A Comissão de Profissionais de Educação Física de Nova Friburgo, representada pelo Conselho Regional de Educação Física (Cref 1) no município, divulgou um manifesto de repúdio contra o que considerou “discriminação” por parte do Governo do Estado do Rio e da Prefeitura de Nova Friburgo, ao não incluir a prática de atividades físicas em academias e centros esportivos como atividade essencial no plano gradual de retomada das atividades.
A presidente da Comissão de Profissionais de Educação Física de Nova Friburgo, Luciane Ferreira, afirmou que desde que as primeiras medidas de isolamento social foram impostas, vem tentando um diálogo com a prefeitura, mas até o momento não obteve sucesso. “Nos sentimos discriminados porque não fomos ouvidos para os critérios de flexibilização e tentamos ser ouvidos desde o início do afastamento social, inclusive encaminhado a Norma Técnica diretamente para o secretário municipal de Saúde e aos demais órgãos. Tentei, inclusive, agendar uma audiência com o prefeito, mas não obtive sucesso”, reclamou.
O Cref-1 ressaltou em seu manifesto que os professores de educação física são reconhecidos como profissionais de Saúde, pela resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS). O manifesto ainda informa que a prática regular de exercícios físicos está associada à melhora das funções imunológicas em seres humanos, otimizando as defesas do organismo diante de agentes infecciosos e que é uma importante ferramenta no tratamento e prevenção de impedindo a população de se beneficiar da atividade física para redução dos riscos e agravamento de doenças crônicas que afetam o sistema imunológico e cardiorrespiratório (Revista Brasileira de Medicina - julho de 2010).
De acordo com a Comissão, ao seguir os procedimentos destacados na nota técnica do Cref-1 o ambiente das academias se tornará muito seguro. A entidade informa que para possibilitar a adequação dos espaços e o retorno às atividades, antes de ser publicado o fechamento das academias pelo decreto estadual 46.980, em 19 de março, o Cref-1 já havia elaborado e divulgado a nota técnica orientando as empresas e os profissionais de Educação Física sobre os procedimentos de sanitização e proteção tanto para categoria, quanto para a sociedade, atuando de forma preventiva.
“Diante do exposto, manifestamos nosso entendimento quanto a necessidade de imediata revisão do referido Plano de Retomada, atribuindo a Educação Física o caráter de essencialidade garantido pelo decreto 10.344/2020 e pela capacidade e aptidão reconhecida pelo Ministério da Saúde para atuação dos profissionais de Educação Física no enfrentamento a Covid-19”, destaca o manifesto.
Academias já têm prejuízos em Nova Friburgo
Segundo Luciane Ferreira, há grande preocupação no setor, caso a medida que impede o funcionamento das academias permanecer em vigor. “Os empresários estão receosos de manter o negócio. Esse é o último mês da ajuda do Governo Federal. Daqui pra frente não haverá receita para cobrir as despesas”, disse ela lembrando que por conta da pandemia, não é possível mensurar o tamanho do prejuízo que os estabelecimentos tiveram desde o início das medidas restritivas. “Ainda não temos esses dados oficiais, mas já fomos informados de pelo menos três fechamentos e várias demissões. Esse quadro tende a aumentar muito”, lamentou Luciane.
Ela apela aos responsáveis pelo plano de retomada gradual das atividades que olhem com atenção para os quase mil profissionais do setor no município. “Só em Friburgo são cerca de 70 pessoas jurídicas registradas, cerca de 50 academias e mais de 800 profissionais de Educação Física trabalhando”, revelou.
A preocupação dos profissionais, segundo Luciane, é com relação às pessoas com comorbidades e que dependem das atividades físicas para manter a saúde em dia. “Como profissionais da Saúde, recebemos um feedback dos alunos que têm hipertensão, diabetes, sobre peso, problemas músculo-esqueléticos. Há relatos de depressão e descontrole por falta de exercício físicos, além da preocupação financeira, a saúde de nossos alunos está em perigo”, alertou.
O Cref-1 elaborou uma lista de exigências que os estabelecimentos, profissionais e alunos deverão cumprir para o funcionamento das atividades. São mais de 25 itens como o planejamento da entrada e número de clientes; respeitar o distanciamento de dois metros; proibir grupos de riscos, doentes crônicos e maiores de 60 anos de frequentarem os estabelecimentos; entrada e saída dos alunos sem toque em controles biométricos ou de catracas; uso obrigatório do álcool 70° ou outro produto comprovadamente eficaz, para higienização dos equipamentos; uso obrigatório de toalhas e garrafas individuais; bloqueio dos bebedouros coletivos, que se limitarão ao uso de garrafas individuais trazidas pelos clientes; autorização para aulas coletivas apenas em locais arejados, preservando a distância de segurança de dois metros e sendo obrigatório o uso de máscara, entre outros.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Nova Friburgo está tratando o assunto de retomada das atividades de uma forma geral e a categoria pela reportagem está inserida na avaliação, observando as orientações das autoridades de saúde e sanitárias, bem como as das demais classes e órgãos. Em oportuno, vale salientar que o plano de retomada gradual e segura das atividades está suspenso por ordem judicial em vigor.
Deixe o seu comentário