Com o decreto desta semana do governo do estado, dando autonomia aos municípios fluminenses para flexibilizar, ou não, o uso obrigatório de máscaras contra a Covid em todos os ambientes, até mesmo os fechados, Nova Friburgo vive a expectativa da decisão a ser tomada pelo prefeito Johnny Maycon.
A VOZ DA SERRA fez uma enquete nas suas redes sociais para saber a opinião dos leitores, além de consultar líderes empresariais, donos de negócios e médicos para saber a visão de vários segmentos sobre o assunto. E chegou à conclusão de que o tema é controverso.
No Estado do Rio, nenhum município anunciou ainda esta flexibilização. A Prefeitura de Nova Friburgo reafirmou nesta sexta-feira, 4, que ainda vai convocar uma reunião da equipe técnica da Saúde, à qual caberá bater o martelo sobre a liberação, ou não, das máscaras na cidade, no melhor momento.
O uso de máscaras de proteção facial já estava liberado pelo governo do Estado do Rio, em ambientes abertos, desde o fim do ano passado. Na capital, o uso obrigatório do acessório foi abolido em espaços abertos em outubro, embora muitos cariocas ainda saiam de máscara. Nesta segunda-feira, 7, o Comitê Científico da prefeitura deve decidir se ampliará a liberação também para lugares fechados.
Presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo (Acianf), Julio Cordeiro se mostrou receptivo a uma eventual flexibilização. “Essa perspectiva é muito boa, mostra que a pandemia está involuindo, o que nos permitiria tomar essa atitude. Mas devemos ficar atentos se o quadro vier a sofrer alguma piora. Seria uma boa notícia, que nos daria maior flexibilidade no dia a dia e refletiria também a melhora do quadro epidêmico no Brasil, o que vai nos proporcionar voltar ao novo normal e melhorar o cenário econômico como um todo”, avaliou, otimista.
Já para o especialista e consultor Rafael Parrilla Spinelli, no entanto, o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em Friburgo seria precipitado neste momento. “No Rio, até acho que, com a queda no número de casos e óbitos, seja razoável abolir o uso obrigatório de máscaras no atual momento. Mas em Nova Friburgo considero prematuro. Ainda não podemos enxergar um cenário de estabilidade, e só na próxima semana conheceremos o efeito do feriadão de carnaval, quando muitos friburguenses saíram da cidade e estiveram em diversos locais com risco de contágio”, disse ele, mais cauteloso.
Para uma profissional de saúde que trabalha na linha de frente contra a Covid, que preferiu não se identificar, a doença já está sob controle, graças à vacinação em massa, e o uso de máscaras já não se faz tão necessário. “Toda a enfermaria Covid do Raul Sertã já foi fechada, não tem mais ninguém internado, e no CTI só havia um paciente na última quarta-feira. Praticamente todo mundo já foi vacinado, não há mais necessidade de máscara não, até porque em tantos lugares de Friburgo onde há aglomeração não tem ninguém de máscara. Acho que já pode liberar geral”, disse ela, que foi infectada pelo coronavírus logo no início da pandemia.
O dono de uma pousada em São Pedro da Serra disse achar ótima uma eventual flexibilização. Já um empresário do ramo de gastronomia acha que o uso de máscaras deveria ser mantido até o fim da pandemia, até para manter a consciência coletiva da presença do vírus. Os nomes foram poupados para não criar constrangimentos junto às respectivas clientelas
Nova Friburgo tem hoje mais de 96% da população-alvo com o esquema vacinal contra a Covid completo, segundo a prefeitura. Para a médica infectologista Danyelle Cristina de Souza, com esta taxa de vacinação seria possível liberar o uso de máscaras em ambientes abertos, mas não em espaços fechados como escolas. "Há necessidade de intensificar a vacinação infantil e campanhas de esclarecimento a população. A estratégia de passaporte vacinal nas escolas seria uma medida importante, visto que já é exigido comprovante de vacinação na matrícula dos estudantes", disse ela.
O povo fala
Com mais de 200 comentários em três horas, o post de A VOZ DA SERRA no Facebook com a enquete sobre a necessidade do uso de máscaras mostrou que os leitores estão divididos.
“Concordo para lugares abertos, mas para locais fechados acredito ser ideal o uso ainda”, disse Thiago Motta, com a concordância de outro internauta.
“As máscaras não estão fazendo a menor diferença. O que mais se vê são locais com festas lotados e as pessoas nem aí para máscaras”, opinou Shirley Correa de Andrade.
“Acho que deveriam aguardar pelo menos 15 dias após o carnaval antes de liberar, pois aí sim teremos a certeza de que a Ômicron realmente perdeu a força”, postou Cesar Gastin.
“Usa quem quiser continuar usando. E desobriga quem não quer. Tendência mundo afora”, pontuou Mariana Nogueira.
“Se fosse para levar a sério a máscara, teria que ser tudo bem diferente do que já é. Não tem coerência ter que usar algo que você põe e tira toda hora, coloca a mão, coloca na mesa, joga no carro... Chega a ser engraçado! Libera logo isso porque tenho certeza de que não são as máscaras que impedem o vírus”, escreveu Adriana Faria Sinder de Oliveira.
“Eu vou continuar usando a máscara, me protegendo e ao próximo também. Prudência sempre”, contestou Zilanda Cardinot.
“Não vejo problemas. Os bares já estão todos abertos com todo mundo sem máscara. É só pedir certificação de vacinas em lugares fechados e liberar logo isso”, comentou Felipe Martins, recebendo 14 curtidas.
A mesma controvérsia se mostra presente também no Instagram do jornal. “Está na hora! Dar aula de máscara para turmas de 30 alunos é horrível neste calor!”, postou a internauta Vanessa Rodrigues.
Capital pode liberar na segunda
Enquanto isso, na capital, o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, disse na manhã de quarta-feira, 2, que não espera um aumento significativo do número de casos de Covid mesmo após as festas de carnaval clandestinas. “A gente viu muitas aglomerações, mas a estratégia de limitar a entrada de turistas sem vacina na cidade funcionou. Isso desestimulou a vinda de turistas não vacinados para a cidade, e a gente viu, com a nossa cobertura vacinal, que não teve um aumento de casos no período”, afirmou.
De acordo com o secretário, o número de casos positivos é cada vez menor e, de acordo com os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma taxa menor que 5% de contaminados entre todos os estados indica controle. “É cada vez mais raro encontrar um caso grave de Covid na cidade. No último fim de semana a gente chegou a uma positividade de 3,9%. É uma queda bastante importante”.
Ainda assim, Soranz ressaltou que é preciso não se descuidar do cronograma vacinal.
A flexibilização do uso de máscaras decretada pelo estado se fundamenta no atual cenário da pandemia, com uma baixa considerável do índice de casos e de internações. As medidas, no entanto, poderão ser revistas caso haja mudança no cenário epidemiológico da Covid-19.
O decreto destaca que, em função da alta cobertura vacinal e de haver municípios com baixo risco para a doença e outros ainda saindo da quarta onda da Covid-19 provocada pela variante Ômicron, caberá aos gestores municipais a decisão de liberar ou não o uso do acessório de proteção individual. Mas, independentemente da decisão tomada por cada secretaria municipal de Saúde, as pessoas que desejarem poderão continuar usando máscara, seja em locais fechados ou abertos. “Recomendamos que pessoas com sinais e sintomas respiratórios mantenham o uso da máscara se forem entrar em contato com outras pessoas. O ideal é que essas pessoas façam isolamento”, disse o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe.
A Secretaria estadual de Saúde seguirá com o monitoramento dos indicadores e a atualização semanal dos mapas de risco por região e por município para subsidiar as decisões das prefeituras fluminenses. Nos locais em que a SES determinar a permanência do uso obrigatório de máscara, permanecerá em vigor as penalidades dispostas no artigo 5º da lei estadual 8.859, de 2020. Na hipótese de conflito, nos municípios em que já se encontrem em vigor medidas de proteção a vida relativas à Covid-19, valerá a norma mais restritiva.
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