Por que o 1º de abril é o Dia da Mentira?

Data no Brasil surgiu através da 'fake news' de um jornal
terça-feira, 01 de abril de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Já diz o ditado: "mentira tem perna curta". Mas uma mentirinha aqui ou ali não faz tão mal assim, ainda mais em um dia 1º de abril, quando comemora-se o Dia da Mentira. Na data é comum pregar peças com amigos e familiares e o costume tem ido tão longe nos últimos anos que até as marcas aderiram à brincadeira. Só que às vezes bate aquela pergunta: de onde surgiu esse evento?

Quando surgiu

A origem da celebração tem algumas versões diferentes, dependendo do local. Uma das versões, centrada na Europa, aponta que a tradição é relacionada ao Calendário Gregoriano, que substituiu o Calendário Juliano em 1582, por determinação do conselho ecumênico da Igreja Católica. Com o Calendário Gregoriano veio a alteração no início do ano, cujo primeiro dia passou a ser 1º de janeiro, além da distribuição das quatro estações climáticas ao longo de 12 meses. 

Alguns historiadores também apontam que o famoso dia de pregar peças foi iniciado no Festival de Hilária, uma festa romana no período anterior ao nascimento de Cristo. Outros defendem que a data é relacionada à mudança de estações no hemisfério norte, quando a "Mãe Natureza" brincava surpreendendo a todos com mudanças de tempo imprevisíveis.

Em todos os casos, no entanto, a ideia central do Dia da Mentira é fazer alguém de “bobo” contando algo que não é verdade. “Na França, por exemplo, a pessoa enganada é chamada de poisson d'avril (ou "peixe de abril"), em referência a um peixe jovem e, portanto, fácil de ser capturado.

No Brasil

No Brasil, a tradição foi introduzida em 1828, com o jornal mineiro "A Mentira" que trouxe em sua primeira edição a morte de Dom Pedro I como manchete de capa e foi publicado justamente em um 1º de abril. Na verdade, o primeiro imperador do Brasil e que proclamou a independência, morreu em Portugal em 24 de setembro de 1834. O impresso foi publicado pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente. Mais uma fake. 

Mentiras históricas

Mas não são apenas as pessoas que costumam contar mentiras no dia 1º de abril. Empresas entenderam o potencial de marketing e a oportunidade de engajamento das “pegadinhas” para aumentar a visibilidade no mercado e passaram, desde o século passado, a participar da celebração.

Entre os mais conhecidos exemplos está a emissora pública britânica BBC, que tradicionalmente prega peças no público desde a década de 1930. Em uma das memoráveis brincadeiras, a BBC afirmou que o governo do Reino Unido trocaria o mecanismo de ponteiros do Big Ben - o relógio mais famoso do mundo e símbolo nacional - por um mostrador digital. A mentira, veiculada em 1980, ainda prometeu que a primeira pessoa a ligar para a rádio ganharia os antigos ponteiros do grande relógio como lembrança.

A ação gerou milhares de ligações e cartas e acabou causando problemas à emissora, que teve que explicar a manobra durante a programação nas semanas seguintes. Nos Estados Unidos, em 1992, a National Public Radio (NPR), também uma emissora pública de comunicação, veiculou entrevista do comediante Rich Little em que ele se passava pelo ex-presidente Richard Nixon.

No quadro, chamado “Conversa da Nação”, o personagem afirmava categoricamente que se candidataria novamente à presidência naquele ano. O problema é que Nixon, figura política controversa, havia renunciado durante processo de impeachment em 1974 pelo envolvimento no escândalo de Watergate, o que gerou revolta nos ouvintes. A emissora ficou com todas as linhas telefônicas congestionadas até que, em determinado momento, foi anunciada a pegadinha do Dia dos Tolos.

A Amazon, a maior loja online do mundo, também celebra o Dia da Mentira com brincadeiras que, muitas vezes, confundem os usuários. Em 2015, a Amazon reverteu sua página principal para a versão de 1999 - época em que a internet ainda era rudimentar. Até descobrirem a brincadeira, os usuários deveriam passar pela experiência de “túnel do tempo” na navegação do site. 

 

* Reportagem da estagiária Laís Lima com supervisão de Henrique Amorim  

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