Homem é encontrado morto dentro do antigo Sase, em Olaria

Espaço, que está abandonado, era destinado a ajudar a população através da prestação de serviços de saúde
sexta-feira, 08 de abril de 2022
por Thiago Lima (yhiago@avozdaserra.com.br)
Sofás dentro do Sase, onde população de rua dorme (Fotos: Henrique Pinheiro)
Sofás dentro do Sase, onde população de rua dorme (Fotos: Henrique Pinheiro)

Um homem foi encontrado morto na tarde da última quinta-feira, 7, no prédio onde funcionava o antigo Serviço de Assistência Evangélica (Sase), na Avenida Júlio Antônio Thurler, no bairro Olaria. O Corpo de Bombeiros e a PM foram acionados e quando chegaram no local encontraram um homem de 33 anos morto. Segundo a polícia, a vítima teria sido agredida por dois homens durante a madrugada. As investigações continuam.

“Hoje tem polícia, bombeiros, todos aqui, mas vão embora e esquecem que estamos sendo obrigados a conviver não só com os usuários que estão vivendo ali, mas também com o tráfico de drogas que está sendo feito na cara de todos aqui no ponto de ônibus. Próximo a escolas, comércio e casas de moradores que estão sendo constantemente acuados aqui na calçada”, relatou uma comerciante.

Problema antigo, quase crônico 

O Sase era um espaço no bairro Olaria destinado a ajudar a população através da prestação de serviço de saúde e da manutenção de projetos sociais, que visavam promover melhor qualidade de vida à população oferecendo acolhimento e atendimentos humanizados. Mas há anos o prédio está desativado e não presta mais qualquer tipo de serviço à comunidade. Em 2011, o local foi utilizado como abrigo para as vítimas que perderam as casas na tragédia e, desde então, o imóvel se encontra abandonado. 

As pessoas que passam em frente ao antigo Sase ficam coagidas, pois além das janelas quebradas e paredes pichadas, o imóvel virou um ponto de encontro de usuários de drogas e abrigo para moradores em situação de rua. “O prédio do Sase está largado há anos e ninguém faz absolutamente nada. Um espaço enorme que poderia ser um posto de saúde, ou qualquer outra coisa benéfica para a população friburguense. Moradores de rua e usuários de drogas já invadiram o local faz tempo e a gente que mora aqui por perto fica com medo, o que se intensifica à noite, pois não tem iluminação”, denunciou um morador. 

A equipe de A VOZ DA SERRA foi até o local nesta sexta-feira, 8, e constatou que, além dos problemas citados anteriormente, o espaço é um risco à saúde pública. Constatamos que a antiga policlínica está repleta de lixo, roupas, objetos, colchões e cômodos abandonados, que supostamente servem de moradia para pessoas que vivem nas ruas.

Empréstimo de até R$ 30 milhões 

A Câmara de Vereadores aprovou autorização para que a Prefeitura de Nova Friburgo possa contratar um empréstimo na Caixa Econômica Federal no valor de até R$ 30 milhões. A matéria foi aprovada, por unanimidade, na sessão da última quinta-feira, 7, e passará ainda por segunda votação no Legislativo provavelmente na próxima terça-feira, 12. A autorização de crédito será feita através do Programa de Financiamento à Infraestrutura e Saneamento (Finisa) para que a prefeitura possa adquirir veículos, caminhões e maquinários para prestação de serviços. A operação ainda permitirá que a prefeitura utilize parte do recurso para a aquisição, ampliação e reforma do prédio do antigo Sase para a área da saúde. De acordo com o anteprojeto enviado pela prefeitura, o imóvel está avaliado em R$ 2.895.000. 

Uma série de impasses… 

As chaves do prédio do Sase que funcionou por quase duas décadas em Olaria foram entregues pela prefeitura à entidade filantrópica no fim de 2016, mas, de acordo com uma reportagem publicada por A VOZ DA SERRA em julho de 2017, segundo a Procuradoria Geral do município, outro impasse continuava na Justiça: a cobrança dos aluguéis atrasados. A dívida do governo com a entidade, naquela época, já estava na casa dos milhões. 

Em 2011, a entidade entrou com uma ação na Justiça contra a prefeitura por abandono do imóvel e também para receber os aluguéis atrasados que as gestões anteriores não teriam quitado. Em 2015, a dívida já passava dos R$ 2 milhões. Em 2016, a administração Rogério Cabral havia fechado um acordo com a entidade, mas aguardava a homologação. “Desta forma, o município não possui responsabilidade sobre o imóvel”, informava a nota na época.

O Sase é uma instituição evangélica, sem fins lucrativos, que foi fundada em 1955, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, pelo reverendo Isaías de Souza Maciel.  Em nota, a prefeitura informou que “existe um processo judicial sobre dívidas entre o município e os proprietários e que essa questão está sendo tratada judicialmente. Informa ainda que existem tratativas para a implantação de uma unidade de saúde naquele local.

 

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TAGS: crime