O que escapole do inconsciente

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Você quer dizer uma palavra e sai outra. De onde veio esta palavra que você não pensou conscientemente nela? Você reprime muito as emoções e quando perde o controle, fica violento. De onde vem esta violência? Você não se sente amada por seu marido e vive pedindo a ele para fazer coisas para você que você poderia fazer. Qual o significado destes pedidos? Sua patroa é grosseira no jeito de falar e você esquece com frequência de colocar ração para o cachorro dela. Qual a razão deste esquecimento? Seu esposo é autoritário e você vive com uma dor que impede a relação sexual. De onde ver esta dor? Sua esposa é agressiva verbalmente e você desenvolve ejaculação precoce. Será uma forma de se afastar dela?

O que está em nossa mente e não vem em nossa consciência, geralmente escapole pelo corpo, nos sintomas psicossomáticos, em palavras e ou atitudes “estranhas” que você normalmente desconhece em si mesmo.

Alguns têm mais falta de autoconhecimento e outros menos. Trancamos bem nossa mente inconsciente para nos proteger do que nos assusta, machuca, entristece, produz angústia ou muita raiva. Nosso eu tem muita defesa psicológica, saudável ou doentia. Defesa psicológica é bom porque nos protege de cometer gafes, perder o controle emocional, ajuda a manter nossa privacidade, mas também pode nos impedir de nos conhecer melhor e atrapalhar a espontaneidade e a genuinidade.

Geralmente o autoconhecimento dói, mas liberta. Dói porque tomamos consciência de situações que vivemos no passado que foram dolorosas e que havíamos enterrado a lembrança com os sentimentos relacionados a esta lembrança sem pensar mais no assunto. Liberta porque viver a dor, expressá-la, deixar que ela saia, favorece para que ela vá embora e termine.

Seria muito útil se algumas pessoas parassem para pensar: Por que tive aquela atitude violenta? Por que não falei o que precisava falar? Por que me intimidei diante daquela pessoa arrogante? Por que vivo tentando justificar os comportamentos ruins da pessoa com quem vivo? Por que explodo fácil? Por que fujo dos problemas? Por que sinto essa vontade de chorar não sei de onde e por que? Por que esta angústia aperta meu peito há tanto tempo? Por que sou viciado em corrupção? Por que vivo mentindo?

É incrível como que vivemos muito sob a influência do inconsciente. E isso não tem que ver com inteligência, cultura ou academicismo da pessoa. Doutores em qualquer área do saber sofrem destes dribles que o inconsciente dá, quando sai a palavra ou o comportamento não habitual que surpreende, para o bem ou para o mal, para construir ou para destruir.

A cura mental e espiritual para ser processada, requer o aumento da autoconsciência. Preciso entender por que não disse o que queria dizer. Preciso entender por que disse o que não queria dizer. Preciso saber quem é este eu aqui dentro de mim que vez ou outra me dá uma rasteira. Conhecer a si mesmo é grande ciência. E para isso acontecer não preciso me formar em curso superior. O ingrediente básico é querer a verdade sobre eu mesmo com todo o meu coração e buscá-la com todas as minhas forças, pedindo a Deus a luz do autoconhecimento.

_______

Cesar Vasconcellos de Souza – médico psiquiatra 

www.doutorcesar.com

www.youtube.com/claramentetnt

Publicidade
TAGS:
César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.