gastin num delicioso passeio até o Estádio Eduardo Guinle que se prepara para completar 70 anos de fundação em 16 de maio deste ano. O terreno foi doado por César Guinle, em 1951, para ser a sede do Fluminense Atlético Clube, o atual  Friburguense. São sete décadas de história recebendo grandes eventos. Nós, participantes da vida da cidade, já vivemos as mais variadas emoções, além dos jogos. Eu guardo ainda as emoções de quando o estádio recebeu o show de Milton Nascimento, em 9 de novembro de 1991. Chovia bastante e eu, grávida de minha segunda filha, estava lá, presenciando o inesquecível espetáculo.

             “Marginais roubam placa de Feliciano” – A notícia está em “Há 50 Anos”, mas parece ter sido um anúncio do que aconteceria por volta de 2021, quando várias placas  foram roubadas na cidade. Foi uma avalanche de assaltos contra o patrimônio público, um verdadeiro mistério para um tempo que se fez tão avançado. Falando em patrimônio, ficou muito mal localizada aquela série de banheiros químicos na calçada da Usina Cultural. Uma poluição ofuscando a bela arte urbana na parede lateral do prédio. Nessas situações, eu me lembro da saudosa museóloga Lilian Barreto que defendia a preservação do bem público, mantido e protegido da poluição visual. A charge de Silvério é o retrato da vida real de um folião; o pesadelo pós carnavalesco, com a vida voltando a ser a vida. Depois da chuva de confetes, vem a chuva de boletos. IPTU, foro e taxas de incêndio incendeiam as contas que chegam nas águas de março. Sem contar as 17 toneladas de lixo, só cantando com Chico Buarque: “Carnaval, desengano, deixei a dor em casa me esperando... e brinquei e cantei e fui vestido de rei, quarta-feira, sempre desce o pano...”. 

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A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

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