Três manifestações do amor conjugal e por você mesmo

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Na semana passada apresentei uma palestra para um grande grupo de famílias. No intervalo, um senhor, casado há uns 60 anos, quando lhe foi perguntado sobre o segredo de sua vida conjugal longa e harmoniosa, ele respondeu que aprendeu que precisava cultivar três atitudes para com sua esposa: compreensão, perdão e esquecimento.

Realmente para um casamento funcionar é preciso compreensão. Compreensão da herança emocional do outro, de onde ele veio, como era a família de origem onde seu esposo, sua esposa cresceu. Havia comunicação? Eram pessoas mais fechadas? Expressavam afeto? Eram mais racionais? Gostavam de receber parentes e visitas em casa? Eram mais exclusivistas e viviam só entre eles mesmos?

Compreender o que aconteceu no desenvolvimento do outro em sua família de origem ajuda porque você vai ver que seu companheiro ou companheira vai ter a tendência de repetir em seu casamento o que viveu no passado. E você também, claro. E esta repetição pode ser de coisas boas e de coisas desagradáveis. Mas compreender já serve para evitar muita discussão improdutiva e atritos.

Outro fator é o perdão. Um conceito superficial sobre o que segura um casamento diz que sem sexo não tem solução para um casamento ser feliz. Isso não tem base científica nenhuma porque muitos casais muito ativos sexualmente brigam bastante e alguns se separam. Se sexo fosse o fator principal para segurar os casamentos, a maioria não se separava. O que ajuda a manter o relacionamento é mais perdão do que o sexo.

Perdoar o outro é uma forma de amar, mesmo na ausência de emoções românticas. Quem precisa de perdão não é quem merece, mas quem precisa. E quando você oferece perdão, entre outras coisas, você está dizendo que o melhor juiz é Deus e está dizendo que você tem compaixão para com as fraquezas do outro. Você também não precisa de perdão?

Finalmente, um ingrediente importante nos casamentos é esquecer a mágoa, a frustração, o ressentimento. Já pensou que a palavra “ressentir” significa “sentir novamente”? Não é ruim sentir frustração e mágoa outra vez por pensar no que machucou em vez de esquecer?

Ficar lembrando de erros do seu cônjuge e, pior, trazendo isso em conversas, quando o assunto já foi comentado e resolvido no passado, só piora o relacionamento. Esquecer tem que ver com perdoar. Quem perdoa esquece ou lembra? Os dois. Primeiro, lembra do que houve, sente o sentimento seja de raiva, tristeza, angústia e desabafa. Depois, se o perdão foi verdadeiro, você esquece, deixa de pensar no que causou a dor que foi levada em diálogo e a pessoa perdoada.

O perdão verdadeiro produz o esquecimento da ofensa que não mais é repetida pelo ofensor. Então, esqueça o que passou. Se você ainda sente que precisa falar algo mais com relação ao que o machucou, então, decida conversar com a pessoa com respeito, honestidade, com desejo de resolver definitivamente o assunto e fale. Depois, esqueça.

Relembrando, para consertar, preservar e tocar para a frente seu relacionamento conjugal, compreenda, perdoe e esqueça o passado. Olhe para a frente. Seja o melhor que você puder ser para ele, para ela. O amor não é o sentimento. Envolve o sentimento, mas é muito mais que isso. O sentimento flutua, e quando amamos uma pessoa não temos o mesmo sentimento agradável igualzinho o tempo todo. Mas o amor pode permanecer. Compreenda, perdoe e esqueça. Faça isso com você mesmo também, em relação à sua pessoa. Com isso pode surgir serenidade, no relacionamento e dentro de você.

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Cesar Vasconcellos de Souza – doutorcesar.com

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