Friburgo acata ministério e suspende vacinação de menores sem comorbidades

Prefeitura vai agora aguardar posicionamento da Anvisa quanto aos 12 mil que já receberam a primeira dose
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
A mancha da Covid em Nova Friburgo, segundo o painel da prefeitura (Reprodução da web)
A mancha da Covid em Nova Friburgo, segundo o painel da prefeitura (Reprodução da web)

Após a nota técnica do Ministério da Saúde suspender, nesta quinta-feira, 16, a vacinação contra a Covid de adolescentes  de 12 a 17 anos sem comorbidades, a Prefeitura de Nova Friburgo informou que acatará  a determinação e restringirá a continuidade da imunização desta faixa etária a jovens com deficiência permanente, doenças crônicas ou aqueles privados de liberdade. 

Entre a última sexta e terça-feira, 10 a 14,  nada menos que 12.201 menores de 12 a 17 anos  receberam a primeira dose, da Pfizer. Segundo a prefeitura, a Subsecretaria de Atenção Básica e a Coordenação de Imunização acompanharão os adolescentes que foram vacinados e continuarão realizando a aplicação da primeira dose no grupo autorizado pelo ministério.

O município ressaltou que, além da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso da Pfizer nos adolescentes, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que participa das decisões sobre os rumos do Plano Nacional de Imunizações, divulgou nota afirmando que a vacinação é segura e será necessária. A Subsecretaria de Atenção Básica e Coordenação de Imunização vão agora aguardar uma nova orientação e o posicionamento da Anvisa quanto à aplicação de segunda dose para aqueles adolescentes que receberam a primeira.

O ministério alegou, entre outros argumentos para suspender a vacinação desse grupo etário, o fato de que os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos e que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda imunização de adolescentes com ou sem comorbidades.

A OMS, entretanto, não chegou a afirmar que a imunização de adolescentes não deveria ser realizada. Em vídeo publicado em junho, a organização disse apenas que, neste momento, a vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos não é prioritária.

O ministério também argumentou que a decisão foi tomada devido ao fato de a maioria dos adolescentes sem comorbidades acometidos pela Covid-19 apresentarem evolução benigna da doença.

Outro ponto levantado foi que houve uma redução na média móvel de casos e óbitos (queda de 60% no número de casos e queda de mais de 58% no número de óbitos por Covid-19 nos últimos 60 dias), com melhora do cenário epidemiológico.

Atualmente, apenas a vacina da Pfizer/Biontech tem autorização da Anvisa para uso em adolescentes a partir de 12 anos. 

Com menores, primeira dose atinge 94,7%

Em Nova Friburgo, 94,7% da população acima de 12 anos já foi contemplada com, pelo menos, a  primeira dose da vacina contra a Covid-19. Entre os que receberam as duas doses ou a dose única, o percentual de imunizados é 45,6% do público-alvo. Lembrando que a imunização completa não impede que a pessoa contraia ou transmita o vírus, mas apenas reduz as chances de a doença se manifestar na sua forma mais grave.

Os cálculos baseiam-se no último boletim divulgado pela prefeitura, segundo o qual, até a última segunda-feira, 13, foram aplicadas 216.154 doses na população friburguense, sendo 143.500 destinadas à primeira aplicação e 68.294 à segunda, além de  4.360 doses únicas. Além desses, quase quatro mil adolescentes de 12 e 13 anos receberam a primeira dose na terça, dia seguinte à divulgação do boletim.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 Nova Friburgo tem uma população estimada em  191.664 habitantes. Se mantido em acima de 12 anos o público-alvo da imunização contra a Covid,  cerca de 160 mil friburguenses deverão ser vacinados no total. 

No Estado do Rio, considerando apenas a população acima de 18 anos,  82,8% da população adulta já foi  beneficiada com a  primeira dose. Os fluminenses que já completaram o esquema vacinal, com duas doses ou a dose única, são  44,6%. Os dados são baseados nas informações do painel de vacinação da Covid-19 do Ministério da Saúde

Na capital, foram aplicadas 8.464.513 doses, sendo 12.728 de reforço, campanha iniciada esta semana. Dentro da população-alvo, acima de 12 anos, 93,8% receberam a primeira dose e 54,8% já estão com a imunização completa. A proporção chega a 60% considerando a população adulta. Entre todos os moradores da cidade do Rio de Janeiro, 47,1% estão totalmente vacinados contra a Covid-19.

Apesar do avanço da vacinação, em termos de letalidade  Friburgo está acima da média nacional, e em 104º lugar no ranking das cidades mais afetadas. De acordo com estudo do pesquisador Wesley Cota, da Universidade Federal de Viçosa-MG e divulgado pelo portal de notícias G1 (acompanhe aqui), com 825 óbitos até agora, na proporção de 430 por cem mil habitantes,  e 24.882 casos totais, sendo 12.982 por cem mil, ou 13% da população,  Friburgo tem uma taxa de mortes de 3,32%, acima da média nacional, que é de 2,42%.

Covid infecta mais mulheres que homens em Friburgo

Já o Painel Covid-19 da Prefeitura de Nova Friburgo revela dados interessantes sobre o coronavírus na cidade. Por exemplo: mais mulheres se contaminaram com o coronavírus desde o início da pandemia -  uma diferença de 2.129 em relação aos homens. De todos os friburguenses que pegaram Covid até a semana passada, 13.476 são mulheres (54,3% do total de infectados) e 11.347 são homens (45,7%). 

Os números do painel comprovam ainda que o vírus prefere localidades com maior concentração e movimentação de pessoas. Depois do Centro, que responde por 3.134 casos, Olaria é segundo bairro mais afetado (2.865), seguido da parte central do distrito de Conselheiro Paulino. Curiosamente, o bairro do Cônego aparece em terceiro lugar, com 1.256 casos até agora, mais do que o populoso São Geraldo, em quarto lugar com 908. Confira aqui os casos de Covid em Nova Friburgo, bairro por bairro. 

Em termos de faixa etária, o coronavírus se espalha de forma igualitária por praticamente todas as faixas etárias, dos 20 aos mais de 60 anos, poupando mais os mais jovens e as crianças.

 

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