Friburgo perde o tempero e a liderança natural do chef Dê da Silva

Do Morro da Mineira para as cozinhas dos melhores restaurantes, ele foi um dos idealizadores do famoso Festival de Truta
terça-feira, 22 de junho de 2021
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Dê e seus deliciosos acarajés (Reprodução da web)
Dê e seus deliciosos acarajés (Reprodução da web)

Devanildo Souza da Silva, o chef de cozinha Dê, teve um dos restaurantes mais famosos de São Pedro da Serra nos anos 2000 e contribuiu muito para o desenvolvimento do turismo e da gastronomia da vila e do município de Nova Friburgo. Sua vida inteira, perdida agora para a Covid-19, aos 57 anos, foi marcada, desde o início, por muita luta e sacrifício.

Nascido e criado no Morro da Mineira, no Rio, começou a trabalhar ainda  menino para ajudar a sustentar a família. Perdeu todos os amigos de infância para o tráfico. Ele, por sua vez, foi trabalhar no setor de cargas do Porto do Rio, depois fez curso no Senac-Rio e ali  descobriu seu grande talento culinário.

Em uma viagem à França, aprendeu pâtisserie com um amigo português que conheceu em um dos vários restaurantes onde trabalhou no Rio. Mudou-se para Nova Friburgo e, em São Pedro, abriu seu restaurante de comida franco-baiana, como chamava. Preparava acarajés e vol-au-vents que arrancavam suspiros das mais seletas e exigentes clientelas. 

De conversa fácil, incrível capacidade de fazer relacionamentos e amizades, ele era um líder natural  e ajudou muito a incrementar o  turismo e a gastronomia, lembra um amigo. “Nunca tivemos outro profissional do setor com a capacidade dele para unir a turma da culinária em tantos eventos e por tantos anos seguidos”, comentou.

Graças a um bate-papo com ele, por exemplo, foi idealizado o Festival de Truta, um evento gastronômico inicialmente formatado  para ser exclusivo de restaurantes de Lumiar, São Pedro e Mury, mas que depois levou Nova Friburgo a ser conhecida por esse “produto” regional.

Orgulhoso de sua negritude, todos os dias 13 de maio promovia uma feijoada gratuita em homenagem à Abolição da Escravatura.

Há alguns anos Dê havia se mudado com a família para Cabo Frio, onde continuou se dedicando à gastronomia.

Rubro-negro de nascimento e coração e São Pedro F.C. de adoção, foi também um dos maiores apoiadores do Apanha Quieto, o time de veteranos do clube mais antigo de São Pedro. E mesmo de longe, pela internet, continuava implicando com os amigos botafoguenses, vascaínos e tricolores que fez e deixou aqui na serra.

Ele deixa viúva, sua parceira de trabalho Neti da Silva, uma filha, Larissa, e um filho, Dênis. A equipe de A VOZ DA SERRA se solidariza com os familiares e amigos do grande chef neste momento de dor.

 

LEIA MAIS

Manoel Martins estava internado na cidade de Teresópolis, onde encontrava-se hospitalizado com complicações pulmonares

Em 2020 A VOZ DA SERRA publicou reportagem que mostrou o trabalho do servidor Carlos Alberto Machado no Parque Juarez Frotté

Seu corpo será trazido para Nova Friburgo para ser sepultado no Cemitério São João Batista, no jazigo perpétuo da família Spinelli

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: obituário