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Desacelera
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
O conceito de "tempo" se transformou em uma moeda preciosa, e o relógio, um tirano implacável. As agendas lotadas, a busca incessante por produtividade e a constante sensação de estar correndo contra o tempo tornaram-se características quase onipresentes do nosso cotidiano. A ideia de desacelerar, por mais simples que pareça, passou a ser vista como um luxo – ou, em muitos casos, uma utopia distante.
Sinto que estamos sendo mais exigidos do que nunca. A tecnologia nos conecta instantaneamente, mas também nos mantém em um estado constante de alerta. O telefone, que deveria ser uma ferramenta de comunicação, virou um dispositivo multifuncional que exige respostas rápidas, que nos lembra de compromissos, de e-mails não lidos e de notificações de todas as redes sociais. Nossa mente às vezes parece uma agenda lotada desorganizada tentando encontrar espaço e energia para a execução de tudo. Acontece com vocês?
O excesso de informações nos invade a cada minuto, enquanto tentamos, sem sucesso, acompanhar as expectativas que nos são impostas, seja no trabalho, nas relações sociais ou até mesmo nas redes digitais. Mas o que está por trás dessa correria? E como ela tem afetado nossa saúde mental e física? O impacto é profundo e vai muito além do cansaço físico que sentimos no final do dia.
A busca por resultados imediatos e a sensação de que sempre precisamos fazer mais têm gerado, para muitos, um ciclo de ansiedade e estresse. Quase não há espaço para a contemplação, para a pausa ou, pior ainda, para o descanso genuíno... a não ser que nos conscientizemos e priorizemos nosso precioso tempo para essas coisas que igualmente importam.
O efeito da pressa em nosso corpo e mente, podem ser nocivos. A sensação de estresse crônico, alimentado pela correria e pela sobrecarga de tarefas, podem ter efeitos devastadores. A pressão por cumprir prazos e alcançar metas também tem um reflexo direto nas relações pessoais. Quando estamos o tempo todo correndo de um compromisso para o outro, há pouco espaço para estar presente de fato para os outros. O "tempo de qualidade" que tanto se preza hoje em dia, na prática, vira um conceito abstrato, e o que deveria ser um momento de conexão se torna apenas mais um item a ser cumprido na lista.
Além disso, a correria contribui para o isolamento. Muitas vezes, o excesso de tarefas nos afasta de nossas redes de apoio, porque sentimos que não temos "tempo" para nos encontrar com amigos, fazer uma atividade social ou simplesmente relaxar. A tecnologia, que em teoria deveria aproximar as pessoas, pode se tornar um fator de distanciamento, à medida que nos tornamos mais focados na tela do que nos outros ao nosso redor.
A boa notícia é que é possível dar um passo atrás e reverter esse quadro. O primeiro passo é reconhecer que o tempo é, de fato, o nosso recurso precioso, e, por isso, precisamos aprender a geri-lo de maneira mais consciente e equilibrada. Em vez de se deixar levar pela pressão de ser constantemente produtivo, podemos adotar a prática que nos convida a desacelerar e a focar no que realmente importa: o agora.
É possível, inclusive, encontrar prazer na monotarefa e na simples experiência de estar presente – seja no trabalho, em uma refeição, em uma conversa ou mesmo em um momento de lazer. O tempo, quando administrado de maneira mais consciente, não se torna um inimigo, mas um aliado. Ao desacelerarmos, não apenas aumentamos nossa produtividade, mas também recuperamos a capacidade de viver de maneira plena.
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
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