Drenagem do Centro de Friburgo mais próxima de sair do papel

Prefeito assina termo de cooperação técnica e estado deve agora lançar licitação para obra de R$ 15 milhões que promete acabar com alagamentos
quarta-feira, 17 de novembro de 2021
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
A Farinha Filho
A Farinha Filho "deságua" na Praça Getúlio Vargas em dia de chuva forte (Fotos de leitores)

O Governo do Estado do Rio deve licitar, em breve, duas obras importantes para Nova Friburgo, em parceria com a prefeitura da cidade. A primeira é a esperada drenagem da região central, com o objetivo de acabar com os alagamentos no Centro. A outra é a construção de um muro de contenção entre a Rua Benjamim Constant e a Avenida dos Ferroviários, no Lazareto, aguardada desde antes da tragédia climática de 2011.

Estimada em R$ 15 milhões, a drenagem do Centro contempla diversas ruas, sendo a principal delas a Rua Farinha Filho, que em dias de temporais fica completamente alagada, gerando transtornos a comerciantes, moradores, motoristas e pedestres. O projeto prevê a captação das águas pluviais desde os bairros mais altos, como Braunes e Suíço, evitando assim o acúmulo de águas nas vias centrais.

Já o muro de contenção no Lazareto, estimado em cerca de R$ 1,7 milhão, dará mais segurança aos moradores. Ambas as obras fazem parte de um termo de cooperação técnica assinado nesta terça-feira, 16, entre o prefeito Johnny Maycon e o secretário estadual das Cidades, Uruan Cintra. Johnny estava acompanhado do vice-prefeito Sérgio Abreu e do secretário municipal de Obras, Bernardo Verly. 

“Agradeço ao secretário estadual das Cidades, Uruan Cintra, ao subsecretário Bernardo Rossi e ao nosso governador Cláudio Castro, que têm demonstrado uma sensibilidade muito grande com todo o interior do estado e, em especial, com Nova Friburgo. Essa (a drenagem do Centro) é uma obra que vai solucionar um problema antigo da nossa cidade, que são os constantes alagamentos em dias de chuvas fortes, prejudicando a população e os comerciantes do centro da cidade”, disse Johnny Maycon.

Enchentes desde a fundação da vila

Como já descreveu A VOZ DA SERRA em várias reportagens, o alagamento do Centro é um problema antigo. Tão antigo que, como recordou A VOZ DA SERRA em dezembro de 2020, um cemitério que existia próximo à Rua Sete de Setembro chegou a ser removido para a parte mais alta da vila porque corpos eram arrastados pelas águas. (RELEMBRE AQUI, COM GALERIA DE FOTOS HISTÓRICAS).

Segundo historiadores, o cemitério ficava onde hoje é o prédio da Maçonaria. Foi removido para onde hoje se localiza o São João Batista. ogo que os primeiros imigrantes suíços se estabeleceram, enfrentaram, em janeiro de 1820, uma enchente que desestruturou o núcleo colonial. O Rio Bengalas não tinha o curso retilíneo que tem hoje, e a Praça Getúlio Vargas era entrecortada por inúmeros córregos. As enchentes provocavam extensas formações de pântanos, e acreditava-se que a água estagnada era responsável pelas doenças da época. Ainda assim, apesar de tantos danos materiais através dos séculos, a vila se desenvolveu no entorno do Bengalas, onde foi estabelecido o comércio, as melhores residências e as praças.

Os historiadores João Raimundo de Araújo e Agnes Weidlich  contam que houve enchentes lendárias nos anos de 1938, 1945, 1978, 1979, 1996 e 2007. Sem falar na mãe de todas as tragédias, em janeiro de 2011. 

A rua que vira um rio sempre que chove forte

Ainda nos dias de hoje, basta chover forte que a Rua Farinha Filho vira um rio e fica intransitável. Praticamente todas as lojas naquele ponto comercial tiveram que instalar comportas para estancar a água. Uma das lojas mais antigas da rua (está lá há 115 anos), a Camisaria Friburgo é uma das que mais sofrem. “Esse problema acontece desde que a loja existe. Já fizeram várias obras, e nada resolveu. O jeito é fechar as portas, limpar e ficar com o prejuízo em vendas, que representa uma perda de 15%”, disse o proprietário, Helio Cardoso, em uma reportagem em abril de 2019.

O problema estrutural é sentido por todos. A loja de Leine Ramos, a Focus, que fica no meio da via, tem 28 anos: “Já ficou até cansativo falar sobre esse assunto. Entra governo, sai governo e o problema permanece. Já nos acostumamos a arcar com o prejuízo, porque não tem mais para quem reclamar”, desabafou.

Localizada logo no início da rua, a Imagem Universal, por ter o piso mais alto, não tem muitos problemas com a entrada de água pela porta principal, mas a falta de vazão às vezes causa problemas internos, com retorno da água pelos ralos. “Estou aqui há 15 anos, o que ouço dos comerciantes mais antigos é que alagamento nesse cruzamento já acontece há anos. E piorou com o asfaltamento das Braunes, pois o volume de água de água que desce, aumentou. Eu percebo que enche rápido, mas também escoa rápido, então não são só bueiros entupidos. Aqui normalmente não entra água, com exceção das marolas provocadas pelos veículos”, contou a proprietária Teresa Namiki.

Além de tolerar a queda das vendas, investir em limpeza e ficar ilhado quando a chuva cai em horário comercial, o investimento em comportas já é parte do processo de qualquer lojista da Rua Farinha Filho: “A situação é crítica. Choveu muito, tem que colocar a comporta, que no meu caso, para uma pequena, foi necessário um investimento de R$ 400. Todos os lojistas daqui têm que ter”, contou Jean Cabral, da livraria Agnus Dei.

Os alagamentos na área central, incluindo a Avenida Comte Bittencourt, ocorrem mesmo sem o transbordamento do Rio Bengalas, devido à obstrução das galerias (foto acima, de Henrique Pinheiro).

 

 

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TAGS: Clima | Trânsito | obra | Governo