Siqueira explica por que o Friburguense é favorável à volta do futebol

Diversas reuniões foram promovidas para elaboração de protocolos e definição de datas
segunda-feira, 22 de junho de 2020
por Vinicius Gastin
Na visão de Siqueira, retorno do futebol é feito com a devida segurança
Na visão de Siqueira, retorno do futebol é feito com a devida segurança

        O retorno do Campeonato Carioca ainda divide opiniões. O duelo entre Flamengo e Bangu, na última quinta-feira, 18, no Maracanã, marcou a retomada do futebol estadual, e com ela, as mais diversas discussões sobre o assunto foram acirradas. Há quem entenda não ser o momento para a bola voltar a rolar, enquanto a maioria dos clubes e a Federação do Rio de Janeiro defendem que, com o aval das autoridades (Estado e Prefeitura do Rio), que há um protocolo seguro para viabilizar a realização das partidas.

        O Friburguense está entre os 14 clubes que defendem o retorno da competição – apenas Botafogo e Fluminense se posicionaram contrários. Através do gerente de futebol José Siqueira, o Tricolor participou ativamente de todas as reuniões, expressou opiniões e contribuiu para a formulação do protocolo Jogo Seguro (que A VOZ DA SERRA mostra de forma detalhada na edição da próxima terça-feira, 23).

Na visão de Siqueirinha, o futebol é uma atividade como outra qualquer, profissional, e precisa ser retomada. O dirigente também garante que a retomada está sendo planejada de forma responsável.

        “Para muita gente o futebol não deveria ser retomado, por não ser essencial. Mas é uma atividade como qualquer outra, e que precisa ser reiniciada. Só o Friburguense, hoje, emprega 54 pessoas com carteira assinada. É uma engrenagem de uma empresa, e o futebol movimenta milhões de empregos no Brasil. O argumento de jogar no Maracanã, ao lado de um Hospital de Campanha, não cabe. O jogo não é uma diversão, uma pelada, é um trabalho sério. E em nada impacta, pois não há torcida. Nada está sendo feito sem responsabilidade. Pelo contrário, o futebol deveria ser um exemplo pela forma segura como está sendo retomado, com tantas garantias. Temos sido tratados de outra forma. É preciso refletir um pouco sobre isso. Existem muitos interesses em cima de cada atividade, inclusive o futebol”, observa o gerente de futebol do Friburguense.  

        O Estadual do Rio ficou paralisado por pouco mais de três meses. Desde a paralisação até a última quarta-feira, 17, clubes, Federação e autoridades realizaram diversas reuniões para planejarem como seria feito o retorno dos jogos.

“Tivemos uma paralisação de quase 100 dias, a partir de uma reunião no dia 16 de março. Na ocasião não tínhamos mortes ainda no Brasil. Ali faltavam duas rodadas para o fim da Taça Rio, o que poderia ser feito em quatro a seis dias. A ideia de 14 clubes era essa, mas Botafogo e Fluminense, já nesta reunião, pediram uma paralisação. Existia naquele momento até uma questão política envolvida. Mas mesmo sendo uma maioria, o grupo escutou os dois clubes e tomou a decisão de parar”, recorda Siqueira.

        Em meio as discussões, a ideia inicial era montar um protocolo com medidas para garantir a segurança de atletas e funcionários dos clubes, tão logo houvesse liberação para o retorno do campeonato. Na visão de Siqueirinha, o Jogo Seguro pode se tornar um modelo para as demais federações brasileiras.

“Nas reuniões seguintes começou a confecção dos protocolos, juntamente com médicos, advogados. Para muita gente não era o momento de pensar naquilo, mas tudo foi feito de forma virtual e segura, exatamente para planejar uma volta depois de três meses, como está sendo, cinco ou mais tempo. Mas o protocolo tinha que ser feito, e a Federação teria que ser exemplo de estrutura apara o retorno às atividades”, destaca Siqueirinha.

Polêmica alvinegra e tricolor

        Botafogo e Fluminense teriam jogos a serem realizados nesta segunda-feira, 22, mas não devem entrar em campo. Dentre os argumentos estão o cenário epidemiológico ainda delicado e o fato de terem retomado as atividades de campo há poucos dias. Os argumentos possuem embasamento, mas Siqueira lembra que os dois clubes já estavam cientes dessas possibilidades.

        “Logo no dia 2 de abril ficou definido de forma unânime que, assim que os órgãos responsáveis na área de pandemia, ou seja, governadores e prefeitos, segundo determinou o STF, autorizassem tecnicamente, o campeonato voltaria. Em nenhum momento se forçou uma situação para voltar antes do tempo. Ali Botafogo e Fluminense votaram favorável. Quando a gente soube da flexibilização para a volta aos treinos, nos reunimos e deixamos bem claro que marcaríamos as datas em arbitral, de dois a cinco dias para o início da competição”, lembrou.

        Em meio a toda essa polêmica, criou-se o aspecto de que os clubes favoráveis à volta do futebol estão atropelando recomendações e agindo em desconformidade com o atual quadro da pandemia no Estado do Rio. Algo rebatido pelo gerente de futebol do Friburguense

        “A forma como foi divulgado parece que 14 clubes queriam a todo custo um retorno, seja pelo lado financeiro ou por falta de responsabilidade, e que dois teriam planejamento correto. Isso foge totalmente ao que foi definido por um colegiado. Ninguém está atravessando as questões técnicas a serem cumpridas. Chega a ser hipocrisia. Os órgãos responsáveis, técnicos, deram o sinal verde. Temos a oportunidade de terminar o campeonato porque fomos autorizados para isso. Ninguém questiona a dor das mortes e tudo o que está acontecendo, mas há uma questão técnica que autoriza. Não é pela questão financeira ou falta de responsabilidade. Nós estamos sofrendo com uma questão política há muitos anos, um processo de elitização do futebol, e o presidente da Federação sabe disso. O campeonato de 2021 pode ser impactado, em cima de um argumento de que não se terminou o Estadual deste ano”, observa Siqueira.

        Ainda de acordo com o dirigente do Tricolor há possíveis interesses políticos envolvidos no posicionamento de cada clube.

“Há muitos interesses que não podemos aqui afirmar, pois é complicado, mas foge de todo um planejamento. Se a pandemia começa a ter um aumento de casos em julho, posso afirmar que não vai ser devido à volta do futebol. Os 40 atletas que vão estar envolvidos num jogo vão melhorar as condições próprias e de familiares a partir da estrutura oferecida pelos clubes. No Vasco, por exemplo, os 15 atletas que chegaram infectados já estão treinando. O Flamengo não teve mais nenhum caso, e todos os pequenos já passaram por três testes cada. Eu poderia desafiar alguma empresa que tenha um protocolo que chegue perto, em termos de segurança, para os seus funcionários. Esse documento exige um lado financeiro, e a Federação ajudou nos primeiros testes, na higienização. Depois os clubes devem ressarcir a entidade. O gasto é grande. E até nesse ponto Botafogo e Fluminense deveriam pensar. Não é questão de jogar em junho ou julho, como colocou o prefeito do Rio, Marcelo Crivella. E os adversários de ambos, que trabalharam para jogar em junho? Eles tiveram a opção de treinar e não fizeram”, conclui o gerente tricolor.

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