O que deu errado?

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

            “Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe. E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.” Renato Russo imortalizou essas palavras. Faço minhas as suas palavras...e sentimentos. Quem me dera!

            Quem diria que chegaríamos no século 21 e tanta coisa permaneceria socialmente mal resolvida? Posso recordar, ainda que com vagos lampejos de lembrança, que havia na década de 1990 uma esperança turbinada por ocasião da virada do século. Um misto de medo, de desconfiança, de graça, de ilusão e bastante esperança. Quem se lembra?

            Havia uma profecia de Nostradamus dando conta de que o mundo acabaria no dia 11 de agosto de 1999. Teve gente que acreditou. Lembro-me de naquele dia, ainda uma adolescente, estar na estrada rumo a um evento especial para a minha família, olhando pelo vidro da janela do carro, deparei-me com um pôr do sol incrível e, pasme, numa fração de segundo me perguntei se aquele seria o último. É, o planeta não desintegrou e cá estamos nós enquanto humanidade morando na Terra. Havia uma curiosidade se tudo continuaria igual com a virada do século. Havia uma postergação de compromissos para o ciclo seguinte, coisas importantes, projetos vindouros, investimentos, decisões que só seriam tomadas no século 21. Quem se lembra?

            Pois já estamos em 2023, beirando 2024. Sim, ano de dois mil e vinte e quatro! Quem diria. O futuro chegou e cá estamos nós. Não andamos em carros que voam, não vivemos em cidades sustentáveis nem descobrimos a cura do câncer. E agora, José? Algo novo por vir? Aguentamos ainda mais? Estamos sobrevivendo a um turbilhão, a uma sequência de acontecimentos complexos. Paira uma sensação de realmente precisarmos valorizar o aqui e agora. Atenção plena. A vida está acontecendo neste segundo. O dia de amanhã... a gente não sabe.

            Em pleno século 21 vivemos a barbárie das guerras, temos milhões de pessoas com insegurança alimentar, mulheres são estupradas, homenagens à ditadura, consequências de uma pandemia, calçadas mais cheias de pessoas sem lares, a violência doméstica se propalando, professores sendo agredidos por alunos, mais alimentos com agrotóxicos sendo consumidos do que orgânicos, xenofobia, misoginia, homofobia, racismo e por aí vai.

            O que deu errado? Estamos no século 21. Era para ter zerado o jogo, começado de novo, em outro patamar, um nível acima. Quantas gerações imaginaram tempos atrás sobre como estaríamos vivendo agora. Estaríamos convivendo com robôs? Teríamos alcançado a almejada paz no Oriente Médio? Conseguiríamos eliminar a fome no mundo? Teríamos inventado a máquina do tempo em vez de perdemos tanto tempo com tanta coisa inútil? Já pararam para refletir se os nossos antepassados estariam orgulhosos de nós, do que estamos fazendo com o planeta? De como estamos lidando com os demais seres? De como cuidamos do meio ambiente? Estamos sendo bons exemplos para as futuras gerações? Deixando um legado primoroso?

            Vamos pensar sobre isso. Talvez dê tempo de pularmos de fase nesse jogo, conquistarmos territórios importantes, vencermos o mal no final de etapa para zerarmos essas batalhas há anos, décadas, séculos travadas. Estamos com o controle nas mãos ou somos os personagens do jogo? O que podemos fazer para vencer?

            Quero, sinceramente, ao chegarmos no século que vem, ser poupada de fazer parte de uma geração destrutiva. Dá tempo. Vamos nos unir para fazer diferente o que poderia ser melhor. E será. A esperança continua viva, em pleno século 21.

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Paula Farsoun

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Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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