- O Boitatá — de origem indígena e protetor das florestas —, é descrito como uma grande serpente de fogo. Protege os animais e as matas das pessoas que lhes fazem mal e principalmente os que realizam queimadas nas florestas. Na narrativa folclórica, essa serpente pode se transformar num tronco em chamas para enganar e queimar os invasores e destruidores das matas. A palavra boitatá, na língua tupi-guarani, significa cobra (boi) de fogo (tata). Sua lenda foi registrada num texto do padre jesuíta José de Anchieta, baseado nos relatos dos indígenas.
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A Mula sem cabeça, na maioria dos contos, é o fantasma de uma mulher amaldiçoada por ter se relacionado com um padre e condenada a se transformar em uma mula sem cabeça que tem fogo no lugar da cabeça. Ela galopa através dos campos desde o pôr do sol de quinta-feira até o nascer do sol de sexta.
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A Iara, do termo indígena Iuara que significa “aquela que mora nas águas”, é uma sereia que vive nos rios da Amazônia. Muitas vezes sua figura é confundida com o orixá africano Iemanjá, a rainha do mar, com seus longos cabelos pretos e olhos castanhos. A sereia emite uma melodia que atrai e hipnotiza os homens. Com seu canto e voz doce são levados por ela para o fundo do rio e morrem afogados.
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O Curupira é descrito como um anão forte e ágil de cabelos ruivos e pés virados para trás. Assim, ao caminhar, ele engana quem pretenda segui-lo, já que operseguidor pensará sempre que ele foi na direção contrária. A lenda diz que o Curupira vive na mata fazendo travessuras, mas também protegendo as florestas. No entanto, para índios e bandeirantes, ele era considerado uma criatura perigosa e maliciosa, e muito temida. No tupi-guarani, o termo Curupira (kuru'pir) significa “corpo de menino”.
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A Cuca é uma bruxa velha com aparência assustadora com cabeça de jacaré e unhas imensas. Dona de uma voz assustadora, ela rapta as crianças desobedientes. Reza a lenda que a Cuca dorme uma vez a cada sete anos. Por isso, os pais tentam convencer as crianças a dormirem nas horas certas pois, do contrário, “a Cuca vem pegar”. Acredita-se que sua lenda tenha origem no folclore galego-português baseada na criatura "Coca", que significa "crânio, cabeça", e seria um fantasma ou um dragão comedor de crianças desobedientes que fica à espreita nos telhados das casas para raptá-las se fizerem alguma malcriação.
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O Lobisomem é conhecido como uma criatura feroz que possui as características de um homem comum de dia que se transforma em lobo nas noites de lua cheia. Acredita-se que por castigo divino ele está condenado à essa transformação até o final de sua vida. Reza a lenda que, inicialmente, um homem foi mordido por um lobo e ficou enfeitiçado, adquirindo garras de lobo e um corpo coberto de pelos, que saía uivando em busca de seu alimento predileto: sangue. Até os dias de hoje, essa criatura gera medo nos moradores, principalmente das áreas rurais e distantes da cidade.
31 de outubro no Brasil é o Dia do Saci-Pererê
O Dia do Saci, comemorado no mesmo dia do Halloween, foi criado em 2003, mas somente 10 anos mais tarde a data foi oficializada. Em 2013, a Comissão de Educação e Cultura elaborou o Projeto de Lei Federal n.º 2.479, que foi aprovado pelo Congresso Nacional, com o intuito de resgatar e valorizar o folclore do nosso país, promover a cultura nacional e as tradições brasileiras. Confira um dos trechos do Projeto:
“Instituir o Dia do Saci representa oferecer à sociedade um instrumento de valorização da cultura popular como elemento fundamental na constituição da identidade brasileira. Por meio da previsão anual da comemoração da data, na forma de eventos culturais e atividades festivas, as iniciativas propõem o resgate e a valorização de nossas tradições e manifestações folclóricas originais.”
Em São Paulo a data foi oficializada em 2004 por meio de Lei Estadual, e no dia, instituições educacionais do país propõem atividades relacionadas a essa figura folclórica. A ideia é divulgar a história do folclore brasileiro, já que muitos não conhecem as lendas que envolvem o imaginário do nosso país. Apesar da iniciativa, a data não é festejada pelos brasileiros, como merece, apesar de o personagem ser uma das figuras mais emblemáticas do nosso folclore e possuir influências indígena e africana.
Atividades
Algumas escolas costumam realizar eventos relacionados à figura do Saci, com atividades como:
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Confecção de boneco do Saci e de gorros vermelhos; leitura de lendas; apresentações teatrais;
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Jogos — caça ao Saci, criar crinas de cavalo com lã e montar um circuito com elas a fim de ver quem é o mais rápido nos nós.
Saci e Halloween
Por trás de sua criação, o Dia do Saci revela uma resposta ao incômodo que muitas pessoas sentem em relação à comemoração do Halloween (Dia das Bruxas), que é uma festa tradicional realizada em diversos países anglo-saxões, sobretudo nos Estados Unidos.
A festa das bruxas tornou-se conhecida no Brasil há muitos anos, através do cinema americano e dos cursos de línguas, que começaram a divulgar a data. Assim, o Dia do Saci surge em contraposição à cultura dos países de língua inglesa, no mesmo dia em que se comemora o Halloween em diversas partes do mundo.
Outro trecho do Projeto de Lei de 2003 destaca:
“A data escolhida […] parece-nos pertinente. A comemoração do Halloween no Brasil — como tantas outras celebrações da cultura norte-americana de forte apelo comercial — tem atraído cada vez maior número de jovens e crianças. Criar, na mesma data, o Dia do Saci é, portanto, uma forma de se oferecer à juventude brasileira a alternativa de festejar as manifestações de sua própria cultura.”
A lenda descreve o Saci-Pererê como um menino negro criativo e levado. Dentre as suas principais peraltices, estão: dar nó nas crinas e rabos dos cavalos, confundir as pessoas e os animais com assobios, fazer objetos desaparecerem e trocar recipientes de sal pelos de açúcar.
Características
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Possui uma perna só.
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Usa um gorro vermelho.
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Fuma cachimbo.
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Costuma se locomover dento de um redemoinho.
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Vive criando confusão.
Curiosidades
Monteiro Lobato, um dos maiores escritores infanto-juvenis do Brasil, foi um dos responsáveis por divulgar a lenda do Saci, com a coleção de livros “Sítio do Pica-Pau Amarelo”. O personagem ganhou espaço nas telinhas da TV Globo com o programa de mesmo nome, e com desenhos inspirados no folclore nacional.
Na cidade de Botucatu (SP), considerada a capital nacional do Saci, se encontra a Associação Nacional de Criadores de Saci (ANCS), que tem como objetivo principal divulgar essa carismática figura folclórica. Em outra cidade paulista, São Luiz do Paraitinga, foi criada a Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci), uma organização que pretende valorizar a cultura popular brasileira incentivando o desenvolvimento de projetos que promovam a sua difusão.
(Fonte: todamateria.com.br)
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