A história do Ginásio Frederico Sichel, onde é montado o Hospital de Campanha

segunda-feira, 20 de abril de 2020
por Vinicius Gastin
- Estrutura do complexo fica à disposição para o combate ao coronavírus, em especial o campo anexo, onde é montado o Hospital de Campanha
- Estrutura do complexo fica à disposição para o combate ao coronavírus, em especial o campo anexo, onde é montado o Hospital de Campanha

Com as competições esportivas paralisadas, não são raras as manifestações de apoio de clubes, entidades, atletas e associações ao combate à disseminação do novo coronavírus. A mobilização se multiplica das mais variadas formas, seja no incentivo a doações ou na concessão da estrutura física. No Rio de Janeiro, por exemplo, o complexo do Maracanã foi transformado em Hospital de Campanha. O Botafogo e o Vasco também colocaram os estádios Nilton Santos e São Januário à disposição.

Em Nova Friburgo, o Friburguense também disponibilizou o estádio Eduardo Guinle em caso de necessidade, mas outro gigante do conjunto estrutural esportivo do município, de 2,5 milhões de dólares (cotação da época da construção, no início dos anos 90), é que vai fazer parte da luta contra a pandemia.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) cedeu as instalações do ginásio esportivo Frederico Sichel, no distrito de Conselheiro Paulino, onde a montagem de um hospital de campanha para o tratamento de pacientes infectados está na reta final (deve começar a operar, no máximo, até o final do mês) - ainda que não sejam utilizadas as dependências internas e sim a parte do campo de futebol.

O uso do espaço foi negociado entre Firjan, Prefeitura de Nova Friburgo e Governo do Estado do Rio de Janeiro. Todas as operações de atendimento e saúde ficarão a cargo do governo estadual.  Serão 100 leitos para pacientes friburguenses e dos municípios vizinhos do Centro-Norte fluminense, que possam contrair o coronavírus e necessitem de internação.

O ginásio

Em termos de espaço e até mesmo de estrutura no entorno, o ginásio Frederico Sichel, do Sesi,talvez seja o mais completo de Nova Friburgo. Na opinião de muitos friburguenses – inclusive deste jornalista – o local é subutilizado, e poderia voltar a ser um grande chamariz para grandes competições e eventos, não apenas esportivos. Após o auxílio emergencial para o setor da saúde, talvez fosse o momento de repensar também o aproveitamento para o principal fim de sua construção.

A história do ginásio começou a partir de uma reunião, realizada no dia 19 de junho de 1991, na então sede do Sesi, no bairro Vila Amélia. Dentre os presentes ao encontro estavam, entre outras autoridades, o prefeito Paulo Azevedo e o superintendente do Sesi-Rio à época, dr. Raul Edgar Bastos Medeiros, representando o presidente da instituição, Arthur João Donato.

Na ocasião foram assinados convênios referentes a duas grandiosas construções do Sesi em Nova Friburgo, no montante total de 4,5 milhões de dólares na época.

Deste valor, 2,5 milhões foram destinados a construção do complexo social do Sesi, no bairro Vila Amélia, e outros dois milhões, para erguer o ginásio poliesportivo no distrito de Conselheiro Paulino. Assim, pouco depois da solenidade de “lançamento da pedra fundamental”, foram iniciadas as obras do empreendimento.

À época muitos chamaram o espaço “Maracanãzinho do Interior”, batizado com o nome do saudoso Frederico Sichel, um dos homens mais importantes da história industrial de Nova Friburgo

A obra do ginásio contou com a participação de cerca de 220 funcionários, numa área de mais de 26 mil metros quadrados, sendo praticamente nove mil somente de área construída. Depois da obra concluída, o ginásio passou a ter a capacidade para até 6.300 pessoas confortavelmente sentadas, e inúmeras dependências internas como vestiários, salas de árbitros, cabines de rádio e TV, assim como diversas outras salas.

A grande e festiva inauguração do ginásio Frederico Sichel aconteceu no dia 23 de outubro de 1993 e contou com presenças de diversas autoridades. Houve um jogo de basquetebol, onde o time do CEE (Centro Esportivo Empresarial) enfrentou a equipe de profissionais do Clube de Regatas do Flamengo.

Na parte musical, os convidados, em sua maioria funcionários das indústrias friburguenses e familiares, a atração principal seria Lulu Santos, que diante de uma notícia de última hora, acabou cancelando o show. O cantor seria substituído por outra grande atração da época, Daniela Mercury. Já no dia seguinte, 24 de outubro de 1993, ocorreu a inauguração do complexo social do Sesi na Rua Teresópolis, no bairro da Vila Amélia.

Depois de todo o glamour, desde o anúncio, passando pelo processo de construção e inauguração, houve capítulos históricos para o esporte friburguense escritos no ginásio. Dentre eles as edições dos Jogos dos Industriários, organizados pelo Sesi, reunindo as atléticas das indústrias de Nova Friburgo em modalidades como futsal masculino e feminino, cabo-de-guerra, tênis de mesa, totó, sinuca, biriba, vôlei, futebol society livre e veteranos, natação, atletismo, dentre outros.

O Frederico Sichel também recebeu os Jogos dos Trabalhadores do Serviço Social da Indústria, iniciativa do Sistema Firjan, numa espécie de tentativa de resgatar os Jogos dos Industriários. O gigante do esporte friburguense, adormecido e subutilizado para o fim principal, servirá agora como base para tentar vencer um dos maiores desafios sanitários da história recente da humanidade. (*Colaborou com informações o jornalista e colunista de A VOZ DA SERRA, Luis Antônio Dias.)

Foto da galeria
Subutilizado, Frederico Sichel coleciona momentos marcantes e impressiona pelo tamanho

LEIA MAIS

Médicos e enfermeiros já contratados pelo Estado fariam parte do corpo médico sem onerar o município

Com 100 leitos, sendo 20 de UTI, unidade vai auxiliar no combate ao Covid-19

Novas ações tentam conter o avanço da pandemia no município

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra