Queda nos casos de dengue e aumento da oropouche

Mais de 11 mil casos foram registrados no Brasil em 2024, alcançando 22 estados
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)
O Brasil registra redução de aproximadamente 60% nos casos de dengue em 2025. Nas primeiras seis semanas, o número de casos prováveis de dengue no Brasil é aproximadamente 60% menor em relação ao mesmo período de 2024. Os dados são do painel de monitoramento das arboviroses do Ministério da Saúde (MS).

Cachoeiras de Macacu lidera o ranking de registros da doença no Estado, com 101 casos, do total de 336 registrados até o momento
Por outro lado, nas primeiras semanas deste ano, o país registrou 3.680 casos de febre de oropouche, com 94% dos casos concentrados no Espírito Santo — 3.463 infecções. O número de casos no país representa uma alta de 73% em relação ao mesmo período em 2024, quando foram registradas 2.125 infecções. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, os estados do Rio de Janeiro (167 casos), Minas Gerais (33) e algumas ocorrências pontuais no Distrito Federal, Ceará, Paraná, Paraíba e Roraima completam os dados do MS.

Em julho do ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde de Nova Friburgo informou que a Vigilância Epidemiológica recebeu um comunicado da Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses da Secretaria estadual de Saúde (SES/RJ), confirmando resultado positivo para o vírus oropouche no município.

Equipes de Vigilância Epidemiológica foram à casa do paciente para conduzir as investigações e determinar se o caso era de transmissão local ou importado, e traçar as estratégias para uma ação. O paciente,  de 81 anos, manifestou sintomas com quadro de cefaleia, tontura, náusea e vômitos. Não foi necessária internação, e o idoso evoluiu para cura sem sequelas. Ele não tinha histórico de viagem recente. Foi o primeiro caso da doença em Friburgo, até hoje, já que não houve registros de outros casos.

Em todo o ano de 2023, foram registrados 832 casos confirmados da doença. No ano seguinte, o número subiu para 13.785. A febre de oropouche é causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, identificado no Brasil desde 1960, a partir da amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília.

Originalmente restrita à Amazônia, no Brasil, a doença tem se espalhado para outras regiões desde 2024, o que preocupa as autoridades sanitárias brasileiras. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 11,6 mil casos foram registrados no país em 2024, alcançando 22 estados.

Iniciativas da Fiocruz

Diante do aumento de casos no país em 2024, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) vêm contribuindo, em diversas frentes, para fornecer respostas à saúde pública. O vírus é transmitido principalmente pela picada do inseto Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.

Como Referência Regional para Arbovírus, o Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC vem atuando no diagnóstico e na pesquisa científica sobre o agravo. O instituto abriga ainda a Coleção de Ceratopogonidae, que guarda um acervo com cerca de 10 mil espécimes da família dos maruins e tem contribuído para ações de vigilância e controle do vetor. 

Com a missão de fornecer respostas à saúde pública, profissionais do IOC/Fiocruz vêm contribuindo com uma série de iniciativas. A mais recente é a produção de um manual operacional para orientar equipes de entomologistas das Américas na identificação das principais características taxonômicas e ecológicas das espécies do inseto vetor da doença. 

Para acompanhamento dos casos no Brasil, o Ministério da Saúde coordena uma Sala Nacional de arboviroses, que funciona de forma permanente, monitorando não só a situação de oropouche, mas também casos de dengue, chikungunya e Zika. 

Os sintomas são parecidos com os da dengue e da chikungunya. O quadro clínico agudo pode evoluir com febre de início súbito, dores de cabeça, muscular e articular. Outros sintomas, como tontura, dor atrás do olhos, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados. 

Saúde estadual cria estratégia 

A Secretaria estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) promoveu, no último dia 14, em Cachoeiras de Macacu, uma reunião com profissionais de saúde do município para alinhar e definir estratégias de atuação na prevenção e no tratamento de casos de febre oropouche, que apresentaram alta no estado. 

A cidade lidera o ranking de registros da doença com 101 casos, do total de 336 registrados até aquela data em todo o estado. A lista dos municípios com mais casos no estado, são Itaboraí (47), Rio de Janeiro (40) e Guapimirim (25).

Durante o encontro, representantes da área de saúde municipal destacaram o perfil rural da cidade, o que estimula a proliferação do mosquito maruim, considerado o principal vetor de transmissão da febre. O municipio tem 92 cachoeiras cadastradas e é grande produtora de frutas como goiaba e banana, o que contribui para a existência e a criação do mosquito. Além disso, há dificuldades de deslocamento dos pacientes das áreas rurais para os postos de atendimento.

Cachoeiras de Macacu possui 31 localidades com casos confirmados, mas nem todas contam com estrutura para coleta de sangue. Sendo assim, foi sugerida a criação de uma estratégia de coleta itinerante, para garantir o diagnóstico laboratorial dos pacientes com sintomas da doença.

Sobre a febre de oropouche

A principal forma de transmissão da febre é através da picada dos mosquitos Culicoides paraenses,  também conhecidos como borrachudo ou maruim, que se reproduzirem em ambientes úmidos e ricos em matéria orgânica, como áreas alagadiças e florestas tropicais. 

A disseminação do vírus pode ser facilitada pela urbanização desordenada e pela proximidade de áreas florestais com centros urbanos. Em regiões onde há alta densidade populacional e condições favoráveis à proliferação dos vetores, os surtos podem se espalhar rapidamente, afetando um grande número de pessoas em um curto período de tempo. 

A doença tem um período de incubação curto, de aproximadamente 4 a 8 dias, após o qual os sintomas começam a aparecer. Sendo semelhantes aos da dengue, pode levar a diagnósticos errados e subnotificação. 

PREVENÇÃO
  • Uso de repelentes de insetos em áreas endêmicas; 
  • Instalação de telas de proteção em portas e janelas; 
  • Uso de mosquiteiros durante o sono; 
  • Eliminação de criadouros de mosquitos, como água parada em recipientes e lixo acumulado; 
  • Campanhas de conscientização sobre a importância da limpeza e do saneamento básico. 

SINTOMAS
  • Febre alta e de início súbito; 
  • Dor de cabeça intensa; 
  • Dor muscular e nas articulações; 
  • Náuseas e vômitos; 
  • Fadiga e mal-estar generalizado. 

     Em alguns casos, a doença pode evoluir para formas mais graves, com manifestações neurológicas, como meningite e encefalite, especialmente em pacientes com sistemas imunológicos comprometidos. 

DIAGNÓSTICO

É feito através de exames laboratoriais. O exame mais importante para confirmar o diagnóstico é o exame de sangue para detecção do vírus oropouche através do PCR. Outros exames, como o hemograma e as provas de função hepática, podem ser solicitados para avaliar a gravidade da doença e acompanhar a evolução do paciente. 

TRATAMENTO

Não existe um tratamento específico para a febre oropouche. O tratamento é sintomático, ou seja, visa aliviar os sintomas da doença. Os medicamentos mais utilizados são os analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar a dor e a febre. Em casos mais graves, o paciente pode precisar ser hospitalizado e receber tratamento de suporte, como hidratação intravenosa. 

 (Fontes: MS, Fiocruz, SES)

 

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