Esse Carnaval não vai ser como o que passou. Além da mudança de data, a Prefeitura de Nova Friburgo promete realizar toda a programação tradicional da folia entre os dias 13 e 16 de maio, depois de dois carnavais sem festa. O adiamento da programação foi anunciado pela prefeitura em janeiro, período em que o número de infectados pelo coronavirus voltou a subir. Mas, com o avanço da vacinação e a queda do número de infectados, a festa de Momo está confirmada para acontecer no final de semana que antecede o aniversário da cidade, 16 de maio.
Apesar dos detalhes da programação ainda não estarem fechados, a prefeitura informou que a festa começará na sexta-feira, 13 de maio, e acontecerá até a segunda-feira, 16 de maio. E contará com desfiles de blocos, bailes e matinês, concursos para escolha do Rei Momo, Rainha do Carnaval e de Fantasias, além dos desfiles das escolas de samba na sexta, 13, e sábado, 14
“Estamos muito otimistas com o carnaval em maio, teremos uma movimentação atípica para a data. Apesar de ser um feriado apenas em Nova Friburgo, esperamos uma taxa de ocupação hoteleira bem maior no final de semana, inclusive com uma maior visitação de pessoas de cidades vizinhas. A cada R$ 1 investido no carnaval, temos um retorno de R$ 4, economicamente para cidade é maravilhoso, além da oportunidade que os artistas terão para mostrar toda a vocação carnavalesca de Nova Friburgo”, acredita Renan Alves, secretário de Turismo e Marketing da cidade.
Retomada após dois anos
Os festejos não são esperados só por foliões, mas também por empresas e pessoas que trabalham no setor. O Carnaval não gera só emprego e renda para pessoas diretamente ligadas às escolas de samba, mas movimenta toda uma cadeia produtiva, como quem trabalha com eventos, vendas de artigos de festas e acessórios. E eles estão otimistas com a retomada da folia, depois de enfrentarem dois anos parados, devido à pandemia e à proibição de festas e aglomerações.
Foi preciso se reinventar
Para Heitor Mora, representante dos músicos na Associação de Profissionais de Eventos de Nova Friburgo (APENF) e vocalista do grupo Bigode Serrano, essa retomada é um alívio para quem trabalha no setor de eventos. “Fomos os primeiros a parar e os últimos a retomar e, nesse período, não tivemos como nos reinventar. A classe ficou toda sem fazer shows, mas não é só isso. Foram milhares de trabalhadores do setor de eventos que deixaram de ganhar seu sustento. Só aqui em Nova Friburgo, são cerca de 2.500 trabalhadores, que ficaram sem receber sua principal e única fonte de renda”, explicou ele.
O presidente da Associação de Comerciantes Autônomos de Festa Populares e Afins de Nova Friburgo (Acanfespa), que representa 20 associados, e tem uma barraca de crepes, pastéis e batatas fritas, Wanderson Tubias da Silva, disse que muitos optaram por deixar o setor. “ Eu tive que trabalhar com delivery dos alimentos que já faço e como motoboy nesse período. Mas tenho companheiros que não conseguiram se sustentar com isso. Alguns precisaram vender os maquinários que usavam nas barracas, porque ficaram dois anos parados. Outros optaram por trabalhar em emprego fixo. Agora, com o retorno, teremos que começar do zero novamente, mas com esperança de que não volte a parar”, disse ele.
Outra empreendedora que teve que se reinventar foi Geraldine Marqui (acima), que faz fantasias infantis. “ Além do Carnaval, faço as fantasias para festas de aniversários e apresentações de escolas e de dança. Tudo ficou parado. Passei a investir em roupas de meninas e biquinis. Mas, não obtive os mesmos resultados que tenho com as fantasias”, revelou ela.
Para comerciantes, que também já estão acostumados com as vendas da época do Carnaval, a suspensão dos festejos trouxe prejuízos. Nathália Haddad Vigorito de Carvalho, da Natspel, que vende fantasias e acessórios para festas, conta que a solução foi o corte de custos. “Nesse período da pandemia, foi muito difícil porque as vendas de Carnaval sempre ajudaram a bancar os outros meses que não são tão bons assim, como janeiro. Para continuar funcionando, procuramos diminuir os custos, diminuir compras”, disse ela.
Carnaval gera trabalho e renda
Antes da pandemia, passar noites sem dormir durante o período que antecede o Carnaval para dar conta das encomendas. Essa era a rotina de Geraldine Marqui, que trabalha com confecções fantasias, que via seus pedidos dobrarem na semana da festa. “Como todo brasileiro, muitas mães deixavam as encomendas para última hora. E eu não podia negar”, disse ela.
A comerciante Nathália Haddad Vigorito de Carvalho via suas vendas aumentarem em 30% no período carnavalesco. “Sempre tínhamos que contratar dois funcionários extras para trabalhar na semana do Carnaval, exclusivamente para ajudar no setor de fantasias e acessórios”, revela ela.
E quem trabalha fazendo a festa, os dias e noites de folia são sem descanso. Mas compensadores. Wanderson Tubias da Silva (abaixo), que trabalha com a barraca de crepes, pastéis e batatas disse que o Carnaval é o melhor período para o setor. “ Se o 13º dos brasileiros chega em dezembro. O nosso é feito durante o Carnaval. São cinco dias ininterruptos de trabalho, mas com bons ganhos para gente e pra quem contratamos”, explicou ele.
Assim como os músicos e toda equipe que trabalha com shows. “ No último Carnaval com evento, fizemos dez shows entre sexta e terça-feira, em sete cidades diferentes. Cochilávamos na van, nas viagens. Mas, além da banda ganhar, a promoção dos shows também gera trabalho e renda para quem monta palco, segurança, som, iluminação e toda a estrutura da festa”, esclareceu Heitor Mora, do Bigode Serrano.
Preparação e expectativa para a folia fora de época
Para quem trabalha no setor, é hora de se preparar, com estoques e confecções dos produtos de Carnaval. Wanderson Tubias da Silva já está pintando as barraquinhas para a festa. “Para gente, o Carnaval sempre foi o pontapé inicial para o ano começar. E, esse ano, queremos fazer da retomada a melhor festa de todos os tempos. Já estou cotando as mercadorias que, infelizmente, tiveram muito aumento, mas, com esperança de que tudo vai dar certo. Meus companheiros de classe também já estão correndo atrás, pegando dinheiro emprestado, porque o investimento no Carnaval é alto. Mas na esperança do evento ser apenas o recomeço de uma nova história de sucesso”, espera ele.
Geraldine Marqui também já começou a preparar a coleção de fantasias para a festa do Carnaval 2022. “Já vou começar a fotografar e postar nas redes sociais. Acho que muitas pessoas, já acostumadas com a festa durante o período de Carnaval não estão se lembrando de que os festejos passaram para maio. E além dos blocos e matinês nas ruas, muitas escolas também adiaram os tradicionais bailinhos, que sempre fazem na sexta-feira de Carnaval para o dia 13 de maio”, disse ela.
Antes do adiamento dos festejos, a comerciante Nathália Haddad Vigorito de Carvalho, já havia comprado grande parte dos artigos de Carnaval, em dezembro do ano passado. “Estamos com muitas novidades. Mas tendo a confirmação dos blocos, dos bailes e matinês, que são nosso público-alvo, teremos que reforçar o estoque”, disse ela, otimista.
A última festa de Carnaval antes da pandemia
Considerado o segundo melhor do Estado do Rio, perdendo apenas para a capital, o chamado “Carnaval da Família” de Nova Friburgo superou as expectativas em 2020. De acordo com nota da prefeitura na época, nos quatro dias da festa de Momo a cidade recebeu cerca de 160 mil foliões, entre friburguenses e turistas - movimento que gerou um ganho aproximado de R$ 8 milhões à economia local.
Segundo informações da prefeitura, cerca de 50 mil turistas estiveram em Nova Friburgo durante o carnaval, incluindo os distritos de São Pedro da Serra e Lumiar, que também contaram com programação oficial. No entanto, como já é tradição, o ápice da folia foi mesmo na sexta-feira, quando mais de 40 mil pessoas foram às ruas, lotando o centro da cidade.
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