Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Cristo vive! Francisco vive!

A Voz da Diocese
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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.
Um homem da estatura do Papa do amor aos pobres, da brandura e perfume do servo humilde como o Cristo, não morre. Não se esfumaça no rasteiro ritmo da mundanidade passageira. Sua presença marcante e autêntica é um timbre luminoso para além da morte. Seu sorriso é um portal permanente para uma Igreja ressuscitada na sua origem fundacional: o abraço misericordioso de Jesus, acolhendo a todos com o carinho dialogal, com o olhar paternal, o acompanhamento fraterno e a integração e reintegração amorosa de todos os descartados, marginalizados, injustiçados e desfigurados pela destruição de sua dignidade. Francisco vive!
Mergulhado na Páscoa do próprio Redentor, doou-se até o fim, entregando as últimas energias que lhe restavam, consciente da importância de sua presença como Pastor maior, na coerência com tudo que sempre ensinou e viveu: a proximidade. O calor do encontro pessoal, expressão do Deus feito homem para estar perto de nós, ouvindo-nos, compreendendo-nos, iluminando-nos, doando-se até a morte, na cruz do último gesto quase sem fôlego, fazendo do fim o novo começo pascal - a mensagem inequívoca do amor fecundo. O amor mais forte do que a morte.
Num luto silencioso e respeitoso de sua partida, de sua Páscoa definitiva, mergulhada na Páscoa do Cristo Ressuscitado, na segunda da oitava da Ressurreição do Senhor, Francisco revive em sua Igreja exuberante em comunhão, organização e espiritualidade missionária a prover o seu funeral e sepultamento, a planejar sua despedida dentre nós, mas também a continuidade do seu legado solidário e amoroso, nas congregações gerais dos cardeais, partilhando e discernindo a identidade do novo Papa diante das exigências do nosso tempo e os desafios do mundo atual, para uma missão pastoral mais eficaz e frutuosa.
Num testemunho de oração, unidade, fé e dedicação em todos os momentos, a Igreja na sua beleza de tradição simbólica litúrgica, espiritual e pastoral, atraiu o mundo inteiro para o seu coração, a Cátedra garantidora de sua perpetuidade forte e fiel, na graça do Cristo que disse ao apóstolo Pedro: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus. O que ligares na terra será ligado nos céus. O que desligares na terra, será desligado nos céus." (Mateus 16,18s). O sucessor de Pedro, eleito por seus irmãos cardeais que, iluminados pelo Espírito Santo, escolhem para o imenso rebanho o Vigário de Cristo.
A tradição e o progresso aliados, como deve ser, no equilíbrio de uma rica realidade, o simbólico comunional existencial, histórico. A tradição sem progresso é uma bitolação que se autoestrangula na autorreferencialidade, fadada ao isolamento, à estagnação e à incomunicabilidade. Está no bojo da tradição a sua permanência e transmissão no progresso comunicativo, mantendo a essência de sua mensagem, a substância do significado, inculturando os meios e linguagens. O progresso sem a tradição também é um processo sem rosto, inautêntico, o sofisma de um filho sem pai, que nega suas raízes, inexiste simplesmente. Cai num relativismo sem nexo nem horizontes, desfigurador da identidade, fadado ao niilismo, ao vazio de sentido.
Assim, a multidão de milhares em torno da Praça da Basílica de São Pedro, voltados atentos para um símbolo tradicional, uma chaminé montada no teto da Capela Sistina, onde acontece o conclave, multiplicada em milhões, certamente bilhões, pela mais progressista e avançada tecnologia dos satélites, internet, computadores, televisores, celulares de todo o mundo, não para ver a fumaça preta ou branca, mas o que ela significa: aguardar e esperar juntos , numa expressão coletiva de fé cristã, religiosa ou pelo menos de um sentimento de união e boa vontade na busca pela paz, pela justiça, pela fraternidade universal, um Bom Pastor, um líder, um homem que congregue as nações nesta construção de pontes, de diálogo, de encontros verdadeiramente humanos, na preservação da Casa comum, na defesa da vida e da dignidade humana, na superação das guerras e dos conflitos, das injustiças e miséria, na prática do amor fraterno e da solidariedade entre os povos, no exercício do perdão, do acolhimento e da aproximação de todos do amor libertador e salvador de Deus.
Tudo o que Francisco expressou, pregou, escreveu e realizou, vivendo, até o último suspiro, a simplicidade e humildade de Cristo, um imenso amor ao próximo, aberto a todos, como o coração misericordioso de Jesus, num abraço universal, sem condenar, nem excluir, dialogando com todos, das ciências e culturas, das realidades políticas, sociais e econômicas, das outras denominações cristãs e religiões, com todas as pessoas mesmo sem definição de fé, em todos os cantos do mundo, abrindo caminhos e possibilidades pastorais, com evangelização abrangente de uma Igreja em saída e indissociável por essência da promoção humana e da caridade social.
E a fumaça branca saiu, no segundo dia de votações no conclave. A alegria coletiva no calor da espera comum, repleta de oração, emoção, gratidão a Deus, preocupação com os rumos da Igreja, acalentada pela confiança e certeza de que é o Senhor que conduz e dirige a Sua Messe. E a resposta veio dos céus, a par de todas as listas, apostas e avaliações das racionalizações humanas, às quais a Sabedoria eterna não se aprisiona, nem poderia. HABEMUS PAPAM! O anúncio de um grande gáudio pelo Cardeal Protodiácono da sacada da Basílica. O Cardeal Robert Francis Prevost , denominado agora Leão XIV, o novo Pastor e Guia de toda a Igreja para a glória de Deus e salvação e paz entre os homens. Tem no seu lema a unidade de todos em Cristo.
Relembra Leão XIII, o grande impulsionador da Doutrina Social da Igreja, com a encíclica Rerum Novarum (1891) que defendia e estruturava os direitos dos trabalhadores, operários das fábricas, contra a exploração do capitalismo industrial selvagem e desumano (liberalismo), rejeitando também o comunismo (coletivismo) que queria igualar todos por baixo, pela miséria, suprimindo direitos e que se apresentava como solução. Com isto acena, com certeza, dizendo para a polarização atual, não muito diferente, entre capitalismo egoísta explorador e comunismo reducionista e cerceador, que a Igreja não abençoa e nem segue nenhuma das duas ideologias desfiguradoras da dignidade humana. Mas tem a sua própria Doutrina e Magistério social, fundamentados na Sagrada Escritura e Sagrada Tradição, no Direito e na Justiça natural e social, à luz do Evangelho de Cristo, que promove a pessoa na sua liberdade, responsabilidade, consciência e protagonismo de sua própria vida, na busca do bem comum, na partilha justa dos bens da natureza e da renda, numa construção comum de uma sociedade de paz e desenvolvimento do homem todo e de todos os homens e povos, rumo à salvação eterna. Nisto, com toda a certeza, vai concentrar os esforços na unidade da Igreja, iluminado e fortalecido pela graça de Deus. No essencial, unidade; no não essencial, liberdade e em tudo a caridade, conforme a inspiração do grande teólogo, Doutor da Graça, Santo Agostinho.
Ecoam em Leão XIV os gestos, o olhar acolhedores de Francisco, a simplicidade e ternura no silêncio, no sorriso e nos gestos de comunicação próxima e fraterna. O afeto e comoção de comunhão e sensibilidade. E a serenidade e firmeza de quem sabe para o que foi chamado, o que já pautava o Papa anterior, como também outros papas. Tudo expresso na sua primeira apresentação e palavra em frente á multidão da praça e do mundo e que já expusemos. Um norte americano de nascimento, mas de experiência latino americana na pastoral com os mais pobres como missionário, padre e bispo no Peru, com cidadania também peruana. Um religioso agostiniano que tem a maturidade de um Provincial, Pastor geral dos confrades , numa experiência universal.
Um cardeal, membro de diversos dicastérios da Cúria Romana, colaborador direto do Papa Francisco, ultimamente como Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, com um conhecimento e visão vastos dos trabalhos de serviço á Igreja mundial , no espírito de sinodalidade resgatado e implementado pelo Papa Francisco como método e estilo essencialmente eclesial.. Por tudo, glória a Deus, graças a Deus!
Cristo vive, ressuscitado em Sua Igreja! Pedro vive falando a todo o mundo a mensagem da salvação! Francisco vive!
Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo

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