Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Algumas notícias

Robério Canto
Escrevivendo
No estilo “caminhando contra o vento”, o professor Robério Canto vai “vivendo e Escrevivendo” causos cotidianos, com uma generosa pitada de bom humor. Membro da Academia Friburguense de Letras, imortal desde criancinha.
Uma senhora famosa vai se casar ─ pela sétima ou oitava vez, se não me engano. Isso no papel, sem contar as tentativas que não chegaram ao cartório. Marido ela tem encontrado com facilidade, difícil é a escolha do vestido de noiva. Nenhum dos modelos apresentados desta vez obteve a sua aprovação, e o estilista que a atende nessas circunstâncias não está conseguindo criar uma obra de arte à altura do acontecimento, posto que o tal acontecimento tem se repetido com demasiada frequência.
Creio que, não sendo possível trocar de estilista, a melhor solução seria trocar de marido. Com duas vantagens: enquanto o costureiro (sem querer ofender) estiver botando cabeça, agulhas e tesouras para funcionar, ela estará disponível para iniciar um novo romance e conquistar outro coração, com o qual poderá brilhar mais uma vez (mas não a última) vestida de branco, cor da pureza. Quanto ao noivo descartado... bem, ele que vá procurar um par de chinelo velho para seu pé cansado.
Uma empresa está criando modelos gêmeos para desfiles e campanhas publicitárias. Já explico: ao invés da mesma bela mulher exibir seus encantos em diferentes lugares, ou posar para várias fotos, ela será substituída por cópias suas, criadas pela inteligência artificial. Gisele Bündchen, por exemplo, embora tão linda, não possui o dom da ubiquidade, e só pode estar em um lugar de cada vez. Mais prático seria ter muitas Giseles Bündchens, presentes no mesmo instante no Rio de Janeiro, Nova York, Hanói e Copenhage e onde mais se queira vê-la, aplaudi-la e comprar o que ela anuncia e valoriza. Às vezes nem precisamos do que compramos, mas resistir à beleza feminina, ainda que clonada, quem há de?
Os modelos estão animados com a venda da imagem, o que os livrará de inúmeras viagens, de passarelas infindáveis, cansativas sessões de fotografia. Uma vez só e, quase sem sair de casa, continuarão encantando o mundo inteiro. Como nada é perfeito, fotógrafos e outros profissionais do ramo publicitário estão arrancando os cabelos de preocupação com a diminuição das oportunidades de trabalho. Que se há de fazer? Às vezes um perde e outro ganha, às vezes só um ganha e muitos perdem. Se assim é no mundo dos mortais, que dirá no mundo das estrelas. Que venham as múltiplas Giseles Bündchens!
Descoberta a identidade de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield. Talvez você nunca tenha ouvido falar nele, mas é o nome que consta de muitos documentos no Estado de São Paulo, onde esse senhor foi juiz por mais de 40 anos. Parece coisa de novela de espionagem, pois na realidade o Meritíssimo chama-se José Eduardo Franco dos Reis. Por quatro décadas, ele manteve diluída sua verdadeira identidade, julgando haver mais nobreza em ser inglês do que brasileiro, em ser filho de Richard Lancelot Canterbury Caterham Wickfield e Anna Marie Dubois Vincent Wickfield, como consta de seus documentos, do que de seu José e de dona Vitalina, seus verdadeiros pais.
No mundo paralelo de Edward Albert/José Eduardo, todos os seus antepassados viveram em palácios na Inglaterra, e não em casas modestas, na cidade paulista de Águas da Prata. Ou seja: é melhor ser londrino do que água-pratense. Com o pomposo nome britânico, estudou, fez concurso, tornou-se juiz, ocupou cargos no judiciário e se aposentou. No entanto, não teve a sorte de ser eternamente igual a Clark Kent, que consegue ser ao mesmo tempo o Super-Homem; ou a Bruce Wayne que, quando necessário, transforma-se em Batman. Edward foi tirar segunda via da carteira de identidade e aí, como dizem os brasileiros “deu ruim” (inglês jamais diria tamanha vulgaridade). Do alto de sua vitoriosa carreira de magistrado, o brasileiríssimo Zé Eduardo foi apanhado num vulgar exame de impressão digital. Assim é, se lhe parece, diria Shakespeare. E a Zé Eduardo parecia melhor ser concidadão do Rei Charles do que de Jeca Tatu. Enfim, noblesse oblige.

Robério Canto
Escrevivendo
No estilo “caminhando contra o vento”, o professor Robério Canto vai “vivendo e Escrevivendo” causos cotidianos, com uma generosa pitada de bom humor. Membro da Academia Friburguense de Letras, imortal desde criancinha.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário