Johnny Maycon: “Os friburguenses logo irão notar mudanças significativas”

Na 1ª entrevista exclusiva a uma equipe de jornalistas, novo prefeito fala sobre os critérios adotados na escolha do secretariado e algumas ações emergenciais
segunda-feira, 04 de janeiro de 2021
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Eleito em 15 de novembro, diplomado em 18 de dezembro e, finalmente, empossado prefeito de Nova Friburgo no dia 1º de janeiro, Johnny Maycon recebeu a equipe de A VOZ DA SERRA para uma entrevista exclusiva no gabinete do Palácio Barão de Nova Friburgo - a primeira concedida pelo novo prefeito a uma equipe de jornalistas -, cerca de três horas após a solenidade de posse, realizada no Teatro Municipal Laercio Ventura, seguida de uma caminhada até a sede do Executivo Municipal.

“Além da Faol, descobrimos que há outros serviços sendo executados na cidade sem nenhuma cobertura contratual no município”

Johnny Maycon

Após pisar pela primeira vez no seu novo local de trabalho pelos próximos quatro anos, Johnny Maycon, acompanhado da esposa Lorrayne e da filha, Sophia, de 2 anos, além do vice, Sérgio Abreu, de membros do novo governo e de alguns dos novos vereadores, fez um breve pronunciamento, no qual reafirmou seu compromisso de combater a corrupção e melhorar a prestação dos serviços públicos municipais, com foco em realizar mais gastando menos.

A VOZ DA SERRA: O senhor é um prefeito que veio da Câmara. De certa forma, nos últimos quatro anos, o cargo de vereador lhe permitiu tomar ciência da situação do município. No entanto, durante o período de transição o senhor teve uma noção melhor do que acompanhou como parlamentar. O que lhe surpreendeu positiva e negativamente na transição de governo e qual é a real situação de Nova Friburgo neste momento?

Johnny Maycon:  Em primeiro lugar gostaria de agradecer a oportunidade e destacar o importante e histórico trabalho desenvolvido por A VOZ DA SERRA ao longo dos anos. Como vereador pudemos apurar diversas irregularidades, questões relativas à corrupção e outros problemas. No processo de transição destaco positivamente a receptividade, a ética e o respeito com que os servidores, sejam contratados ou efetivos, sempre nos trataram. Mas como a gestão anterior sempre apresentou uma série de situações que nos surpreendiam negativamente, na transição não foi diferente. Descobrimos que, além da concessionária Faol prestar um serviço sem a devida cobertura contratual, há outros serviços sendo executados na cidade da mesma maneira. Teremos muito trabalho pela frente. Não será um ano fácil. Mas com a dedicação e o esforço de uma equipe técnica e qualificada, não tenho dúvidas que de forma gradativa iremos melhorar nossa cidade.

Há quatro anos, em 1º de janeiro de 2017, o então candidato derrotado nas eleições, Rogerio Cabral, cumpriu o protocolo e esteve na sede da prefeitura entregando simbolicamente as chaves da cidade para o novo prefeito Renato Bravo que, por sua vez, não fez o mesmo na passagem de comando para o senhor. Isso lhe surpreendeu?

Com todo respeito ao ex-prefeito, não foi nenhuma surpresa. Para ele seria muito mais positivo estar presente, até de forma republicana. Mas em nenhum momento da transição ele apareceu. Enfim, vamos passar a borracha em tudo que não deu certo. Temos agora uma grande oportunidade de aprender com o que não deu certo e mudar para que a população volte a confiar na gestão pública municipal. Esse é um dos nossos maiores desafios. As pessoas estão muito desacreditadas. E isso vai mudar. Essa foi uma das falhas da gestão dele (Renato Bravo): a falta de proximidade das pessoas, de ser mais participativo, de estar nas ruas enfrentando todos os momentos. Tenho plena convicção que nos próximos quatro anos teremos momentos de conquistas e avanços, mas também de crises e turbulências. Mas em todos esses momentos termos nosso posicionamento para gerar transparência à população e, nos casos mais críticos, para mostrar aos friburguenses que estamos tomando todas as medidas necessárias para gerar tranquilidade.

O senhor foi o vereador mais jovem da legislatura passada e agora, quatro anos depois, é o prefeito mais jovem nos 202 anos de Nova Friburgo? Isso de alguma forma significa uma pressão a mais?

Ser jovem é ter os prós e contras na ótica da sociedade. A parte negativa é que algumas pessoas pensam que eu não teria experiência para governar uma cidade do tamanho de Nova Friburgo. O lado bom de ser jovem é que temos energia e capacidade de se dedicar diuturnamente para construir uma cidade melhor. No meu mandato como vereador, fiquei quatro anos sem tirar férias, trabalhando de domingo a domingo. Com muita dedicação a gente aprendeu como funcionam os setores públicos, de um modo geral. E isso nos habilita a ser o gestor que vai atender aos anseios da população friburguense. Já conhecemos as principais falhas, já detectamos inúmeras irregularidades, sabemos o quanto a corrupção tem desviado recursos do município. Então, diante de todas essas situações, nos sentimos preparados para que através da nossa força e pró-atividade, recolocar Nova Friburgo nos eixos. Sabemos que será um grande desafio esse período inicial. Mas posso assegurar à população é que todos vão notar em curto prazo mudanças significativas, principalmente no perfil do prefeito, dos secretários e agentes públicos. Isso porque termos um mandato que não terá interferência de quem quer que seja. Não vamos agradar um grupo específico para atender às articulações que sempre ocorrem nos bastidores escusos da política. Não vamos privilegiar ninguém e vamos tomar as medidas necessárias para preservar o erário custe o que custar, doa o que doer.

Sobre o secretariado, apresente melhor alguns dos escolhidos para as principais pastas da administração municipal, como saúde, educação, obras, serviços públicos e mobilidade urbana, que são as secretarias que afetam mais diretamente a população. Além disso, gostaria que o senhor falasse da participação do ex-vereador Professor Pierre no seu governo, que foi um parlamentar bastante alinhado ao senhor na Câmara e vai compor a linha de frente do governo, acumulando, a princípio, as secretarias de Governo e Casa Civil.

Adotamos uma série de critérios para a escolha do secretariado municipal. Buscamos pessoas experientes e técnicas e para isso começamos a valorizar o serviço público do primeiro e segundo escalão. Um exemplo disso é que boa parte dos secretários são servidores de carreira da prefeitura. E dentro desse critério, também buscamos ouvir a todos. Para a escolha do secretário de Saúde, Marcelo Murta, por exemplo, ouvimos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, pessoas que temos plena confiança. O doutor Marcelo é uma pessoa extremamente experiente, inteligente, capaz, tem boas ideias e, nos próximos dias e semanas, já poderemos enxergar algumas melhoras na saúde pública municipal. A Carol Klein, secretária de Educação, é uma pessoa fantástica. Quando começamos a sondar o nome dela, foi praticamente uma unanimidade. Todo mundo gosta da Carol, sejam diretores, professores, pessoal da limpeza. Ela já tem todo um planejamento pedagógico, enfim, tenho certeza que fará um ótimo trabalho. Temos também o secretário de Obras, Bernardo Verly, que é um engenheiro muito preparado e capacitado. É um jovem com enorme potencial que irá surpreender muita gente. Será uma secretaria com enorme demanda ao longo dos próximos quatro anos e acredito que ele pode marcar o nome positivamente nessa pasta tão importante. Na Secretaria de Serviços Públicos escolhemos o Eduardo Trigo, que desempenha um trabalho extraordinário junto a sua comunidade. É um servidor público de carreira, tem uma boa formação em relação à gestão pública. É uma pessoa que os olhos brilham e tem muito amor pela cidade e vai desempenhar um trabalho com muita excelência. Na Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana também optamos por um jovem friburguense que a cada dia se aprimora mais na área de mobilidade, acessibilidade, sinalização viária, enfim, vai contribuir muito para o nosso time nessa área crítica que tem muitos problemas a serem resolvidos de forma urgente. O ex-vereador Professor Pierre será nosso secretário Geral de Governo e, nesse primeiro momento, vai acumular também a Secretaria da Casa Civil que, dentro da nossa reforma administrativa já pretendemos fazer essa fusão. O Professor Pierre é e sempre foi uma inspiração para mim e todos aqueles que almejam entrar na vida pública. Ele é uma pessoa que sempre se dedicou integralmente a atender aos anseios da população. Ouso dizer que o Professor Pierre foi, na última legislatura, um dos melhores vereadores do Estado e do Brasil. Foi relator do regimento interno, da lei orgânica, relator das principais denúncias encaminhadas aos órgãos de controle e fiscalização, inclusive com desdobramentos da Polícia Federal. Em breve deveremos ter outros desdobramentos, fruto desse trabalho árduo do Professor Pierre, que estará no núcleo central do nosso governo, dando o suporte necessário para que a gente possa retomar o desenvolvimento de Nova Friburgo.

Algumas de suas promessas de campanha já estão sendo cumpridas, como a valorização dos servidores de carreira no primeiro escalão do governo e uma maior participação das mulheres, por exemplo. Além disso, o senhor também tem batido na tecla de que a população terá acesso direto ao gabinete do prefeito. Essa, inclusive, foi uma queixa da população nos últimos quatro anos, que se sentia distante do prefeito. De que forma os friburguenses terão acesso ao seu gabinete e como esse processo se dará?

Estaremos frequentemente nas ruas, nas comunidades e nos setores públicos ouvindo as demandas e reclamações. Também teremos um dia da semana dedicado a receber essas pessoas no nosso gabinete, para ouvir diretamente essas reivindicações. Porque quem vai apontar as ações que precisaremos realizar é a massa da população, que é quem mais depende dos serviços públicos, depende do SUS, do transporte público, da educação municipal, enfim. Essas pessoas precisam ser sempre ouvidas, teremos uma relação com muita verdade. Prefiro olhar nos olhos da população e dizer algo que não agrade, do que ficar protelando e alimentando falsas expectativas para que, lá na frente, a pessoa se frustre e se decepcione com a gente. Esse é o novo modelo de política que vamos implantar em Nova Friburgo.

 

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TAGS: Governo