Em pregação, pastora promove racismo e LGBTfobia em Friburgo

“É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+”, disse Karla Cordeiro. Polícia Civil abriu inquérito e religiosa divulga nota se retratando
terça-feira, 03 de agosto de 2021
por Thiago Lima (thiago@avozdaserra.com.br)
Em pregação, pastora promove racismo e LGBTfobia em Friburgo

Em um culto realizado no último sábado, 31 de julho, a pastora Karla Cordeiro, da Arena Jovem Nova Friburgo (um ministério de juventude da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra), está sendo acusada de promover racismo e LGBTfobia em sua pregação. 

O vídeo, compartilhado pelo ex-deputado estadual e colunista de A VOZ DA SERRA, Wanderson Nogueira, viralizou nesta segunda-feira, 2, com milhares de visualizações e comentários com críticas ao discurso da pastora. “Tenho certeza que esse não é o pensamento cristão. Machuca ouvir, dói saber que há esse tipo de pensamento criminoso sendo difundido em espaços sagrados de acolhimento”, relatou Wanderson. 

Karla Cordeiro destacou em sua pregação na igreja que "é um absurdo pessoas cristãs levantarem bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha. Desculpem falar, mas chega de mentiras. Eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová Nissi. É Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira”, enfatizou a pastora.

A Polícia Civil de Nova Friburgo abriu inquérito após analisar o discurso de Karla. O delegado titular da 151ª DP, Henrique Pessoa, disse que há um "teor claramente racista e homofóbico, o que configura transgressão típica na forma do artigo 20 da lei 7716/87". "De tal modo que a pena para esse tipo de caso é de três a cinco anos de reclusão com circunstâncias qualificadoras por ter sido feita em mídias sociais e através da imprensa. De tal modo que já foi instaurado inquérito policial pelo crime de intolerância racial e homofóbica, de acordo com a recente previsão do STF", disse o delegado.

A vereadora Maiara Felício (PT) também se pronunciou sobre o episódio em sua conta no Instagram. "Trata-se de um vídeo extremamente intolerante em Nova Friburgo. Queremos juntar o maior número de advogados LGBTQIA+, negros e mulheres da cidade. Pretendemos fazer um movimento gigante para mostrar que em Nova Friburgo a intolerância não vai vingar", disse Maiara. 

O Coletivo Negro de Nova Friburgo também divulgou uma nota. "Nós do Coletivo Negro Lélia Gonzalez NF denunciamos, condenamos e repudiamos qualquer forma de discriminação contra a classe trabalhadora e realizada pela mesma reproduzindo a lógica da classe dominante que é racista, facista, lgbtfobica, eugenista, branca, heteronormativa, patrimonialista, patriarcal, branca, lascivos e cristãos. Não podemos dizer que todes cristãs (linguagem neutra) têm comportamento e postura, como esta pessoa, porém não podemos ignorar que ela está expressando a hegemonia dominante. Não devemos naturalizar tais posturas, declarações sem que os órgãos tomem devidas medidas, embora estes órgãos expressam interesses da classe dominante. Quando ela faz este ataque, e a todes que defendem o direito da classe trabalhadora que são majoritariamente negras, quando ela de forma superior, concorda com a morte da juventude negra, desaparecimento de nossas crianças, e naturaliza feminicídio incidentes nas mulheres negras trans e cia, ela naturaliza o primeiro lugar de morte de mulheres trans e travestis e nosso encarceramento em massa nas senzalas modernas. Racistas, genocidas, eugenista, Lgbtfóbicos exploradores não passarão! Por uma sociedade onde a diversidade não seja instrumento de dominação e exploração", disse. 

Nota de retratação da Karla Cordeiro

“Eu sou a Karla Cordeiro e venho, através desta nota, pedir desculpas pelos termos que usei em minha palestra proferida no último sábado. Eu, na verdade, fui infeliz nas palavras escolhidas e quero afirmar que não possuo nenhum tipo de preconceito contra pessoas de outras raças, inclusive meu próprio pastor é negro, e nem contra pessoas com orientações sexuais diferentes da minha, pois sou próxima de várias pessoas que fazem parte do movimento LGBTQIA+. A minha intenção era de afirmar a necessidade de focarmos em Jesus Cristo e reproduzirmos seus ensinamentos, amando os necessitados e os carentes, principalmente, as pessoas que estão sofrendo tanto na pandemia. Fui descuidada na forma como falei e estou aqui pedindo desculpas. Ressalto também que as palavras que utilizei não expressam as opiniões do meu pastor, nem da minha igreja. Atenciosamente, Karla Cordeiro.”

 

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