Já se encontra-se em pleno funcionamento no Hospital de Cantagalo, uma usina de oxigênio capaz de abastecer de maneira ininterrupta todos os setores do hospital com o medicamento essencial para o tratamento eficaz de pacientes infectados pelo novo coronavírus.
Com as redes hospitalares — pública e privada — de capitais e municipios indicando iminente risco de colapso no fornecimento de oxigênio, a notícia é um alento não apenas para a população de Cantagalo, mas para moradores de toda a região.
Idealizado há mais de seis meses, o programa permite ao hospital suprir suas necessidades sem depender do fornecimento de empresas especializadas, que vêm alegando, reiteradamente, dificuldades de atender a demanda que só aumenta em todo o país.
A usina tem capacidade de produzir 2.600 metros cúbicos de oxigênio por mês, o que equivale a mais de 250 cilindros. Segundo Alan Barros Cabral, diretor administrativo da Santa Casa, o grau de pureza do oxigênio é de quase 100%.
“O hospital gastava cerca de R$ 15 mil por mês pelos cilindros de oxigênio necessários para atender a demanda dos pacientes. Agora, com o pleno funcionamento da usina, conseguimos abastecer, de forma ininterrupta, toda a unidade, o que resulta em uma economia mensal de R$ 8 mil”, assegurou o diretor. Confira a entrevista com Alan Barros:
A Voz da Serra: O que levou a direção do hospital a se antecipar a uma das medidas essenciais para salvar vidas no combate à Covid-19, providenciando a produção de oxigênio?
Alan Barros: A ideia da aquisição de uma usina de oxigênio é antiga, e um tema muito discutido dentro da área de gestão hospitalar. Porém, para a realidade de nosso hospital, foi a opção mais viável. Veio a calhar o período que estamos vivendo, onde a demanda por oxigênio é infinita e a oferta é mínima e com altos valores, correndo ainda o risco de desabastecimento.
A Santa Casa é o único hospital público do município?
A Santa Casa de Caridade de Cantagalo é um hospital de direito privado, filantrópico, que presta 60% dos seus serviços de assistência hospitalar ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Quando e como foi instalar o equipamento no hospital?
Este equipamento foi instalado em fevereiro deste ano, mas já estávamos pensando nisso desde o ano passado.
Como funciona essa produção, qual o custo, precisa de um profissional específico para operar o equipamento?
O equipamento é adquirido em sistema de comodato e produz oxigênio suficiente para suprir toda demanda do hospital durante 24 horas ininterruptas. O custo de comodato do equipamento resulta em uma redução de 30% em relação ao sistema anterior e não necessita de nenhum profissional para seu funcionamento.
Quantos óbitos Cantagalo registra até o momento? Chegou a faltar oxigênio para algum paciente ao longo desses 12 meses de pandemia?
Em relação aos dados epidemiológicos do município de Cantagalo, estes estão diariamente expostos nas redes sociais do município e não houve desabastecimento de oxigênio em nossa unidade hospitalar.
Dos mais de 250 cilindros produzidos, quantos estão em uso? Há possibilidade de ceder para municípios vizinhos, em caso de necessidade?
A partir da aquisição do equipamento, só usamos cilindros no sistema de backup, ou seja, caso haja uma pane elétrica no equipamento.
Em algum momento houve superlotação no hospital? Considera a situação sob controle?
Nunca houve superlotação de pacientes com Covid-19 internados no Hospital de Cantagalo. Não considero a situação sobre controle, pois se trata de uma pandemia e a experiência adquirida durante o ano de 2020, nos leva a acreditar que temos uma janela de tempo atrasada em relação à capital do Rio de Janeiro. Em relação aos contágios e internações, ainda teremos um longo caminho pela frente. Que não percamos a fé e a vontade de lutar sempre.
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