“Como ser aquela garota?”. Caso você nunca tenha se deparado com esta questão, não se preocupe — principalmente se não for membro da Geração Z. Ela é uma entre muitas tendências presentes no TikTok e disseminadas pelas mais diversas redes, podendo ser encontrada em meio a dicas e métodos de organização pessoal no Pinterest ou no Instagram, por exemplo. Mas, bastam alguns minutos nesses apps e no Google para entender que “aquela garota” (termo que deriva do inglês “that girl”) não existe.
Apesar disso, entre os usuários das redes, existe uma noção clara de que “ser aquela garota” envolve hábitos de bem-estar, mas também um alto grau de dedicação a uma rotina: é preciso fazer yoga, tirar notas altas, produzir fotos esteticamente perfeitas, ter um celular organizado, ter um diário, meditar etc. E, por mais que existam públicos variados consumindo e compartilhando esses conteúdos, é fato que a Geração Z é a principal “vítima” de todas essas exigências.
Os membros dessa geração são frequentemente chamados de “nativos digitais”, e não por acaso, o futuro desse público provocou curiosidade em quem os veria nascer e crescer: “Como será o jovem que praticamente não se lembra da vida antes da internet?”, se questionava.
Jana Rude, manager da Euromonitor International, diz que 80% dos domicílios com pessoas dessa geração, em 2022, tinham acesso à internet no Brasil. Além disso, quase 70% tinham acesso à internet de banda larga, ou seja, os Zs não só nasceram como continuam fortemente conectados.
Na prática, isso significa que a vida em carne e osso e a vida nas telas tornaram-se uma só. Para a Geração Z, não há separação. Consequentemente, também não há limites para o que se vê a partir desses gadgets. O feed está para a vida moderna como as novelas estavam para o horário nobre nas décadas anteriores: exibe uma vida quase sempre ideal, com tendência a um final feliz, que até pode ser inspirado na realidade, mas está longe de ser um retrato dela.
A principal diferença é que, antes das redes sociais, os padrões (e a cobrança por segui-los) podiam ser ignorados — bastava desligar a televisão. Hoje, porém, estão o tempo todo na palma da mão. Fotos, vídeos e áudios saltam pela tela dos smartphones a todo momento, anunciando que, para ser feliz, basta tomar um suco verde ou falar frases positivas durante o amanhecer.
Ao mesmo tempo, pessoas (próximas ou distantes) fingem estar de fato felizes, postando fotos esteticamente agradáveis, com frases motivacionais. Os nativos digitais — que já veem as telas como parte integrada da vida, podem até duvidar do que se posta, mas querem fazer parte das tendências que brotam nas redes sociais — se esforçam para ter uma imagem forte e bem-posicionada nas redes.
Uma geração comprometida
“Traçamos a Gen Z como a ‘Geração Eu S.A.’ porque essa é uma geração que se percebe como marca”, explica Carmela Moraes, supervisora do time de Insights do Grupo Consumoteca. “Eles nasceram no boom da autoimagem, do entendimento de que a própria imagem é importante para se colocar no mundo, inclusive no mercado de trabalho. Por isso, a marca tem que ser o pano de fundo para a autenticidade: o indivíduo é a marca.”
Consequentemente, esses jovens se colocam lado a lado com as marcas e passam a priorizar o relacionamento com estas e bons produtos, evidenciando um olhar mais pragmático para essa relação. Além disso, para esses jovens, valores que eram importantes ontem tornaram-se ainda mais importantes hoje: eles realmente olham para dentro de si para causar um grande impacto na sociedade e no mundo ao seu redor.
“Olhando para fora, a Geração Z quer construir um futuro melhor, e 79% dos Zs dizem sentir uma responsabilidade pessoal de melhorar o mundo”, afirma.
Além disso, a Geração Z é significativamente mais propensa do que os Millennials e a Geração X a afirmar a importância de questões relacionadas à discriminação contra comunidades LGBTQIA+ e à segurança de mulheres/meninas.
(Fonte: consumidormoderno.com.br/ Por Melissa Lulio)
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