A chegada da menopausa é um marco na vida de muitas mulheres e traz consigo uma série de mudanças físicas e emocionais. Entre os desafios mais comuns dessa fase está a dificuldade para dormir. Estudos apontam que até 60% das mulheres enfrentam insônia em algum momento do climatério, tornando o sono uma das principais queixas desse período de transição hormonal. Nesta sexta-feira, 14, foi celebrado o Dia Mundial do Sono, uma data propícia para um alerta sobre a importância de entender as causas desse distúrbio e buscar soluções para melhorar a qualidade de vida.
O climatério, fase de transição do período reprodutivo para o não reprodutivo, é caracterizado por sintomas como ondas de calor, oscilações de humor, irregularidade menstrual e problemas de sono. A menopausa, que se estabelece definitivamente um ano após a última menstruação, intensifica esse cenário, trazendo uma frequente dificuldade para iniciar e manter o sono.
As causas desse fenômeno ainda estão em estudo, mas muitas teorias apontam a queda dos hormônios sexuais, principalmente o estrogênio, como fator determinante. Esse hormônio desempenha um papel fundamental no funcionamento do relógio biológico, regulando os ciclos do sono. Com sua redução, ocorrem alterações nos padrões de descanso, levando a despertares frequentes e noites de sono fragmentado.
Outro fator importante é o impacto psicológico da menopausa. Muitas mulheres relatam o aumento da ansiedade, oscilações de humor e sintomas depressivos, o que contribui para um estado constante de alerta, dificultando o relaxamento necessário para uma noite de sono reparador. Além disso, o aumento dos níveis de estresse, associado às mudanças dessa fase da vida, também pode ser um agravante.
Sensação de calor
Um dos sintomas mais incômodos da menopausa são os fogachos, ondas repentinas de calor que podem vir acompanhadas de calafrios e suor noturno. Essas manifestações físicas são resultado da desregulação térmica do organismo e podem ocorrer diversas vezes durante a noite, interrompendo o ciclo do sono e tornando-o superficial e fragmentado.
Outro fator que pode comprometer a qualidade do sono é a apneia obstrutiva do sono, um distúrbio caracterizado pela interrupção momentânea da respiração durante o descanso. Mulheres na menopausa têm um risco aumentado para esse problema devido ao ganho de peso e ao acúmulo de gordura na região abdominal, que impacta a função respiratória. Segundo o Instituto do Sono, um aumento de apenas um centímetro na circunferência abdominal pode elevar em até 5% o risco de desenvolver apneia do sono.
Diante desses desafios, algumas medidas podem ser adotadas para melhorar a qualidade do sono e minimizar os impactos da menopausa na saúde. A higiene do sono, conjunto de práticas para um descanso mais eficiente, é uma das principais recomendações. Entre as estratégias sugeridas estão:
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Manter horários regulares para dormir e acordar, inclusive nos finais de semana;
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Evitar o uso de telas eletrônicas ao menos uma hora antes de dormir;
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Criar um ambiente adequado para o sono, com pouca luz, temperatura agradável e minimização de ruídos;
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Praticar atividades físicas regularmente, mas evitar exercícios intensos no período noturno;
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Reduzir o consumo de cafeína, álcool e alimentos muito condimentados ou ricos em açúcar antes de dormir.
A meditação e a ioga também são opções recomendadas para aliviar o estresse e favorecer um sono mais tranquilo. Em casos mais severos de insônia, a terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I) pode ser uma ferramenta eficiente para reeducar os padrões de sono e reduzir a ansiedade noturna.
Quando a mudança de hábitos não é suficiente, algumas opções de tratamento médico podem ser indicadas. Em certos casos, antidepressivos e ansiolíticos são prescritos para auxiliar na regulação do sono. No entanto, esses medicamentos devem ser utilizados com cautela e sob orientação médica.
A reposição hormonal também pode ser uma alternativa para aliviar os sintomas da menopausa, incluindo os distúrbios do sono. Contudo, esse tratamento não é indicado para todas as mulheres, pois pode aumentar o risco de condições como câncer de mama, doenças cardiovasculares e tromboembolismo. A decisão sobre a terapia hormonal deve ser tomada com base em uma avaliação minuciosa do histórico de saúde de cada paciente.
A menopausa é uma fase de mudanças significativas no organismo feminino e, com ela, surgem desafios que impactam a qualidade de vida. O sono, essencial para o bem-estar físico e emocional, é frequentemente afetado por essa transição hormonal. No entanto, com informação e adoção de estratégias adequadas, é possível minimizar esses efeitos e garantir noites mais tranquilas e revigorantes.
Por conta do Dia Mundial do Sono, é importante lembrar de cuidar da saúde do sono, especialmente para mulheres que estão atravessando essa fase tão particular da vida.
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