Todos os anos, com a chegada do Outono, é comum a proliferação de vírus e a procura por tratamentos das viroses típicas da estação. E, Nova Friburgo, com um clima mais frio e seco nessa época, é propício para quadros de viroses, como explica a infectologista Danyelle Cristina Souza (foto abaixo). “Nas estações mais frias e secas existe uma menor dispersão de poluentes que pioram a qualidade do ar, agridem as mucosas respiratórias, favorecendo as infecções virais e bacterianas e as alergias respiratórias. Além disso, com o frio e a chuva as pessoas tendem a se aglomerar e ficar em ambientes fechados, favorecendo a transmissão de vírus pelo ar contaminado. Isso sem considerar a sazonalidade inerente da cada vírus em que durante este período tendem a aumentar naturalmente”, esclarece a médica.
Mas, neste ano, mais um fator pode contribuir com o aumento do número de casos das doenças típicas da época. Depois de dois anos de confinamento e do uso de máscaras, por conta da pandemia da Covid-19, a flexibilização acontecendo justamente nessa época, deixa o setor da saúde em alerta. De acordo com a infectologista Danyelle Cristina Souza, as crianças são as mais vulneráveis. “Elas ficaram muito tempo sem contato com outras crianças, e desta forma, não desenvolveram nenhuma imunidade para estes vírus. Com a alta circulação viral e maior número de pessoas suscetíveis ocorre este aumento de casos”, explica ela.
E esse aumento já é visível nas emergências, nos consultórios médicos e nas internações pediátricas. De acordo com a Prefeitura de Nova Friburgo, na última quarta-feira, 13, havia quatro crianças internadas com bronquiolite no Hospital Municipal Raul Sertã. Médicos relatam que 80% dos atendimentos às crianças nas emergências públicas e particulares nos últimos dias se devem às viroses respiratórias.
Mas, de acordo com a infectologista, não é só a circulação do vírus sincicial respiratório, que causa a bronquiolite em crianças até dois anos, que preocupa “Dentre as principais viroses respiratórias causadoras de gripe e resfriado temos o Influenza, que é um vírus sincicial respiratório, o rinovirus, dentre vários outros, não esquecendo do Sars-COV2, o coronavírus. É importante neste momento em que ainda não saímos da pandemia da Covid-19 realizarmos a testagem para diagnóstico diferencial e assim estabelecer a medidas de controle necessárias”, esclarece a médica.
E toda a população deve ficar atenta e se prevenir. “Principalmente pacientes com comorbidades, imunossuprimidos, idosos e crianças menores de 2 anos, que podem ter formas graves como síndrome respiratória aguda grave e bronquiolite podendo levar a alta morbidade e mortalidade”, enumera a infectologista.
Sintomas das viroses
Os sintomas das viroses respiratórias são muito variados: febre, coriza, congestão nasal, tosse, mialgias, dor de garganta e manifestações gastrointestinais. De acordo com Danyelle Cristina de Souza, como são sintomas parecidos com os da Covid-19, deve-se fazer a testagem. “No caso de início dos sintomas se faz necessária a avaliação médica, testagem de Covid a partir do terceiro dia e manter a boa hidratação oral. Pacientes de risco com quadros de Influenza podem necessitar de tratamento antiviral receitado por especialista e devem ser acompanhados por médicos durante o curso da doença”, explica a infectologista.
Prevenção
Uma lição que muitos aprenderam com a Covid-19 é a prevenção à doença. E os mesmos cuidados devem ser mantidos para evitar as viroses. “A prevenção das viroses respiratórias se faz através da higienização frequente das mãos, limpeza frequente de brinquedos nas creches e educação infantil, manutenção de ambientes bem ventilados, uso de máscaras em pacientes sintomáticos e por pacientes de grupo de risco e vacinação. Crianças sintomáticas não podem ir a escola”, esclareceu Danyelle.
Importância da vacinação
Através da vacinação, o Brasil conseguiu erradicar várias doenças. E a importância da vacinação foi muito debatida nos últimos dois anos, com a pandemia da Covid-19. As chamadas vacinas de rotina não podem ser esquecidas, mas muitas pessoas estão deixando de se imunizar. “O último levantamento realizado pelo PNI mostra que as taxas de cobertura vacinal estão baixas em nível nacional. O sarampo que já foi erradicado no Brasil vem aparecendo em surtos e existe um risco de retornar. São Paulo já investiga 25 casos, já com um caso confirmado em bebê de um ano não vacinado. É, portanto, fundamental que a população atualize o seu cartão de vacina para retornarmos a meta nacional de 95% de cobertura vacinal”, alerta Danyelle.
De acordo com a Prefeitura de Nova Friburgo, em 2021 foi notada uma baixa procura pela vacinação de rotina nas crianças, que se deve ao fato de não se expor para não contrair a Covid-19. Em nota, a prefeitura informou que “a Secretaria Municipal de Saúde orienta que os pais e responsáveis levem seus filhos para preencher a caderneta vacinal, já que o imunizante é o meio mais eficaz e seguro para um crescimento saudável”, informa a nota.
Campanha de vacinação contra gripe
No último dia 4, o Ministério da Saúde iniciou a campanha de vacinação contra a Influenza, dividida em duas etapas. Os primeiros a serem vacinados estão sendo os idosos acima de 60 anos e trabalhadores de saúde. Em Nova Friburgo, a prefeitura priorizou os idosos de acima de 70 anos devido a quantidade de doses recebidas do Governo do Estado do Rio.
Na próxima semana, a campanha vai contemplar os idosos a partir de 65 anos e profissionais de saúde. As doses serão aplicadas desta segunda-feira, 18, a quarta-feira, 20, nos postos de saúde Waldir Costa, no distrito de Conselheiro Paulino; Tunney Kassuga, no bairro Olaria, e José Copertino Nogueira, em São Geraldo, e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que funciona na Fábrica Filó, na Vila Amélia, Já nas unidades do programa Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Cordoeira, Mury, Stucky, Vargem Alta, Lumiar, São Pedro da Serra, Campo do Coelho, Centenário, Conquista, São Lourenço, Olaria I, Olaria II, Olaria III, Riograndina, Varginha, Nova Suíça e Amparo, a vacinação ocorrerá contra a gripe ocorrerá somente na terça-feira, 19, das 9h às 13h. Não é necessário intervalo entre doses da covid-19 e da influenza. É necessário ter em mãos a carteira de identidade, CPF, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e a caderneta de vacinação.
Etapas da campanha
Segundo a prefeitura, a primeira etapa da vacinação contra a gripe vai até 2 de maio. Na primeira semana da campanha, o número de vacinados correspondeu às expectativas da Secretaria de Saúde. Entre os últimos dias 4 e 8 foram vacinados 1.237 idosos acima de 80 anos e 1.172 profissionais de saúde receberam o imunizante contra a gripe. Em Nova Friburgo a campanha está divida por faixas etárias para evitar filas e aglomerações.
Já a segunda etapa será realizada entre 2 de maio e 3 de junho, atendendo a crianças com idade entre 6 meses e menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias). Gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias após o parto), povos indígenas, professores da rede de ensino pública e privada, pessoas com comorbidades e outros públicos também devem se vacinar na segunda etapa.
De acordo com o Ministério da Saúde, no caso das crianças de 6 meses a menores de 5 anos que já receberam ao menos uma dose da vacina Influenza ao longo da vida em anos anteriores, deve se considerar o esquema vacinal com apenas uma dose em 2022. Já para as crianças que serão vacinadas pela primeira vez, a orientação é agendar a segunda dose da vacina contra gripe para 30 dias após a primeira dose.
À medida que vencemos a Covid-19, com a diminuição dos números da doença em todo o Brasil, cresce a flexibilização das restrições trazidas pela pandemia, o que aumenta a circulação de outros vírus respiratórios, como a Influenza.
Com a possiblidade de circulação dos dois vírus, Influenza e Covid-19, é hora de ter atenção redobrada com as pessoas mais vulneráveis a essas doenças. A vacina vai reduzir a carga da doença, prevenindo hospitalizações, mortes e consultas ambulatoriais, além de reduzir sobrecarga sobre os serviços de saúde.
Campanha de vacinação contra sarampo
Também foi iniciada no último dia 4, a campanha de vacinação contra o sarampo, que é destinada a dois grupos. O primeiro, de trabalhadores de saúde, que podem no mesmo dia, receber uma dose de vacina contra a Influenza e, também, atualizar a caderneta caso não tenham tomado o imunizante contra o sarampo. A vacinação acontece nos postos de saúde que possuem salas de vacinação.
O segundo grupo é de crianças de 6 meses a menores de 5 anos, que poderão ser vacinados entre o próximo dia 30 e 3 de junho. De acordo com o Ministério da Saúde, o público infantil, composto pelas crianças com idade entre 6 meses e menores de 5 anos de idade, deve tomar uma dose dos dois imunizantes. Não há necessidade de cumprir intervalo para a aplicação das vacinas contra o Sarampo e Influenza. Dessa forma, as duas vacinas poderão ser administradas no mesmo dia.
Em 2018 foram confirmados 10.346 casos da doença. No ano seguinte, após um ano de franca circulação do vírus, o Brasil perdeu a certificação de “país livre do vírus do sarampo”, dando início a novos surtos, com a confirmação de 20.901 casos da doença.
A vacinação contra o sarampo permitirá interromper a circulação do vírus no país, minimizando a carga da doença e protegendo a população, em especial as crianças, que são mais vulneráveis, e os trabalhadores da saúde, considerando o risco de adoecimento e maior exposição ao vírus.
(Fonte: Ministério da Saúde)
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